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Machinarium deu as caras pela primeira vez na 11ª edição do Independent Game Festival, realizada durante a Game Developers Conference, em março deste ano. Quando eu vi o game, fiquei apaixonado na hora. Este é um game importante para o gênero Point and Click, que andou relativamente apagado nos últimos três anos. No IGF, o game faturou o prêmio de Excelência em Arte Visual. No mesmo mês, na Penny Arcade Expo (PAX), Machinarium entrou pra lista de jogos do PAX 10 (entre os mais de 150 jogos inscritos). Já dava para imaginar o que estava por vir.

O jogo foi produzido pela Amanita Design, estúdio da República Tcheca conhecida por seus trabalhos em Flash, entre eles os webgames Samorost 1 e 2 – dois games vencedores de vários prêmios da internet. É perceptível a influência do estilo do estúdio no trabalho visual de Machinarium. Cada cenário foi desenhado à mão, com rabiscos, muitos detalhes, e cores que dão um tom rústico. Os personagens seguem a mesma linha visual, sem destoar da arte dos cenários. É tudo tão bonito que parece uma obra de arte com vida própria.

O game se passa em uma cidade habitada por robôs. Você é um simpático robozinho-lixeira, que foi parar no ferro velho da cidade. A interação começa neste momento, sendo que o seu objetivo principal é resgatar a sua namorada e evitar que um trio de robôs bandidos, conhecidos como Black Cap Brotherhood, exploda o prédio da prefeitura. Uma história simples, mas atraente do começo ao fim. E o mais interessante: não há diálogos ou textos durante toda a aventura. Tudo acontece em forma de linguagem corporal, sinais, reações e bolhas de pensamento. Estas bolhas narram a história do jogo com animações feitas à mão. Se você deixar o robô parado, por exemplo, ele logo vai pensar nos momentos de alegria com a namorada.

Machinarium

Como padrão nos Point and Clicks, você deve clicar com o mouse para interagir. Porém, a movimentação do protagonista se limita a andar em pontos pré-determinados e interagir com os objetos selecionáveis de cada cenário. Uma fórmula simples de jogabilidade, mas que não chega a incomodar. O menu superior guarda os itens que você coletou e também permite combiná-los para resolver certos quebra-cabeças.

No geral, o jogo mistura quebra-cabeças de interação com minigames. Estes quebra-cabeças de interação funcionam na base da lógica e criatividade: o desafio é descobrir a lógica ou pensar em uma solução cabível. Não há idéias bestas ou “nonsense”, que possam frustrar o jogador. Os minigames, por sua vez, são mais complicados de resolver. Há até mesmo um Jogo da Velha com 5 peças, cujo oponente detém de uma Inteligência Artificial 90% eficaz. Eu devo ter perdido pra ele mais de 20 vezes, sem brincadeira.

Caso você travar no jogo, há uma opção de Hint (dica) no menu, que é uma espécie de minigame de nave: você controla uma chave que deve passar por obstáculos e atirar nos inimigos até chegar à fechadura. Ao fazer isso, você abre o livro e, através de ilustrações, entende como passar pelo quebra-cabeça. Uma ótima opção para evitar que você perca tufos de cabelo.

Machinarium

O único ponto negativo do game é que, pelo fato da interação ser pré-determinada, às vezes demora um pouco para realizar a ação. Ou pode acontecer de você executar uma ação indesejada, como arrastar uma caixa ao invés de subir nela. Fora isso, o jogo é simplesmente perfeito e viciante. A trilha sonora dá um toque especial à tudo, especialmente a música tocada pela banda de robôs ao lado do bar. Eu me peguei batucando na mesa, acompanhando o ritmo enquanto deixava o robô-lixeira dançando.

Machinarium é uma experiência inesquecível e gratificante. Seu estilo único e original é o suficiente para viciá-lo a ponto de não querer parar de jogar. A aventura dura menos de 5 horas, mas o preço (U$ 20) compensa o investimento. Sou grato por contribuir com este trabalho independente e desejo ver outros games da Amanita o quanto antes. Machinarium é, sem dúvida, o melhor Point and Click do ano.

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