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Parece que as referências aos anos 80 estão voltando com tudo. A cultura pop dessa década, de fato, é de uma riqueza imensa, além de ser uma grande fábrica de clássicos. Sobre cinema, quem nunca ouviu falar em Top Gun, Os Goonies, Os Caça-Fantasmas, ET? E quem não conhece as músicas de Madonna, Michael Jackson, Legião Urbana, Titãs? Quando se lembra dos jogos desta época então: Mario, Donkey Kong, Pac Man, Golden Axe e por aí vai.

Pra não deixar a nostalgia acabar, a Pixel Crow criou um jogo independente que vai te fazer voltar à essa época. Beat Cop é um jogo que traz a pegada dos programas policiais oitentistas, numa Nova York em que a corrupção ainda não tinha muitos limites. Você acompanha a trajetória decadente do ex-investigador Jack Kelly, acusado de homicídio, incriminado e, consequentemente, rebaixado a fazer patrulhas pela cidade.

Caos urbano

Sin City

Não estou falando daquela graphic-novel maravilhosa, não. As ruas de Nova York, nos anos 80, eram tomadas por mafiosos e gangues, e os policiais, por sua vez, tinham que saber andar de acordo com as regras locais, apesar de sempre olharem pela comunidade a qual faziam parte. Os oficiais em suas rondas selavam acordos com os estabelecimentos que cuidavam, fazendo dos favores sua moeda de troca mais valiosa. Portanto, Jack, ao fazer parte desse universo, precisa se encaixar e adaptar-se à sua nova realidade.

Entre uma multa e outra (coisa que você tem que dar direto), o protagonista segue tentando descobrir como foi incriminado. Sob essa base, sua trajetória nas ruas faz com que o jogador conheça vários personagens ao longo da trama, aumentando sua experiência.

O que não falta é chefe

Tá olhando o quê?

Nem só de canetada vive o homem. Jack vai ter que ralar muito para continuar em busca do seu objetivo. O jogo é total point-and-click e, ao escolher as opções que o farão ir à uma nova meta, você muda o final da história. Sim, Beat Cop não é linear e suas ações ditam como tudo acaba.

Ao longo das patrulhas o jogador irá se deparar com escolhas morais que o farão fazer acordo com as tais gangues ou com os mafiosos, que seguem à espreita analisando cada passo seu. Por isso, cuidado com a linha de diálogo que você irá traçar com ambos os lados,  pois essa ação é decisiva para passar para um novo objetivo.

Jack também tem que lidar com colegas de trabalho insuportáveis, ao passo que deve aturar seu chefe sadomasoquista que tem prazer em infernizá-lo. Fora o fato de sua mulher querer “limpar” sua carteira, tratando-o como lixo em casa. Fácil, só que não.

Conta pra pagar, trabalho pra fazer

Dinheiro na mão é vendaval

O título é sobre a vivência numa determinada situação. Nesse caso a de um policial que precisa pagar suas contas como qualquer outro, porém com o foco incomum de ter que conviver com gente estranha e descobrir a armação que fizeram sua vida virar o que virou.

Durante o gameplay você terá algemas, um relógio, arma em punho e um caderninho de anotações para saber quais missões você terá pela frente. Você pode usá-lo tanto para multar NPCs quanto para prendê-los. Mas saiba que alguns dos afazeres anotados por você são primordiais para que consiga receber seu salário.

É possível interagir com objetos dos cenários, entrar em estabelecimentos, mover itens, conversar com outros personagens (desde prostitutas a donos de bar) e parar pra comer, dependendo do tempo de uma missão à outra.

Por ser um jogo cheio de escolhas, é interessante dizer que situações ilegais ao longo da jornada de Jack irão pipocar em seu caminho. Propina, suborno, todos os meios possíveis de fazer aquela grana a mais mudam o andamento da história caso você penda para o lado negro da força e aceite-os.

Estilo Miami Vice

Retrozeira

Esse, sem dúvida, é o ponto que chama a atenção para Beat Cop. Desenvolvido em 2D, pixelado de um jeito suave sem aquelas cores chiadas, o jogo lembra muito um outro clássico point-and-click de PC: Full Throttle. É um game retrô e nostálgico numa proporção bem alta. E, por ser feito sob uma tecnologia melhor, jogá-lo numa resolução de 1080p sem estourar é uma dádiva dos ninjas.

Ao jogar Beat Cop a memória vai longe sobre os games do passado que tinham enredos decisivos, simples e divertidos. A série GTA tá aí que não me deixa mentir. Mas saiba que é preciso aquela paciência marota para deixar a história se desenvolver e, daí, sentir alguns poucos momentos de ação. Se você não curte jogos com muito diálogo, esse pode ficar pra jogar depois. Há linhas infindáveis de conversas, que podem se tornar massantes ao longo do gameplay.

A jogabilidade em si não tem nada de complexo: é só escolher o próximo passo clicando sobre este e #beijomeliga. E a trilha sonora é o que me pegou, confesso. Sempre assisti a filmes policiais, estilão Um Tira da Pesada ou Máquina Mortífera, e ambos têm músicas marcantes. A música “The Heat is On”, do Glenn Frey, é um bom exemplo pra você ouvir e sentir o clima do jogo.

Muitas opções para interagir no game

Tá com o inglês em dia?

Beat Cop é basicão de tudo, retrô, saudosista, bonito e tal, porém a Pixel Crow talvez não pensasse que seu jogo ia vingar tanto assim em outros países. Não consigo pensar numa desculpa melhor para o fato do jogo não ser localizado e deixar quem não manja inglês de fora desta experiência, pois no final das contas é o que acontece.

O game é todo em inglês e isso pode dificultar que algumas pessoas o conheçam, mesmo tendo gostado das impressões sobre o game. Triste, pois é um jogo que depende totalmente do entendimento dos diálogos para se desenrolar.

Parado aí!

Tiro certeiro?

Beat Cop ganhou minha atenção pelo clima de época, com toda uma atmosfera que os gamers veteranos vão se familiarizar rapidinho. Jogadores mais novos, que tendem a seguir a evolução dos games com gameplays mais modernos, podem estranhar e achar até chato, sinceramente. Mas, ao longo da história de Jack, você vicia por querer chegar em algum lugar, ao passo que você apenas brinca de ser um policial.

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