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Hoje em dia, quando ouvimos falar sobre um personagem considerado “edgy”, a primeira coisa que vem à mente de muitos que acompanharam o crescimento dessa cena é de que o personagem provavelmente é totalmente forçado, enjoativo e que o DevianArt estará repleto de versões do mesmo com roupas e cabelos diferentes com “Original Character Do Not Steal” escrito no título. No passado, recebemos grandes personagens assim nos videogames. Considerado um dos melhores Hack’n Slash da época, a série Devil May Cry angariou fãs por todo o globo, e logo me tornei fã de carteirinha de Dante e sua missão de chutar bundas demoníacas.

Em seus anos dourados, a Capcom conseguia criar personagens que funcionavam como verdadeiros imãs de fãs e dinheiro. Devil May Cry foi muito bem recebido pelo público, que amou o caçador de demônios preguiçoso e comilão de pizza. A continuação fez os fãs torcerem o nariz por ser extremamente mais fácil do que o primeiro título e a Capcom forçar a personagem Lucia goela abaixo na história, em uma tentativa de desculpa pelo fato de não podermos controlar a Trish no primeiro game. Porém, com o terceiro título da franquia, Dante voltou com toda a força e a arrogância que os fãs adoraram, em um jogo que contava com uma dificuldade extremamente desafiadora, um rival a altura e uma ótima história de origem. Só que isso foi anos atrás e a Capcom não aprendeu nada sobre respeito ao consumidor.

Imagem do jogo Devil May Cry HD Collection
Goodnight sweet prince…

Midnight is calling!

Quando as empresas lançam coleções em HD, ficamos sempre em uma corda bamba. Ou fica bom ou fica ruim, não tem meio termo. Principalmente quando se trata da Capcom, que adora tirar leite de pedra com suas franquias. A saga Devil May Cry conseguiu se manter consistente até o quarto título, mas mudou tudo com o reboot juvenil DmC: Devil May Cry. Eis que agora a Capcom pensou: “hora de trazer o Dante de volta pessoal, liguem o suporte vital”.

Devil May Cry HD Collection não passa de um remaster de um remaster, se é que isto é possível. Com o mesmo título e lançado no ano de 2012 para Xbox 360 e Playstation 3, Devil May Cry HD Collection trazia os três primeiros jogos da franquia remasterizados em HD, incluindo conquistas/troféus e uma galeria de imagens (com artworks, por exemplo) acessível pelo menu de escolha dos jogos… e só. Com a versão de Xbox One, Playstation 4 e PC temos… o mesmo? Exato, caro leitor! A Capcom conseguiu ser tão sem-vergonha que até a tela de menu é a mesma.

Seguindo os passos do recente Megaman Legacy Collection, Devil May Cry HD Collection chega para lucrar em cima da nostalgia dos jogadores, algo bastante comum com jogos famosos. Silent Hill HD Collection é outro exemplo que, de alguma forma, conseguiu deixar os jogos mais feios visualmente do que em suas versões originais de PlayStation 2. A questão visual de DMC, que era um dos pontos fortes e marcante da série, simplesmente recebeu um pequeno retoque e a capacidade de rodar em 60 FPS. E nada mais! O que é um grande desrespeito com os jogadores. Se você comparar o visual dos jogos originais com o remaster, mal conseguirá notar as melhorias. Não mexeram nem na trilha sonora.

Imagem do jogo Devil May Cry HD Collection
Não, isso não foi tirado da TV com o PS2 ligado. Isso é uma screen de DMC 2 no PS4.

Por que eu falo isso? Música é como água para mim, está na minha família e eu sempre gosto de reparar em como ela influência o universo dos games. Devil May Cry apresenta uma música eletrônica obscura, o que reflete perfeitamente a personalidade de Dante. Em Devil May Cry 2 temos uma trilha sonora ao estilo heavy metal, pesado e melódico, com um Dante mais maduro e com ar gótico/vampiresco. Já Devil May Cry 3 aposta numa trilha carregada de graves e batidas pesadas e “sujas”, que se completam perfeitamente com a imagem de um mundo negro e destruído e a atitude arrogante de um Dante mais molecão, sendo que na ordem cronológica esta é sua primeira aventura.

I’ll make the angels scream and the devil cry!

Ver uma série tão boa lançada às traças assim é algo muito triste de se ver. Um jogo que foi capaz de ter um dos melhores gameplays, ambiente e personagens, reduzido a um reboot que dividiu opiniões e um HD Collection que tende a se alimentar da memória carinhosa que os fãs tem da série. Uma coleção que não faz jus, pois não melhora ou inova na trilha sonora, gráficos ou gameplay em relação aos jogos originais.

Devil May Cry é uma série que eu indico para muito dos meus amigos que ainda possuem um Playstation 2 funcionando, mas não acho certo indicar Devil May Cry HD Collection para qualquer um que seja. É um insulto à série e aos jogadores, ainda mais pelo preço absurdo de R$ 150,00.

Imagem do jogo Devil May Cry HD Collection
Eu realmente acredito que deveria me preocupar sim.

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