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Se você está à procura de uma TV para jogos nova, veio ao lugar certo: neste artigo, vamos tirar todas as dúvidas sobre as tecnologias existentes, explicar o que de fato é o input lag (que muita gente confunde com tempo de resposta) e, ainda, indicar quais as melhores TVs disponíveis no mercado.

Antes de tudo, a sugestão é pegar uma TV 4K e com HDR. Não acredite em velhos mitos do passado como “4K tem input lag alto”, “o upscaling não é bom” ou “não existe muito conteúdo disponível”. Isso tudo ficou para trás e, mesmo que você não tenha um console compatível com 4K hoje, uma TV é um produto e caro e, quando você tiver um console compatível, o arrependimento de não ter um painel à altura vai pesar e a frustração vai ser grande.

Bom, basicamente existem três tipos de tecnologias de TV que você precisa saber: LCD com painel VA (retroiluminada por LED), LCD com painel IPS (também retroiluminada por LED) e OLED (o LED orgânico), que no Brasil só é vendida pela LG. Abaixo, vamos listar os tipos, vantagens e desvantagens de cada uma.

LCD com painel VA (Vertical Alignment)

São as oferecidas por Samsung e Sony. O contraste e o nível de preto são excelentes, mas a imagem perde cor se não for vista exatamente de frente – mais ou menos como o seu notebook faz, mas em menor escala. Em algumas o efeito é bem aceitável. A desvantagem é que o motion blur geralmente é mais alto que os das TVs IPS e OLED e, em algumas cenas muito rápidas, isso acaba gerando um leve “arrasto” na imagem.

LCD com painel IPS (in-pane switching)

São vendidas pela LG. A vantagem é que a imagem pode ser vista por praticamente qualquer ângulo sem perder as cores – o que é bom para quem quer um televisor grande para colocar na sala, por exemplo. Por outro lado, os níves de preto e contraste são piores que as da VA e do OLED, e assistir filmes em um ambiente com as luzes apagadas pode não ser a melhor experiência.

OLED (organic light-emitting diode)

No Brasil, apenas a LG oferece esse tipo de tela (abaixo). A vantagem é o contraste absolutamente absurdo, nível de preto que não se compara ao dos outros tipos de painel e, nos modelos mais recentes, brilho praticamente no mesmo nível das outras tecnologias. A desvantagem é o preço: no Brasil, o modelo B6P (de 2016) de 55 polegadas ainda pode ser encontrado entre R$ 7,5 mil e R$ 9 mil. O modelo novo, B7P, chega na casa dos R$ 10 mil.

Imagem do modelo de TV LG B7P de 55 polegadas

LG B7P de 55″

Agora que já conhecemos às principais tecnologias disponíveis no mercado, vamos ao outro assunto de grande importância para o jogador de console: o input lag. Sim, aquele atraso gerado pela TV na resposta dos comandos de um game, é um tema delicado mesmo – muita gente garante que não sente input lag, enquanto outros tantos jogadores afirmam que sentem até a menor fração de milésimo de segundo. O fato é que esse tema é cercado de desinformação e, principalmente, de dúvidas por parte dos jogadores e potenciais consumidores de novas televisões.

Antes de tudo, é preciso desmistificar algo: não, input lag e tempo de resposta não são a mesma coisa. O input lag é a combinação do display lag com o tempo de resposta. Resumidamente, display lag é o tempo que a sua TV ou monitor vai demorar até exibir na tela a imagem que o seu console está enviando a ela pelo cabo HDMI. Tempo de resposta é o tempo que um pixel da TV demora para fazer uma transição completa (quer dizer, trocar completamente de cor). Então, a soma do tempo que a TV demora para exibir o conteúdo que chega pelo HDMI com o tempo que a TV demora para fazer com que os pixels mudem de cor. O que acontece é que o sensor do equipamento utilizado para medir o input lag é muito sensível, então, em alguns casos, o número medido de input lag é menor do que o de tempo de resposta – é como se a TV começasse a reproduzir o conteúdo com rapidez, mas o movimento do tempo de resposta gera um motion blur que demora a ser reconhecido. Isso não afeta os resultados de input lag e, por isso, a maioria dos sites começou a divulgar os dois números (de input lag e tempo de resposta) separadamente.

Na prática, a dica que nós damos é: apenas se importe com isso se o input lag da TV (no modo Game, que geralmente precisa ser ativado) que você quer comprar estiver acima de 30 ms, e se o motion blur for acima de uns 20ms. A TV da Panasonic que ficou de fora deste artigo tem input lag mais alto que isso, assim com alguns modelos da Sony, que era campeã de input lag baixo até alguns anos atrás, mas mudanças de hardware fizeram ela ficar para trás. Na Samsung e LG, a situação é bem melhor para os modelos de OLED 2016 e 2017, com input lag variando entre 20ms (para a B7P da LG e para a KS7000 da Samsung) e 28ms (para a B6P da LG).

Por fim, o HDR (high dynamic range) é o que a indústria de TVs está tentando empurrar como sendo a maior revolução desde a própria TV. Basicamente, uma TV com HDR possui um espectro de cor muito mais alto que as TVs comuns, então um conteúdo compatível vai dar uma sensação maior de realismo, com sombras melhores e brilho muito mais intenso. Aliás, a questão do brilho é importante – existem TVs com HDR de verdade, que possuem o nível mínimo de brilho para conseguirem exibir uma imagem decente em HDR, e TVs que são apenas compatíveis com o sinal em HDR, e que fazem o possível para exibir uma imagem boa. No caso, todas as nossas sugestões são de TVs compatíveis e capazes de exibir um bom nível de HDR, com exceção da Samsung KU6000. Existem quatro padrões de HDR, incluindo os conhecidos Dolby Vision e HDR 10, mas, para jogar, ver Netflix e assistir Blu-Ray UHD, as TVs existentes hoje dão conta numa boa.

Imagem da TV em uma sala de estar

TV Gamer + Gato = Diversão garantida!

Na nossa percepção, não ter HDR não é uma grande desvantagem – o uso dele, por questões intrínsecas à própria tecnologia, faz com que a imagem em exibição fique um pouco mais escura que o convencional sem HDR, com as partes da cenas mais brilhantes (como fogo, por exemplo) se sobressaindo, e, em alguns casos, a diferença não é facilmente percebida. Como nem todos os filmes e jogos são feitos ou convertidos para HDR da mesma forma, acreditamos que no futuro veremos algo melhor.

Lembrando que é comum ler por aí os relatos de pessoas que viram conteúdo HDR em uma TV compatível, afirmando que existe uma diferença absurda entre SDR e HDR – não é bem o caso, e, para falar a verdade, o salto de uma TV comum para uma 4K boa e moderna é até maior do que para 4K para 4K com HDR, visto que uma TV bem calibrada, com painel bom, contraste bom e nível de brilho alto fazem toda a diferença. O HDR faz as imagens ficarem mais realistas, mas isso é mais perceptível em determinadas cenas de determinados conteúdos, principalmente as que incluem tons muito claros e muito escuros no mesmo quadro.

Então, vamos às sugestões:

TV com melhor imagem disparada: LG OLED B7P 55” (ou B6P)

Por R$ 7,5 mil a R$ 10 mil, e atualmente só vendida em lojas físicas. A LG não faz tanto alarde com relação a esses modelos, mesmo com comerciais na TV e tudo mais. A imagem é inacreditável, e o input lag de 28 ms no modelo no ano passado e 20 ms no desse ano não vão decepcionar a maioria dos jogadores.

TV vice-campeã de melhor imagem: Samsung KS7000/KS7500 (ou as novas Q7F)

Custa a partir de R$ 5 mil no modelo de 49” e por volta dos R$ 6.700 no de 55”, a imagem é espetacular e, entre as TVs atuais, só fica atrás das LG OLED. O ponto fraco é o acabamento, que traz problemas para alguns usuários. Imagens em HDR ficam incríveis, com alto nível de brilho, e o input lag é baixo, por volta dos 22 ms. A linha Q7F, que substitui a KS, já está chegando às lojas, mas as melhorias são poucas: o brilho é um pouco maior, mas o input lag e até o acabamento são bem parecidos, com o agravante do preço mais alto (R$ 10 mil sugeridos para o modelo de 55″). Portanto, se ainda encontra as KS nas lojas, elas são a melhor opção.

TV com melhor custo-benefício: Samsung KU6000 (ou a nova série MU)

Custando a partir de R$ 2,5 mil (no modelo de 40”), esta TV é considerada de entrada, mas a imagem é acima da média para o preço. Alguns torcem o nariz para o fato do painel ser 60hz (não se preocupe muito com isso, sério), mas o input lag é baixíssimo, por volta dos 19 ms. Níveis de preto e contraste até comparáveis às TVs mais caras da Samsung. Compatível com HDR.

Imagem da TV Samsung KU6000 de 40 polegadas

Samsung KU6000 de 40″

 

TV para ver em qualquer ângulo: LG UJ7500

A partir de R$ 3.500 no modelo de 49”, tem painel IPS, então os níveis de preto não são tão bons quanto dos concorrentes com painel VA, e o volume de cor e o suporte a HDR são bem aceitáveis. Input lag baixíssimo, medido a 11ms no modo game, e a possibilidade de assistir por praticamente qualquer ângulo são vantagens para quem vai usar a TV na sala, com mais pessoas assistindo o conteúdo ao mesmo tempo.

Configurando a sua TV

Comparada a TV, vamos à mais um tópico: como configurar as opções para obter a melhor imagem e o menor input lag. É bom lembrar que cada TV precisa ser configurada de um jeito, e mesmo assim, um mesmo modelo de TV pode se comportar de forma diferente de um outro aparelho do mesmo modelo, então não existe uma configuração ótima que possa ser utilizada, apenas sugestões que geralmente são postadas em fóruns e sites especializados. Mesmo assim, vamos oferecer o básico aqui.

Antes de tudo, acione o modo Game, que deve estar escondido em alguma opção no menu (é bom dar uma fuçada, pois cada modelo traz isso em algum lugar diferente). Não se assuste com a imagem agora, pois o modo game desabilita vários filtros inúteis para obter o menor atraso possível. Agora, desabilite todas as opções de “contraste dinâmico”, “ modo filme”, “auto motion plus”, “digital clean view” e “tom de preto” que encontrar, e mude a temperatura de cor para “morno” ou “quente 1”. Na opção de “nitidez”, tente encontrar um nível próximo de zero que não deixe a imagem borrada – em alguns TVs, o nível “0” na verdade é negativo, então se na sua TV essa opção vai de 0 a 100, o melhor é deixar entre 5 e 15. Nitidez é um recurso que é resquício da época das TVs de tubo, e só adiciona ruído em imagens que não têm ruído algum. Em níveis muito baixos, a TV começa a diminuir artificialmente os detalhes da imagem, por isso que o recomendado é deixar entre 5% e 15% apenas. Por fim, se você tem um Xbox One, pode rodar o utilitário de calibragem de TV dele, que fica lá nas opções de vídeo, para encontrar a melhor setagem de contraste e brilho, que são as opções que de fato vão fazer a sua TV parecer melhor do que realmente é. Acredite, uma TV bem calibrada vai fazer seus jogos e filmes parecerem muito melhores.