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Com a idéia de entregar um Metroidvania que pudesse alcançar destaque entre os lançamentos de 2017, Randall foi lançado, mas se perde entre erros de jogabilidade e divergências em sua própria proposta. O estúdio mexicano, We the Force, insistiu em erros já conhecidos pelos gamers e acabaram entregando uma experiência muito fraca para a nova geração, que a cada dia se torna mais exigente e difícil de ser agradada. Mais um lançamento que chega ao mercado mostrando-se mais desinteressante que a própria campanha de divulgação e trailers.

Um bom jogo apenas visualmente

O visual do jogo é o grande diferencial desse indie, com um estilo que pode até lembrar animações da DreamWorks, ele constrói um ambiente futurista distópico cheio de cor, vida e personalidade. Nook, a cidade sob comando opressor, ganha cores quentes que se misturam com o colorido dos neons e eletricidade, com muito cinza e tons escuros de ambientes decadentes.

Perdido no mundo, apenas com sua telecinese

Randall, o personagem principal, se destaca pelo estilo visual que pode confundi-lo com um anti-herói em uma jornada heróica desconhecida por nós, jogadores. Da mesma maneira, sombria e misteriosa, as armadilhas e obstáculos que atrapalham o seu caminho também ganham destaque pela cor e composição visual, afinal, uma simples serra mortal fica ainda mais perigosa quando ganha coloração avermelhada do neon.

Já os ambientes disponíveis a serem explorados podem não ter o level design mais impressionante, porém chamam atenção pela direção de arte e o background que compõem visualmente o espaço. Uma grata surpresa para imersão e responsável por situar onde estamos, diferenciando cada um dos seis “mundos”. Catacumbas, prisões e até mesmo a superfície, tem suas características próprias e de fácil reconhecimento, com composições distintas e que, mesmo mantendo o mesmo estilo de caminhos a serem percorridos, são customizadas por detalhes que denotam o cuidado que os desenvolvedores tiveram.

Cadê a história?

Não foi sem motivo que até agora só comentei as questões visuais do jogo, afinal a história de Randall, por mais potencial que tenha ao explorar um futuro distópico digno de grandes ficções científicas, é muito confusa e pouco trabalhada. Desenvolvida por breves cenas e muito por diálogos entre personagens, que se perdem entre piadas, pensamentos e fatos, a narrativa fica apenas na luta entre o bem e o mal.

Assim como a história, os chefões não são bem explorados

Neste mundo pessoas vivem sob vigilância permanente e com monitoramento sendo gravado, transformando a liberdade em um sonho. Acordando em uma prisão, Randall precisará explorar os vários cantos de Nook em busca de novas habilidades para sua capacidade telecinética. Lutando contra experiências e as maneiras de manterem os seres humanos como objetos descartáveis ou controláveis, você terá uma jornada próxima a cinco horas até o desfecho do jogo.

Assim como Randall, que acorda com dor de cabeça e sem entender muito bem o que acontece com ele, o jogador fica perdido do início ao fim. Não existe abordagem nenhuma sobre a motivação do herói e, por mais que as habilidades ou poderes existentes nesse universo sejam explicados, tudo fica resumido apenas por conta da “ficção científica” ao redor do plot principal. O mesmo acontece com os chefões, que servem para defender as áreas a serem exploradas, porém não acrescentam motivo algum ou explicam suas existências.

Os problemas de Randall

Todo esforço da We the Force não foi suficiente para deixar o seu trabalho de estréia longe de problemas. Do início ao fim do jogo você encontrará diversos erros, de todos os tipos, e inclusive capazes de obrigar o reset para retornar ao último save e poder continuar sua jornada. O que acompanhará sua jornada serão dois grandes erros: queda constante de frame rate e a física do gameplay.

Poucas habilidades, mas com muita criatividade investida

Mascarado pelo tremor na tela por conta dos seus golpes, a queda de frame rate é constante e incomoda a ponto de travar por completo a sequência de movimentação ao transitar entre ambientes, com a presença de vários inimigos ou passagens rápidas. Esse erro também causa problemas no combate, atrapalhando a movimentação ou até mesmo dificultando a esquiva. O que acrescenta ainda mais questionamentos sobre o combate simples e desnecessário, contra inimigos repetidos e sem nenhuma personalidade, como se estivéssemos em jogos beat ‘em up da era 16-bit. Não vou comentar as batalhas contra os chefes, pois são sequências que causam estresse desnecessário por conta dos problemas que o jogo carrega.

Já a física dificulta a movimentação quando é necessário ter precisão nos pulos, ou até mesmo com golpes que são executados após saltos. Agarrar o inimigo no ar para arremessá-lo contra o chão é praticamente impossível. Assim como pular e escapar dos obstáculos eletrificados ou atingir um determinado espaço, principalmente quando é preciso se agarrar/pendurar. Praticamente impossível! Isso só é agravado ainda mais quando, após algumas tentativas, o jogo quebra por algum motivo e você fica preso sendo obrigado a resetar.

Os combates são desnecessários e quebrados

São tantos problemas que irritam e fazem você esquecer completamente das habilidades, por mais que algumas delas sejam até mesmo inovadoras na forma como alteram a movimentação do personagem ou complementam a jogabilidade. O salto giratório lateral deixa de ser interessante, assim como a Explosão Mental não importa mais depois de uma terminada etapa do jogo. Você desistirá de usar o que está disponível apenas para seguir em frente e chegar ao fim o mais breve possível.

Até mesmo a trilha sonora acaba tendo seus problemas. Por mais agradável que seja, em alguns cenários que pedem pelo estilo futurista, como em uma versão simples do Daft Punk em Tron, em alguns momentos ela interrompe seu looping, que por sinal é infinito e repetitivo demais, deixando um silêncio chato para retornar apenas quando você mudar de área.

Muito trabalho a ser feito

O estúdio mexicano ainda tem muito a aprender com Randall, pois por mais que o jogo tenha pontos positivos, a experiência de acaba se perdendo em meio aos problemas. Sendo simples até em sua biblioteca de troféus, Randall está longe de ser descartável, principalmente pela beleza do visual e potencial a ser explorado talvez em uma sequência, mas que pode ser deixado de lado se comparado a outros indies que foram lançados no primeiro semestre de 2017.

Plataforma 2D com muito potencial, mas mal executado

Infelizmente esse é um dos indies que se tivesse mais tempo de desenvolvimento talvez a história pudesse ser outra, quem sabe até mesmo com algumas atualizações. Por hora, um título com muito potencial desperdiçado.

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