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Com a missão de abraçar os fãs de FPS que amam guerra moderna e estão um pouco perdidos após o reboot da série Battlefield, a polonesa The Farm 51 “lançou” em Early Access o seu novo título, World War 3. O game vem para tapar um buraco deixado por Battlefield 4 nos corações dos gamers, uma vez que os shooters de gênero similar disponíveis no mercado sempre tem um porém: são de guerras do passado, futuristas demais ou hardcore demais como Arma e Insurgency.

Começou mal!

Abraçar os fãs era a missão, mas missão dada nem sempre é missão cumprida, pelo menos de início. Tudo começou com o seu “lançamento” (ainda não sei como exatamente definir a liberação de jogos em Early Access). A expectativa por um sucessor espiritual de Battlefield 4 era tão grande que o jogo acabou sendo um sucesso de vendas em seu primeiro dia, o que acabou surpreendendo o pequeno estúdio que não esperava tanta procura e o óbvio – que não deveria ser tão óbvio assim – simplesmente aconteceu: os servidores não aguentaram e todos os jogadores ficaram olhando para telas infinitas de login. Foi um final de semana marcado por lamúrias em reddits mundo afora, mas o incrível foi ver a quantidade de gamers que perdoavam a empresa, tamanha a vontade de desfrutar o jogo. Finalmente alguns dias após seu lançamento, o título pôde ser testado. Alegria para todos os lados? Ainda não, mas deixemos esses detalhes para depois.

Imagem do jogo World War 3
Escolha o front e parta para a batalha!

A abertura do game já revela um sistema sofisticado de interface, demonstrando que você terá de lidar com alguns vários menus para iniciar a jogatina. Apesar da sofisticação, ela de certa forma atrapalha. Temos na tela inicial um seletor que seria basicamente os modos/mapas de jogo em forma de mapa, similar ao que temos em Battlefield 1 no modo Operations, mas isso não fica muito claro e o matchmaking não funciona de forma muito satisfatória ao tentar escolher o cenário, sendo recomendado o uso do Quick Join, ao menos por enquanto. Mas antes de sair entrando nas partidas, tire um tempo para configurar o seu personagem e suas classes de jogabilidade, pois o game não permite que você altere seus equipamentos durante a jogatina.

Muita customização

World War 3 conta com um imenso sistema de customização que vai muito além do que encontramos por aí. Você tem em mãos uma montagem à la The Sims praticamente, podendo montar os visuais de sua personagem em detalhes e, o mais legal, algumas alterações irão influenciar no gameplay, uma vez que certos itens tem funções básicas, como por exemplo os capacetes. Sinta-se à vontade para trocar o seu capacetão militar por um boné com fone de ouvido e ficar mais parecido com um Navy Seal descolado, mas saiba que estará perdendo no jogo a proteção de kevlar na cabeça que o capacete provê.

A parte de customização bélica é de cair o queixo dos fãs de armas. Primeiro, entenda que as classes aqui não são no estilo Battlefield que separa médicos e engenheiros, tão pouco limita o tipo de arma para uma classe específica. Em World War 3, as classes são definidas pelo peso dos seus equipamentos, sendo dividida em Light (leve), Medium (médio) e Heavy (pesado), tendo impacto na dinâmica de movimentação do seu boneco no jogo. Cada classe possui um limite de peso e seus equipamentos devem estar dentro desse limite, logo, trocar uma SMG por uma Light Machinegun certamente o jogará da classe Light para a classe Heavy. Isso dá a oportunidade de criarmos estratégias únicas.

Imagem do jogo World War 3
Pronta para o tiroteio!

Na hora de montar seus equipamentos você pode escolher duas armas principais, tendo à sua disposição uma enorme lista que compreende os mais diversos tipos de armas, como os fuzis Ak-15 e H&K G36, espingardas, snipers como o G29, submetralhadoras, pistolas e muito mais. Aqui entra a chave do sucesso do game: uma quantidade sem fim de customizações para cada arma. Na hora de mudarmos a mira, por exemplo, não temos apenas a escolha entre Holográfica ou Red Dot, temos pelo menos 4 opções de Red Dot, cada um com sua peculiaridade. Temos diversos grips e scopes diferentes, enfim, uma quantia tão grande de variados itens que dificilmente encontraremos gamers usando o mesmo setup. O jogo falha ainda em revelar exatamente o que muda de um para o outro, deixando parecer que teremos resultados um pouco similares ao usarmos qualquer um dos itens de mesma classe, o que deve ser mudado no futuro. Todo item possui um peso, então nem sempre carregar sua arma com todos os acessórios possíveis pode ser interessante, já que pode lhe obrigar a mudar a classe de personagem e perder a estratégia pensada.

Batalhas à la Battlefield

As batalhas tem tom similar à Battlefield 3/4, contando com cenários bem construídos mas alguns ainda muito opacos, cinzentos, escolha de design que talvez seja para indicar o tema pesado da guerra ou simplesmente falta de tempo para dar um pouco mais de cor à guerra. O level design é espetacular em alguns mapas e um pouco falho em outros, deixando aqui um bom campo para melhora. O interessante é ver como o jogo trabalha em cenários criados em escala mais próxima do 1:1, ou seja, prédios e salas com tamanhos mais reais. Para atravessar o shopping de um cenário leva uma corridinha, claro que nada de 5 minutos como PUBG, mas com certeza você sente o tamanho das construções, diferente de Battlefield que trabalha com uma escala mais irreal para dar mais velocidade ao jogo.

Imagem do jogo World War 3
Hora de correr para cima deles.

O estilo de batalha é mais cadenciado mas ainda um pouco arcade, deixando World War 3 em algum lugar entre Battlefield e Insurgency. Nem tão fácil de morrer como em jogos mais hardcore, mas definitivamente exige mais cautela do que BF e CoD. Você também entra em um time com a possibilidade de se juntar a esquadrões e a pontuação é maior para aqueles que seguem ordens e cumprem as propostas do jogo, deixando a matança como consequência dos objetivos conquistados. A pontuação é importante para ganharmos o dinheiro virtual no final de cada partida e desbloquearmos o arsenal e seus itens – que infelizmente estava completamente liberado para todos já que os servidores de pontuação e ranking estavam falhando.

Ainda de forma similar a BF, contamos com veículos na batalha como tanques e pequenos quadriciclos, mas estes não ficam perdidos pelo mapa e funcionam de forma mais parecida a Call of Duty, num sistema de Perks. Os perks invocam estes veículos com limitação de quantidade por server/time e com certeza o uso deles altera a dinâmica da batalha. Sempre é bom termos um perfil de soldado armado com RPG para lidar com essas ameaças. Os perks também permitem o uso de outros itens como drones explosivos, ataque aéreo e muito mais, são diversos benefícios para aqueles que buscam uma boa pontuação capturando setores e eliminando adversários.

Ainda não está impecável

Apesar de não apresentar grandes falhas de jogabilidade, o game ainda peca no seu sound design e em sua otimização gráfica. Os sons não são de muita qualidade e a engine de áudio parece estar mal configurada, trazendo sons abafados para os passos e sons de tiro que parecem idênticos, independente de sua fonte. Pode parecer bobo para quem não é fã do gênero, mas os efeitos sonoros são responsáveis por grande parte da imersão e também da dinâmica do jogo, uma vez que são eles que te dão posicionamento de inimigos e um feedback do que está rolando na batalha. Claro que é algo que pode facilmente ser arrumado, principalmente em Early Access. O gráfico de World War 3 é bonito mas definitivamente não tanto quanto sua exigência de hardware. Placas como GTX 1080 ainda tem problemas para rodar o jogo com leveza, algo que não faz sentido já que os assets gráficos ficam entre um Battlefield 3 e 4, não sendo exatamente um primor visual para exigir tanto processamento. Definitivamente os devs precisam trabalhar muito mais em cima das otimizações do jogo e melhorar seu desempenho.

Imagem do jogo World War 3
Às vezes cai o FPS e a gente cai junto…

Para quem ainda não está com saudades da Segunda Guerra Mundial e quer uma jogatina atual, World War 3 é uma boa pedida sim, apesar de seus bugs e quedas de servidores. Se a dedicação apresentada pelos devs durante esses primeiros dias se manter, o game terá um belo futuro pela frente e certamente terá todos os seus pontos negativos transformados em positivos, ou ao menos em neutros. Se aturamos os bugs de Playerunknown’s  Battleground, com certeza podemos dar uma chance para esse pequeno gigante polonês.