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Era manhã, um pouco antes do almoço. Você estava sentado na frente da televisão apara assistir TV Globinho, no ano de 2002. Além de Beyblade, que fazia um sucesso descomunal naquela época, e outro desenho fazia eu e várias crianças pirarem na telinha. Com Metabee, Rokusho, a gangue dos Robôs de Borracha, Medalutador Espacial X e vários outros personagens marcantes, Medabots era outra febre vinda do Japão que não tinha igual.

Ikki era uma criança que queria competir nas cyberlutas com os famosos robôs, mas não conseguia obter o seu próprio. Juntando muito dinheiro, ele consegue comprar um modelo ultrapassado, mas sem uma medalha não tinha como fazê-lo funcionar. Achando o item boiando num rio, ele dá vida ao seu parceiro amarelo e passa a competir contra vários rivais e vilões deste universo.

Vai começar a cyberluta

Isso é o básico, mas quem assistia o desenho lembra de muitos outros elementos disso. Se bobear, lembra até do seu Medabot favorito, certo? No meu caso, Rokusho e Sumilidon eram os maiorais. Porém todos estes personagens fazem parte de uma franquia de games muito famosa e de sucesso japonesa. Surgida em 1997 no Game Boy, sua premissa queria replicar o que foi obtido por Pokémon, mas a vertente se transformou em algo totalmente distinto.

Meu primeiro contato com a série nos videogames foi no PlayStation, cuja única versão do título estava apenas em japonês. Não vou dizer que entendi algo do que era dito, seria mentira da minha parte, mas me orgulho de ter fechado o game na época. Assim como na animação, a premissa era simples e isso fazia as coisas progredirem sem muitos entraves fora o linguístico.

O jogo era totalmente japonês, não havia versão americana.

Seguindo a saga contada no anime, você controlava Ikki pela pequena cidade enfrentando pessoas para ganhar pontos e chegar nos campeonatos de Cyberlutas. Você podia equipar seu Medabot definindo cinco elementos: Cabeça/Torso, Braço Direito, Braço Esquerdo, Pernas e a Medalha. Tendo controle de até três máquinas ao mesmo tempo, seus confrontos evoluíam conforme o jogo avançava.

Por exemplo, diferente de Pokémon, cada peça contava com sua própria barra de HP. Porém você não podia escolher onde atacar. Os golpes começavam pelas pernas, depois seguiam em direção dos braços. As cabeças dos Medabots sofriam dano conforme as demais partes eram destruídas, restando apenas um resquício do inimigo caso desejasse soltar um último ataque.

As batalhas podiam ser até com 3 Medabots de cada lado.

A estratégia envolvia conseguir o máximo de peças dos oponentes, reforçando o seu robô e tornando a opção de lutar contra diferentes inimigos algo possível. Com forças e fraquezas, diferenças de velocidade e compatibilidade com o estilo de Medalha, o jogo era complexo e te instigava a fazer combinações cada vez mais esquisitas para buscar resultados melhores.

Óbvio que suas escolhas também acabavam sendo compatíveis com o desenho animado, já que você podia fazer o seu Metabee nem existir mais, reunindo e encaixando as partes de sua preferência. Não era o mais aconselhável, mas a fórmula seguia os moldes dos Pokémon. Quem nunca tentou fazer o mesmo time visto no anime ou quis capturar os mesmos monstros de bolso de Ash, que jogue a primeira pedra.

Quem não queria manter o Metabee da forma como ele é?

Medabots japoneses

Nostalgia à parte, os jogos costumavam seguir a mesma ideia dos animes. Houveram mais animes da série além do visto na TV Globinho, porém nem a segunda temporada do desenho e nem os demais conquistaram o mesmo sucesso que Metabee e seus amigos. Tanto que a maioria esmagadora dos jogos da franquia nunca saiu do Oriente, com apenas um jogo sendo lançado oficialmente nos Estados Unidos.

Medabots: Metabee Version e Medabots: Rokusho Version são os únicos títulos em inglês da franquia, sendo lançados para o Game Boy Advanced em 2002. As duas versões também faziam um paralelo com os games dos monstros de bolso, colocando alguns robôs, peças e medalhas diferentes em cada uma.

Imagem do artigo sobre Medabots

A versão americana saiu apenas para Game Boy Advanced.

Outra curiosidade interessante da franquia é que seu jogo, que saiu para o primeiro PlayStation, foi o único lançamento da série para um console da Sony. Todos os outros saíram para Nintendo, desde o Game Boy até o 3DS. E ainda existe um que saiu para mobile, chamado Unlimited Nova, lançado em janeiro de 2020 apenas no mercado oriental.

Apesar de ter feito tanta fama quanto Beyblade aqui no Brasil, por exemplo, a série nunca teve muito espaço nesse lado do globo no mundo dos games. Após a exibição das duas temporadas, caiu no esquecimento e nunca mais reapareceu nesses lados do planeta. Em comparação, o mesmo Beyblade era um sucesso absoluto até alguns anos atrás, com vários itens ainda sendo vendidos e dando origem a jogos que iam do PS1 ao Wii no mercado americano.

Imagem do artigo sobre Medabots

Infelizmente não fez tanto sucesso quanto Beyblade.

Infelizmente, parece que isso não mudará tão cedo. A série fez 20 anos desde seu lançamento nos games em 2017 e nada foi anunciado para a atual geração. O próprio responsável pela franquia atualmente, Inoue da empresa Imagineer, assumiu que não há planos para lançar os games nos consoles e no mercado americano. Quem sabe no aniversário de 25 anos da franquia, em 2022?

Além de Medabots estar meio apagado no mundo dos games, também não houve mais animações desde Medabots Spirits. A continuação das aventuras de Ikki também foram transmitidas nos anos 2000, mas sem atingir uma boa legião de fãs, terminando sem alardes e nunca mais voltando às telinhas.

Mesmo sabendo que há uma quantidade boa de pessoas com boas memórias da franquia, dava para apostar num revival com foco tanto no público japonês quando no ocidental, ainda mais que a série sempre valorizou medalutadores vindos de vários países diferentes. No momento, os direitos se mantêm nas mãos da Imagineer, até alguma empresa ver o potencial imenso de se equiparar ao Pokémon e decidir investir na ideia.