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O automobilismo sempre foi um dos grandes esportes nacionais. Contando com pilotos de calibre mundial, a história do Brasil na Fórmula 1, a maior categoria do ramo, é repleta de episódios marcantes. Contudo, desde 2018 o Brasil se encontra sem um representante na categoria, algo que diminui o interesse de muitos fãs acostumados a acordar cedo no domingo e torcer pros pilotos brasileiros.

Em um cenário onde as equipes necessitam de cada vez mais dinheiro e os pilotos pagantes surgem aos montes, não dá para contar apenas com o talento e a determinação dos pilotos nacionais. No meio desse impasse, uma união improvável surge: streamers de jogos variados abraçam os jovens pilotos nacionais e, trabalhando juntos, tentam colocar novamente o Brasil no topo do automobilismo mundial.

Dois irmãos e um sobrenome de peso

É fato que toda história precisa de um começo. Pensando na história do Brasil na categoria mais importante do automobilismo mundial, dificilmente a trajetória de campeões como Nelson Piquet e Ayrton Senna seria a mesma se não fosse por Emerson Fittipaldi. Primeiro brasileiro campeão da categoria, seus feitos pavimentaram o caminho para uma geração vitoriosa de pilotos que surgiria em seguida.

Carregando a bandeira brasileira, Enzo e Pietro almejam um lugar na Fórmula 1.

Com o pioneirismo em seu DNA, Pietro e Enzo Fittipaldi, netos de Emerson, foram os primeiros pilotos brasileiros a utilizar a Twitch, a maior plataforma de streaming do mundo, para compartilhar seu dia a dia e mostrar as suas corridas virtuais durante a pandemia do COVID-19. Com a popularidade das corridas online, a Fórmula 1 organizou seu próprio campeonato no jogo oficial da categoria, o F1 2019, convidando os irmãos Fittipaldi para participar dos eventos. Carregando a bandeira do Brasil em um grid lotado de pilotos famosos, não demorou muito tempo até eles caírem nas graças dos espectadores da plataforma.

Em pouco tempo e com a ajuda de streamers influentes na plataforma, como Gaules, Velho Vamp e Alê Apoka, os irmãos adquiriram um público fiel que os acompanha em todas as corridas. A vida de um piloto que busca um lugar na Fórmula 1 não é fácil e, apesar do sobrenome de peso e do talento, é necessário muito investimento ter seu lugar ao sol.

Reconhecendo o apoio da comunidade, o logo do streamer Gaules está no carro de Enzo Fittipaldi.

Com a chegada dos novos fãs, os números das redes sociais dos jovens pilotos subiram consideravelmente, feito que agrega bastante para atrair patrocinadores em um esporte tão dependente de investimentos. Além dos números, os fãs demonstram um carinho e suporte imenso pela dupla, mandando mensagens de apoio para Enzo ao final de todas as corridas e subindo hashtags que pedem um lugar para Pietro no cockpit da Haas, local onde o mesmo trabalha como piloto de testes.

Um sonho e um patrocinador mais do que especial: a jornada de Igor Fraga

É inegável que os patrocínios fazem uma diferença gigantesca na carreira de qualquer piloto que almeja chegar ao topo do esporte. Para Igor Fraga, brasileiro nascido no Japão, o patrocínio que lhe permite correr a Fórmula 3 é repleto de significado e lembranças: Igor é patrocinado pela franquia Gran Turismo, jogo que é bicampeão mundial.

Do início promissor nas categorias japonesas até a Fórmula 3, a trajetória de Igor Fraga não foi nada fácil. Após ganhar diversos campeonatos asiáticos de Kart, a sua família teve que se mudar para o Brasil devido à crise que assolava o Japão na época. Como o automobilismo é extremamente complicado em território nacional, a carreira de Igor estava ameaçada pela falta de incentivo e competições.

Pilotando desde criança, Igor ganhou 7 vezes o campeonato de kart japonês.

A vida do jovem piloto mudaria completamente com a ajuda de um velho amigo da sua infância: o jogo Gran Turismo. Habituado a dirigir na franquia desde a sua infância, Igor Fraga se adaptou muito bem ao Gran Turismo Sport, título mais recente da franquia. Se classificando para representar o Brasil no mundial da categoria, Igor Fraga fez bonito e se sagrou campeão, derrotando pilotos virtuais de grande renome internacional.

Sucesso no virtual, a sua vida no automobilismo real também mudaria bastante após esse feito. As portas se abriram e, graças ao seu desempenho, Igor participou do McLaren Shadow Project, evento da própria empresa para escolher seu piloto de testes de simuladores. Igor venceu o evento, derrotando os outros pilotos e assegurando seu lugar na escuderia britânica.

Patrocinado pelo Gran Turismo, Igor corre com o tradicional capacete verde e amarelo.

A parceria entre Gran Turismo e Igor iria mais além quando, após impressionar nos jogos, a Polyphone Digital decidiu investir em sua carreira, o patrocinando em diversos eventos de Fórmula 3 pelo mundo. Agora correndo no mundial de Fórmula 3 da FIA, o logo do Gran Turismo, jogo que o acompanhou pela vida inteira e lhe deu tantas alegrias, pode ser visto estampado na lateral do carro azul, vermelho e branco da Charouz Racing System.

O show nas pistas virtuais e reais de Felipe Drugovich

Se o período de pandemia significou uma pausa nas competições reais, as competições no meio virtual foram brindadas com a presença de vários pilotos profissionais se aventurando no meio. Com muitos nomes de peso transmitindo ao vivo as suas corridas, os fãs de automobilismo tiveram a chance interagir e conhecer um pouco mais das grandes promessas do automobilismo nacional.

Felipe Drugovich podia não ser um dos nomes mais comentados na temporada anterior da Fórmula 3, mas com certeza saiu fortalecido após performances excelentes nas competições online. Mostrando um desempenho arrojado e um ritmo praticamente imbatível, o brasileiro foi dominante em quase todos os torneios que participou, sendo reconhecido como um dos pilotos mais rápidos dos simuladores.

Com pilotos campeões na família, Drugovich é uma das esperanças do Brasil na Fórmula 2.

Competindo contra pilotos como Rubens Barrichello, Daniel Serra e até mesmo o argentino Agustín Canapino, ninguém foi mais veloz que o jovem paranaense. Dominando competições que variam desde carros de turismo até monopostos e ganhando corridas de tirar o fôlego, suas atuações atraiam cada vez mais espectadores que testemunhavam o seu talento natural, algo que é muito bem vindo em um meio onde a visibilidade é um fator atrativo para os patrocinadores.

Correndo agora na Fórmula 2 pela equipe MP Motorsport, Felipe Drugovich vem mantendo atuações condizentes ao que foi mostrado nas corridas virtuais. Ganhador da segunda corrida do Grande Prêmio da Áustria, Drugovich vem se firmando como um dos principais pilotos brasileiros dessa geração, atraindo os holofotes e, quem sabe, buscando um lugar na Fórmula 1 em breve.

Por mais que os ambientes sejam diferentes, os jogos e o automobilismo possuem uma sinergia ímpar. Durante esses meses sem eventos reais, a chama do automobilismo reascendeu no coração de muitos brasileiros que, mesmo carentes de um piloto no topo da competição, aprenderam a apoiar os talentos nacionais em sua árdua jornada por esse meio. Chegar à Fórmula 1 não é fácil e depende de vários fatores externos, mas graças ao trabalho de grandes pessoas que chegaram para somar, destacando as transmissões de Alê Apoka, de Victor Ludgero e os campeonatos organizados pelo Velho Vamp, os meninos ganham aliados importantes que, por causa de todo esse apoio, deixam seus sonhos mais vivos do que nunca.