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O tempo voa e o Nintendo 64 completou seus 25 anos. O console pós Super Nintendo é muito querido por todos aqueles que tiveram um. Ele marcou, principalmente, por trazer inovações. O N64, como ficou conhecido, fez parte da quinta geração de consoles e foi o último lançado nessa era (23 de junho 1996, Japão), antecedido por PlayStation (3 de dezembro 1995, Japão), Sega Saturn (22 de novembro de 1994, Japão), Atari Jaguar (23 de novembro de 1993, EUA) e o 3DO (4 de outubro de 1993, EUA). Ele foi o terceiro grande console da Big N, depois do NES (Nintendinho) e SNES (Super Nintendo). Mais uma curiosidade sobre lançamento: ele foi o mais barato, custando US$ 199,00.

Enquanto praticamente todos os consoles da quinta geração vinham com leitores de CDs, que estavam no boom da popularização, a Nintendo decidiu continuar com os cartuchos, como já acontecia nas gerações passadas. Essa foi uma escolha que limitou o console em vários aspectos, como o custo elevado de um jogo e a baixíssima capacidade de armazenamento de 64 MB (contra os 650 MB dos CDs), entre outros. Se o N64 entregou resultados incríveis para a época com seus jogos limitados aos cartuchos, imagina se a Nintendo tivesse escolhido os CDs…

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Fez bonito e bem feito

Por ser o último de sua geração, a Nintendo teve mais tempo de planejamento e o N64 veio com mais poder de fogo que seus concorrentes. Foi o único da geração com um CPU de 64-bits, contra os de 32-bits que equipavam os demais. Para efeito de comparação, o CPU do N64 operava a 93.75 MHz contra os 33.86 MHz do PlayStation que, sem contar com o Nintendo 64, era o console mais forte entre os demais citados. Ele também tinha mais memória e GPU (chip gráfico) melhor. Não vamos aqui entrar em especificações técnicas muito afundo, já que teríamos que falar de arquitetura, instruções suportadas pelo CPU e coisas do tipo. Em resumo, o N64 chutava traseiros no quesito hardware.

Antes de seu lançamento, a Nintendo anunciou um acessório que pode ser encarado como um “console extra” para o N64, chamado de Dynamic Drive (ou DD, como ficou conhecido). Ele prometia maior capacidade de armazenamento, podendo melhorar os gráficos e até quadros por segundo (FPS) nos jogos que tivessem uma atualização para isso. Não deu certo, foi um fracasso comercial. De seu anúncio em 1995, o DD só foi lançado em 1999 e só ficou no Japão mesmo.

Nintendo 64

As quatro portas da felicidade e discórdia.

Por ter um hardware mais forte, o Nintendo 64 fez bonito em seus jogos. É verdade que antes do N64, outros consoles inauguraram a era 3D, principalmente o PlayStation, mas nenhum deles marcou tanto como o console da Nintendo. Processando cerca de um milhão de polígonos por segundo, contra os 180 mil do PS1, os jogos do Nintendo 64 conseguiam entregar uma qualidade gráfica consideravelmente superior aos restantes consoles daquela geração. Mesmo que o PS1 tenha tido jogos com visuais mais realistas (Tomb Raider e Metal Gear Solid, por exemplo), ainda eram imagens borradas e sem detalhes.

Em seu primeiro jogo, Super Mario 64, já era possível ver a superioridade do console. Tempos de carregamento entre as telas bem mais rápidos (talvez única vantagem do cartucho); texturas mais detalhadas; cenários mais amplos. Esse jogo foi o responsável por renovar e reinventar o gênero de plataformas, agora no mundo 3D. Conforme o console envelhecia, mais os jogos iam melhorando. O maior exemplo disso é o aclamadíssimo e dono da maior pontuação no Metacritic The Legend of Zelda: Ocarina of Time.

Nintendo 64

O N64 pode não ter tido uma vasta biblioteca como o PS1, mas nos divertimos muito.

O jogo elevou o potencial do console ao máximo em 1998. É considerado um dos primeiros jogos de mundo aberto. Você ia de uma ponta a outra de Hyrule Field sem precisar carregar cenários. Trechos com muitos NPCs, como no pátio do castelo, já mostravam do que o console era capaz. Efeitos de iluminação e física muito bem implementados, algo que não se via em nenhum lugar até então. É verdade que o primeiro console da sexta geração, o Sega Dreamcast, já estava chegando, mas o N64 vivia seu auge.

A incrível inovação que se perdeu com o tempo

Algo que a Nintendo inovou e deu aula, foi no multiplayer local. O Nintendo 64 vinha com quatro portas para controles. Foi o primeiro console a permitir a tela dividida em quatro, mesmo que a Sony tenha tentado imitar com seu boomerang (Multitap) que não ficou muito popular. Jogos como Goldeneye 007, Super Smash Bros., Mario Party, Mario Kart entre vários outros elevaram a diversão dividindo o mesmo console, sentados no mesmo sofá, como nunca antes.

Kit da felicidade das crianças e adolescentes dos anos 90.

O controle do N64 podia ser meio desengonçado naquele formato tridente, mas foi o primeiro a vir com um analógico. Essa inovação foi responsável pelo surgimento dos controles dualshock da Sony a partir do PlayStation. Outra inovação era a vibração nos controles através do “Rumble Pack”, um acessório encaixável na parte de trás do controle. Tá certo que não era nativo como veio a ser o dualshock, mas foi inovador na época.

Goldeneye 007, o pai do gênero FPS nos consoles, foi o responsável pelo gênero ter tido mais atenção por parte dos desenvolvedores, já que os jogos de tiro em primeira pessoa dominavam o PC há anos. Eu, particularmente, joguei algumas centenas de horas do jogo naquela época. Juntava todos os amigos, cada um com seu controle, nos juntávamos em casa, e a diversão da brincadeira com um jogando do lado do outro rolava solta, algo que infelizmente não temos mais.

Seria Super Smash Bros o primeiro battle royale de luta?

Memórias e experiências

Eu tive a sorte de adquirir um Nintendo 64 antes do lançamento no país através de importação. Tive o console de 1996 a 2002, aproveitei tudo o que a plataforma oferecia e tive o privilégio de jogar The Legend of Zelda: Ocarina of Time no lançamento, depois de muito torrar a paciência do meu pai. Outra coisa que facilitou jogar o máximo de jogos possível, eram alguns lugares que trocavam jogos, às vezes tendo que dar um retorno em dinheiro dependendo do nível do outro jogo. Isso me permitiu jogar muita coisa diferente.

Tenho duas memórias que nunca esqueço quando se trata do Nintendo 64. Eu era leitor assíduo da revista Super Game Power, a única forma de se ficar atualizado na época. Quando vi o anúncio do Super Mario 64, lembro de falar para meus amigos: “nossa, o Mario vai ficar grandão do tamanho da tela agora”. Outra memória era os comerciais de The Legend of Zelda: Ocarina of Time na TV. Você lembra? Dá uma conferida.

Goldeneye 007, o jogo que mostrou como faz multiplayer local em jogos de tiro.

O fundador do Gamerview, Vinícios Duarte, conta com emoção como foi seu encontro com um dos consoles mais queridos para ele: “morava em Campinas e lembro de ver o Nintendo 64 em uma loja especializada logo após o lançamento do console. Eles deixavam uma TV com o Mario rodando, passando por várias fases. Eu fui até a loja só para ver o videogame de perto, como ele era. Foi a coisa mais impactante na minha vida ver o pulo de gerações, comparando com o Super Nintendo que veio antes dele”.

“O impacto da transformação do 2D para o 3D foi gigante e é um impacto que nunca mais tive”, conta Vinícios. Para o fundador do Gamerview, as mudanças de gerações recentes não geram o mesmo impacto como visto naquela época. Atualmente os jogos recebem melhores texturas, efeitos, resolução maior, mas ainda se parecem com o que vimos na geração anterior. “Foi muito mágico ver o Mario correndo e pulando com aquela jogabilidade maravilhosa”, relembra.

Tá bom, um pouquinho de vergonha alheia deste redator que vos escreve.

“Ver o Mario nessa loja despertou o maior desejo de consumidor de quase toda minha vida. Eu precisava ter um Nintendo 64”. Vinícios, que era apenas um adolescente na época, conta que trabalhou em uma loja de roupas infantis durante o período de natal para conseguir levantar o dinheiro necessário para comprar seu Nintendo 64. “Quando fui receber o pagamento, eu disse que só queria o videogame e o jogo do Mario e através desse meu trabalho, eu consegui meu Nintendo 64”.

Podemos dizer com certeza que quem teve um Nintendo 64, teve uma excelente experiência e a vida gamer marcada pelo console. Poderíamos discorrer parágrafos e mais parágrafos relatando experiências, sucessos dos jogos, importância para a indústria e muito mais. Então fica aqui nossa homenagem a esse incrível console que marcou toda uma geração. Parabéns N64, e muito obrigado, Nintendo.