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O mundo gira, a bola rola, plantas nascem, crescem, morrem e eu venho até vocês para falar sobre Warhammer. Voltamos as eras antigas, onde as linhas entre bem e mal se entrelaçavam e onde o Império dos Homens encontra-se no limite contra os ataques infindáveis das Hordas do Caos.

Warhammer: Chaosbane dá um passo ao lado do caminho habitualmente trilhado pela franquia Warhammer e Warhammer 40.000, buscando seguir, desta vez, um caminho de RPG de ação, gênero feito famoso com Diablo.

Considerando o conteúdo estupendo do universo de Warhammer, um jogo que mistura doses cavalares de exploração, com nacos de RPG e bastante combate parece perfeito. Porém, a soma dos fatores resultou em um produto genérico e banal.

C-H-A-O-S, Chaos é o seu nome

Em se tratando de um RPG de ação, espera-se uma certa infraestrutura básica que contenha inventário, tela de habilidades ativas e passivas, diário com as missões e um relatório de como está a personagem. Warhammer: Chaosbane supre essas partes da maneira mais básica possível.

Imagem de Warhammer Chaosbane
O jogo oferece quatro personagens prontos para vivermos essa aventura.

Honestamente, meus amiguinhos, a tela de inventário deste jogo é a pior que já experienciei em relação a usabilidade. Uma galeria enorme de itens sem separações, sem filtros, sem mais nada para auxiliar a encontrar o que você quer a não ser São Longuinho.

Cada um dos itens possui uma série de características, como quantidade de defesa proporcionada, porcentagem de contra-ataque ou outros valores aleatórios. O grande problema dentro de Warhammer é que essas características não são nem um pouco padronizadas em ramos específicos, o que faz com que o jogador se sinta perdido com as porcentagens exibidas para indicar o que seria melhorado ou piorado equipando o novo item. Quem já é macaco velho do gênero sabe que ter um gerenciamento de inventário péssimo é uma sentença de morte para um jogo voltado para a obtenção de loot.

A confusão se torna hábito quando passamos para o gerenciamento de habilidades. Cada classe de personagem, dentre as quatro, possui uma grande quantidade de habilidades que podemos selecionar e, para cada umas destas, existem até quatro níveis de evolução. Portanto, não só o personagem como suas habilidades podem subir de nível.

Imagem de Warhammer Chaosbane
Já li manuscritos milenares menos confusos que isso.

Um ponto muito interessante é que a personagem tem um limite de pontos de habilidade a serem gastos. Com isso, o jogador pode reorganizar quais habilidades (e em quais níveis) estarão ativas na personagem para cada seção a ser atravessada. Esta mecânica exige que se entenda um pouco além do habitual sobre cada habilidade, seus efeitos e melhores utilizações.

A história contada chega a ser interessante, nada de especial no que tange a narrativa – o que chega a ser comum em jogos de RPG de ação, por isso não me incomodou demais. Sempre vejo que o objetivo é se divertir matando os inimigos, de buscar e gerenciar seu loot. Além disso, vale ressaltar que a dublagem é agradável – nada de especial ou primoroso, mas agradável.

RPG de ação é o que? É clicar nos bichinhos que aparecem enquanto sua cabeça vai longe resolver problemas que você mesmo criou por acabar prestando atenção demais no que não precisa e ignorando o que deveria cuidar. É isso aí. Está até na Wikipédia, pode conferir. Eu espero.

Imagem de Warhammer Chaosbane
Por falar em confuso, as habilidades estão de parabéns…

Então, o que você espera de um jogo desse? Que sejam gostosas, divertidas e leves essas horas de clicação intensa. Vamos lá, hora da gincana. Adivinhem se Warhammer: Chaosbane consegue suprir esses quesitos…

Não. Ele não consegue. As hordas de inimigos são sempre gigantescas, impedindo uma movimentação fluída tanto da personagem quanto dos próprios inimigos. A dificuldade varia entre absolutamente banal e simplória, você vai morrer algumas vezes antes de conseguir sequer entender o que está acontecendo. Felizmente, é permitido que você pague moedas do jogo de duas formas para renascer no mesmo local, o que diminui a taxa de frustração envolvida.

Os inimigos, fator muito relevante e um grande diferencial na conta de carisma de um jogo, são totalmente blasés. Em algumas horas jogando, percebi um total de quatro modelos diferentes de inimigos – Somente quatro! Isso porque passei por diversas missões em alguns cenários diferentes. Mas aparentemente as Hordas do Caos criam seus lacaios em uma máquina de xerox.

Imagem de Warhammer Chaosbane
Salvando o mundo, uma tarefa irrelevante de cada vez.

Além disso, boa parte das mecânicas do jogo, assim como localidades extremamente importantes, como a loja para se livrar dos itens indesejados, precisam ser caçadas pelo jogador, porque não possuem nenhuma indicação clara na interface ou na história. Acima de tudo, Warhammer: Chaosbane é um jogo de caça. Uma caça pelo seu objetivo.

Por fim, Warhammer: Chaosbane busca fazer neste rico universo um jogo de RPG de ação clássico, com aquela fragrância de Diablo I e II, mas acaba travando somente em uma versão antiquada e com sérios problemas de polimento do que o gênero se tornou. Realmente espero que a versão final do jogo aprimore esses pontos e descubra seu caminho diferencial, porque mesmo com o pouco contato que tive com o universo de Warhammer, já me tornei fã.