Skip to main content

Adaptações podem ser um assunto complicado para se tratar. Para quem está acostumado com filmes e séries, sabem o quanto podem se tornar falhas e não trazer a verdadeira essência do material de origem. Seja das HQs, livros, jogos eletrônicos, nem sempre o acerto vem e o público se pergunta quando terá algo que trará a tão sonhada fidelidade. Agora, imagine debater jogos que adaptam jogos. Pokémon tem centenas de spin-offs, mas suas versões mobile chegaram com a proposta de trazer o ambiente dos games para os celulares de todo o mundo.

Pokémon Masters é o novo título que foi anunciado e trará ainda mais do universo dos monstros de bolso para o público que utiliza Android e iOS. Entretanto, a pergunta que não quer calar é se este será, finalmente, o game que adaptará com perfeição tudo que nós vimos na franquia desde os clássicos de Game Boy. Com uma proposta envolvendo os combates e treinadores, ao menos é o que a The Pokémon Company e a DeNA estão oferecendo.

Origens Pokémon

Para falar de adaptações, vamos para aquela que iniciou toda a jornada nos celulares, Pokémon GO. O game de realidade aumentada trazia uma verdadeira aventura para os treinadores, levando-os a andar pelos mapas do mundo real e capturar os monstros de bolso. Apesar de ser um sucesso e trazer milhões de novos fãs para as capturas, ele não entrega nem metade da sensação que o game real propõe.

De início, você seria capaz de capturar os 150 monstros de bolso e participar de desafios nos ginásios. Nada de treinar, enfrentar treinadores, trocar seus Pokémon nem nada do gênero. Em poucas palavras, a Niantic te tirou de casa, mas não conseguiu trazer mais interação com os demais, o que foi sempre a proposta da franquia. Se conectar é desde o início o carro-chefe dos jogos da linha, sendo uma das razões dos seus jogos principais sempre serem lançados em pares.

Pokémon GO hoje traz um game muito mais completo.

Com o tempo, mais monstros foram adicionados, os combates foram possíveis e até uma interação com o game de Nintendo Switch, Pokémon Let’s GO, tentou revitalizar o game. Apesar de tudo, ele é lembrado mais pelas faltas do que pelo que nos trouxe. Basta olhar nas ruas para ter um ótimo exemplo. Na época do seu lançamento e nos primeiros meses era impossível ir num local público sem ver algumas pessoas jogando e capturando. Hoje, existe até certa dificuldade de encontrar qualquer pessoa no seu círculo de amizades que continue com suas aventuras.

Uns diriam que é natural com o tempo, afinal de contas, já fazem três anos de seu lançamento. Outros afirmariam que o fato de ainda não estarem disponíveis todos os monstros de bolso é a razão dos fãs hardcore não permanecerem e o jogo ter morrido aos poucos. Porém, todos sabemos que, mesmo com atividades, eventos especiais e vários outros recursos, Pokémon GO virou coisa do passado por não trazer o que fez da franquia um estrondo.

Ainda nesse tema, não podemos esquecer de Pokémon: Magikarp Jump, o Shuffle, Quest, Duel e Rumble Rush que trazem spin-offs consistentes, mas que não entram na área que estamos analisando. O que realmente queriam com o game conseguiram, trazendo mais fãs e pessoas se relacionando com Pokémon. Isso garantiu determinado público e quando lançar a versão Sword e Shield saberemos o quanto impactou. Entretanto, esses derivados nem ao menos se aproximam de trazer uma experiência vista na franquia principal ou mesmo na animação que até hoje faz bastante sucesso.

Magikarp Jump é bonitinho, mas não espere algo hardcore.

A jornada para os mestres

Anunciado no mês passado, Pokémon Masters é o primeiro que trará personagens conhecidos da franquia. No continente de Pasio, um campeonato envolvendo os melhores treinadores do mundo convoca vários líderes de ginásio, campeões, rivais e coadjuvantes para se enfrentarem pelo título de mestre Pokémon. Até aí temos já dois acertos nos fãs: um objetivo em comum com os jogos/animações e a vinda de oponentes com que seu público já interagiu antes. No próprio trailer, você vê ícones do jogo e do desenho, como Misty e Brock.

Segundo a DeNA, o jogo será focado no confronto de 3v3, cada um utilizando um Pokémon e tendo seus ataques já estabelecidos. Além dos golpes, cada monstro terá um movimento especial chamado Sync Moves, que é único e trará a mesma magnitude que os Z-Moves dos jogos Sun e Moon. Os treinadores também têm sua vez na batalha, utilizando o suporte para curar os combatentes ou aumentar seus stats.

Lance será um dos oponentes mais barra-pesada do jogo.

Além das lendas vivas do universo Pokémon, de uma área para a outra você poderá passar pela mesma sensação de quando caminha pelas rotas. Uma jornada cheia de treinadores e diversos confrontos espera por você e sua equipe, para pavimentar o caminho ao grande campeonato. Porém, não fique triste achando que terão mais destes do que aqueles que conhece. De personagens confirmados dos jogos são 65, com mais para serem lançados após o mobile chegar em suas mãos.

Além disso, o jogo trará interações nunca vistas antes nos games. O que aconteceria ao enfrentar uma equipe apenas de rivais? E familiares como Lusamine, Lillie e Gladion? Até mesmo o líder do ginásio Norman com seu filho protagonista se mostraram no trailer, prometendo muita emoção durante a gameplay e vendo vários deles juntos pela primeira vez será empolgante.

Adaptações fieis ou ainda falta algo?

Os confrontos 3v3 trarão bastante interações entre os treinadores.

Antes de definirmos a hype, até o momento não foi mostrado nem dito algo sobre a captura. O herói ou heroína principal inicia a jornada com o Pikachu, mas aparentemente não haverá trocas ou a opção de se obter outros monstros. É como se Pokémon Masters e Pokémon GO estivessem em campos opostos. Trazem elementos importantíssimos da experiência, mas de forma separada.

O ponto-chave para determinar se o game adaptará de forma gloriosa ou não, perante seus fãs, será a possibilidade de alterar seu próprio monstro principal. Podemos todos achar Pikachu fofinho e ele tem lá suas vantagens, mas em um confronto ele não é nem de longe o mais apropriado para entrar em cena. Com várias fraquezas, imagina topar com um dos líderes de ginásio do tipo Terra ou Planta? Certo que, com um time de três, dá para adaptar e compensar, mas ao menos poderiam dar opções para que não chegue em total desvantagem ao seu Pokémon.

Pikachu mais uma vez é um dos destaques do jogo.

Não que isso possa tornar Masters num fracasso, mas parece que ainda estão tentando descobrir o que faria sucesso em uma experiência mobile da mesma forma como atingiram nos portáteis. Pokémon GO sem trocas e combates tomou o mercado por um tempo, mas hoje não dá o mesmo impacto que já teve. Masters voa para o outro lado, sem as capturas. Dois lados de uma moeda que, unida, renderia o que eles tanto buscam.

Só imaginem um game mobile que você percorra o mapa capturando monstros, mas com lutas no trajeto, líderes de ginásio e personagens conhecidos para se entreter. Estamos na geração que está valorizando ainda mais o mercado retrô, então poderia até trazer sprites e animações usadas de antigamente que ainda assim garantiria um público fiel. Por que não?

Pokémon Masters lançará em algum momento até o mês de setembro de 2019, portanto não devemos aguardar muito para vermos onde mais essa aventura poderá nos levar. A região de Pasio parece interessante e com certeza tem tudo para marcar a jornada dos maiores treinadores da saga.