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Ela não anda, ela desfila. Audrey Smoothspy é a protagonista do jogo de furtividade The Spy Who Shrunk Me, que entrou em Acesso Antecipado no Steam em 18 de dezembro. É o segundo trabalho dos finlandeses da Catland e uma bem-humorada homenagem aos filmes de espionagem do passado.

Obviamente, Audrey Smoothspy é britânica – afinal, os melhores agentes secretos do mundo são britânicos e isso não está aberto a discussão. Também é obvio que seu maior vilão é o temível império soviético, representado aqui por um general enlouquecido e um cientista mais louco ainda, já que os maiores vilões do mundo são soviéticos e isso tampouco deve ser questionado – ou pelo menos eram. Os soviéticos são amigos agora, parece, ninguém sabe com certeza. No ano de 1981, onde a aventura acontece, o General Bolscotchkovich e o doutor Não Guardei Seu Nome (dsclp) tem um plano maligno para derrotar o Ocidente.

Esse plano maligno envolve encolher pessoas.

Pausa dramática.

Não finja surpresa. Está no nome do jogo: The Spy Who Shrunk Me.

The Spy Who Shrunk Me
Privacidade zero!

Cabe então ao jogador desvendar seus planos diabólicos, furtar a tal arma encolhedora e impedir a destruição das forças unidas da democracia. Tudo isso, obviamente, sem perder o charme, a elegância e o sotaque britânico, porque, como já dissemos, Audrey Smoothspy não anda, ela desfila – e isso não está aberto a discussão.

Por trás da fachada abertamente cafona da paródia dos filmes de espião, a Catland escondeu aqui um título de furtividade que ora é desafiador, ora é fácil demais. Há humor presente na aventura, mas é bom prestar bastante atenção nos padrões de patrulha de seus inimigos e nas suas posições para não se ver forçado a repetir o nível inteiro, o que não é nada divertido e, na verdade, nem deveria acontecer porque o jogo supostamente conta com o recurso de checkpoints. Entretanto, em apenas um momento, uma falha minha me levou a um ponto no meio do nível ao invés de me devolver ao começo, então não confie nesse recurso.

The Spy Who Shrunk Me
O que temos aqui?!

Quando The Spy Who Shrunk Me é difícil, ele é difícil pra valer. A partir do momento que o inimigo te detecta, é praticamente fim de jogo, a menos que você aja com muita velocidade (e tenha sorte) para escapar da perseguição e despistar seus oponentes. Não chega a ser um simulador em termos de dificuldade, mas os obstáculos podem ser um entrave para quem esperava apenas dar umas boas risadas dos inimigos encolhidos.

Falando de encolhimento… bem, ao contrário do que você deve estar imaginando, essa mecânica não é o foco do jogo. A furtividade é o ponto principal e a Catland te oferece uma seleção de bugigangas esdrúxulas para burlar a vigilância. Não são muitas: uma mina de proximidade, um teleportador e… [outra pausa dramática] cascas de banana. Há munição suficiente da arma encolhedora para você usar aqui e ali, porém não é o bastante para você transformar o jogo em um passeio pelo parque, miniaturizando tudo e todos que cruzarem seu caminho.

The Spy Who Shrunk Me
Dúvida: jogo esse moço no picador de papel ou na lixeira?

Infelizmente – e esse é um pecado que achei dos mais graves – os níveis não parecem ter sido projetados para uma protagonista em miniatura. Há pouquíssimos atalhos que podem ser acessados na forma pequenina e um jogador poderia facilmente ignorar por completo a premissa do raio encolhedor e atravessar o título quase de ponta a ponta sem empregar seus poderes. A excelente exceção acontece nos dez minutos finais, incluindo uma bem sacada sequência de fuga por dutos, onde estar encolhido é obrigatório. Da minha parte, achei o mecanismo teleportador mais efetivo do que os demais.

O que nos leva a uma qualidade espontânea do jogo: é possível completar as missões de maneiras diferentes. O game até mesmo pontua sua performance no final, estabelece alguns objetivos alternativos e instiga o jogador a tentar novamente com outra abordagem. Não chega a ser a liberdade plena de um Deus Ex ou de um Hitman e pode acontecer de você descobrir formas que deixam o mapa fácil demais de ser atravessado, mas isso acaba sendo bastante divertido.

The Spy Who Shrunk Me
“Jornalista de jogos”? Fui descoberto!

Outro pecado mortal de The Spy Who Shrunk Me é sua curta duração. Em duas horas ou menos (pode variar de acordo com o talento de cada um) você atingirá um dos finais diferentes, decididos pelo resultado do último nível.

Felizmente, essa falha da Catland é facilmente explicável pelo fato do jogo estar em Acesso Antecipado e a desenvolvedora já tem toda uma programação para 2019 com novas fases, novas missões e novos apetrechos eletrônicos para Smoothspy, Audrey Smoothspy.