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Os portões de Cocite recebem Ethan ao estranho vilarejo no qual ele busca sua filha. Assim como na história de Dante e Virgílio, o misterioso protagonista do novo jogo deverá atravessar um inferno congelado em busca de uma vida “pacífica”. Sozinho do começo até o final deste curto trecho da aventura, pude explorar a intimidade da maioria dos locais disponíveis. Admito que Resident Evil Village está bem mais chamativo do que eu esperava.

Assim como em RE7, a câmera em primeira pessoa traz um destaque a mais para a aventura de Ethan. Com seus enigmas espalhados desta vez na área que é muito maior do que vimos na fazenda dos Baker, fiquei com medo de não dar conta de zerar a demo em seu tempo limite. Mas felizmente consegui completar a tarefa, com tempo extra para poder explorar o local a fundo, então se preparem para descobrir novidades. Mas como sempre, aviso de spoiller sobre o conteúdo a frente.

Proteja-nos, ó, Mãe Miranda

A demo começa com Ethan conversando com uma anciã da vila realizando uma prece em meio a uma trilha. Essa senhora parece saber mais do que aparenta e reconhece Ethan quando ele diz estar em busca de sua filha com Mia, Rose. Em um misto de terror e alegria, ela diz que desde que a criança chegou, o local foi invadido por trevas. Ela alerta Ethan para se apressar, pois as criaturas estão chegando.

A partir dai, relógio na tela de pause e a cronometragem valendo! O jogador tem 30 minutos para correr e explorar o local todo atrás do objetivo final, abrir um portão de pedra no topo do cemitério. O portão traz uma alegoria de uma jovem Donzela de Guerra lutando contra um demônio. E os discos contendo o rosto da heroína e da criatura devem ser encontrados dentro deste limite de tempo.

O terror continua a quilômetros da residência Baker!

No total existem em torno de 5 casas que podem ser adentradas afim de se explorar e notar pequenas pistas. Na primeira casa, por exemplo, podemos entrar e encontrar a primeira à nossa esquerda, aonde mostra claramente o logo do game. Aparentemente feito de sal e disposto de uma maneira semelhante a um circulo de proteção, é um elemento interessante em duas formas diferentes. Primeiro que o logo se assemelha a um útero, no qual um feto se gera, dando ideia de vida nova e proteção. E ver o mesmo sendo feito com sal, reforça essa ideia de proteção, já que o sal é visto como um santo remédio contra criaturas das trevas. Se alguém aqui viu Supernatural, sabe bem como a ideia funciona.

Cantus lupus agnus totus!

Em outra casa, próxima a esta, encontramos um altar erguido em homenagem a “família” daqui. Podemos ver imagens de Lady Dimitrescu, Heisenberg, Mãe Miranda e outras entidades que parecem ter o domínio sobre o local. Neste altar encontramos o primeiro fragmento das chaves do portão de pedra, sendo essa o rosto da Donzela de Guerra. Uma vez encaixado o rosto da jovem no portão, segui rumo aos campos, local aonde consegui a escopeta da demo.

Imagem do texto de Resident Evil Village

O PS4 FAT não “arregou” para o novo game da CAPCOM não, então não se preocupem.

Aqui nos campos é aonde vemos os licans pela primeira vez e devo admitir, amei os novos inimigos! Para aqueles que estão falando “Ain, mais lobisormers nãum saum zumbis!”, acho melhor ficar longe de Resident Evil Village. Tal qual a forte inspiração que o game teve em Resident Evil 4, os Licans lembram bastante o modo operandis dos ganados. Utilizando armas brancas, as garras e presas para ferir e matar Ethan.

Na segunda rodada da demo, resolvi até mesmo deixar um deles me matar para ver o que rolava. E voltamos as mortes gráficas uma vez mais, outra vitória para os fãs da série. Ver o lican arrancar o esterno de Ethan e banquetear em suas entranhas foi um momento muito divertido de se assistir. Além do mais a escolha de criaturas para o jogo foi perfeita, afinal aparentemente estamos na Romênia. Ou uma adaptação da mesma feita para o Resident Evil Village, já que até a moeda do jogo é semelhante a real.

Imagem do texto de Resident Evil Village

Orem por suas vidas, pois os monstros estão com sede.

Tirando férias com o conde

Com isso em mente fica fácil ver qual foi a ideia da Capcom. Finalmente expandir ainda mais o seu catálogo de armas biológicas para a série, saindo um pouco da veia sci-fi e molhando mais o pé metafórico em lendas. O que eu achei muito interessante desta sacada foi ver como a população não vê os monstros e espera algum culpado, como nos anteriores aonde tentam ponderar de onde veio a infestação zumbi.

Na primeira casa que entramos há um pequeno documento que diz o seguinte: “Ó grandes Licanos, monstros de outrora. Que venham comer nossa carne, que venham nos dilacerar”. A origem dos Lican no folclore mundial pode ser resgatada desde a Grécia aonde Zeus transforma o rei Licaão, que cozinha o próprio filho e o serve ao patrono dos deuses. Sendo amaldiçoado após isto por ele, se tornando o primeiro lobisomem que se tem conhecimento.

Imagem do texto de Resident Evil Village

Pelo visto poderemos montar barricadas em determinados momentos do jogo.

No entanto por este pequeno texto encontrado em Resident Evil Village podemos ver que aqui os Lobisomens, como Drácula tem uma origem muito forte com a igreja. Creio eu que a população deste vilarejo acredita nos licanos com uma vertente mais voltada para o catolicismo. Aonde se diz que padres e membros excomungados da igreja se tornam licantropos, por exemplo. No entanto existem certos documentos que afirmam que Deus pode dar o dom da licantropia como uma forma de libertação de todo o mal.

Segundo documentos reais, São Tomas de Aquino mesmo diz que todos os anjos, bons e maus podem assumir diferentes formas. Dando a entender que talvez os licanos sejam vistos aqui mais como uma entidade religiosa ao invés de uma arma biológica ou “erro de laboratório”, dando a entender que alguém está se aproveitando da fé dos habitantes da vila. Enquanto isso temos a figura in-game de Mãe Miranda, que protegia os habitantes do local.

Imagem do texto de Resident Evil Village

Agnus totus, deus diabolu, cantus nocturnus, infernum aeternus.

Fim do vilarejo?

Voltando a demo em si agora, após enfrentarmos alguns sorrateiros licans que usam a vegetação alta da plantação para se esconder, encontramos Elena e seu pai, ferido por um Lican e extremamente fatigado. Com isso Ethan sai pelo fundo e diz para que eles fiquem em silêncio enquanto abre o portão da casa de Luiza, uma figura vista como confiável nestes tempos difíceis de crise e de coisas anormais ao redor do lugar.

Após muita reclamação do velho Leo, pai de Elena, entramos no terreno de Luiza. Com uma recepção amarga de um jovem assustado demais para agir de forma coesa, ele ameaça matar Elena, Leo e Ethan por conta do barulho que estão fazendo. Luiza o dispensa e os acolhe dentro de sua casa, aqui vemos na integra a cena do trailer rolar, vemos Leo sofrer uma transformação inicial em Lican, atacando e matando todos na sala. Exceto por Elena e Ethan.

Imagem do texto de Resident Evil Village

Torresminho com pinga desceu bem não “fia”.

Ethan consegue escapar e no processo de saída do local podemos encontrar o segundo fragmento do mecanismo do portão. No entanto é realmente interessante perceber como as personagens dos sobreviventes são bem entrosadas e introduzidas na trama. Durante a reunião, um dos sobreviventes se embriaga e dispara obscenidades a todos presentes na sala, deixando o pânico tomar conta de suas ações e falas.

Enquanto isso temos uma breve explicação do que acontece no vilarejo, mas logo tudo acaba com Leo sendo infectado e se tornando extremamente violento. Em uma verdadeira demonstração de violência insana e propulsionada pela fúria contida em um infectado vemos ele usar seu facão para cortar Luiza. O corte desce do ombro esquerdo até a região da cintura em uma linha reta, com o facão atravessado, cortando carne, osso e cartilagem como se fosse uma faca fervente em manteiga.

A bruxa anciã, esconde muito do que sabe ainda.

Pânico no pentagrama

Assim como os que estavam dentro da casa, o jovem que fora dispensado por Luiza para que fosse rondar os campos encontra a morte também. Mas não pelas mandíbulas de um licano, mas sim pelas suaves mãos da mulher que adorna a mascara dourada. Alguns dizem ser Mia, outros dizem até mesmo que seja Carla Radames, de Resident Evil 6. No entanto, este último acredito ser bem difícil.

Nesta discussão, eu acredito muito que possa ser Mia, afinal ela esteve por muito tempo em contato com Eveline. A primeira arma biológica do segmento E-Type, Eveline constantemente assumia formas diferentes indo desde sua idade mais velha até à juventude. Após os eventos da casa dos Baker, Mia foi resgatada por uma tropa da BSAA, no entanto não se sabe até aonde foi estudada no caso de algum resquício da infecção pelo mofo e se algo foi encontrado.

Quem será você?

Por hora foi o que pude descobrir da demo de Resident Evil Village disponibilizada ontem. Mas ainda temos o castelo agora no dia 24 e em 1 de Maio terei uma hora para poder explorar ambos locais, ou seja caneta e papel na mão, para não perder nenhuma anotação. A noite está chegando e os lobisomens cantam para a lua pingando sangue enquanto banham a lavoura com o mesmo sangue daqueles que um dia chamaram de amigos, amores e familiares.

Chris continua sua jornada como um “traidor” por este inferno congelado, assim como no Cocite, tudo que ele vê são fantasmas do passado e gigantes feito pedra por conta do frio impiedoso. O que será que nos aguarda no cerne da fábrica de cadáveres, Heisenberg realmente é um aliado e por que eu não posso chegar enchendo a Lady Dimistrescu de bala? Só nos resta aguardar para descobrir.