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A indústria de videogames, comparada a outras formas de entretenimento, ainda é jovem. Desde o seu nascimento em 1958, demorou várias décadas para chegar em massa aos lares e, quando isso aconteceu nos anos 80, através da Nintendo, nada sugeria que pudesse haver algo mais do que um brinquedo sofisticado para os mais pequenos. O tempo mostrou que este mercado era capaz de acumular lucros enormes que, em alguns casos, ultrapassam os números do cinema. Por isso em Hollywood eles tentam levar muitas dessas histórias para a tela grande, com resultados tremendamente desiguais.

Os jogos de hoje mais populares pareciam intransferíveis para a lógica de um longa-metragem. Por que um filme de Tetris, Pac Man ou Arkanoid poderia ser feito? A popularidade de Super Mario Bros, saga que havia transformado a Nintendo em uma empresa de milhões, tentou testar se aquele sucesso teria sua correlação no cinema. A experiência foi uma decepção brutal que nem mesmo cobriu seus custos de 48 milhões de dólares.

Mario e Luigi com armas? Não tinha como dar certo.

Mudanças

Com o advento do novo milênio houve mais tentativas de transformar jogos de sucesso em franquias de filmes. De novo os resultados foram muito desiguais. Em 2001 foi lançado Tomb Raider, com Angelina Jolie. Em 2002 Resident Evil, com Milla Jovovich, duas opções que revigoraram a tendência de adaptação de jogos populares e em ambos os casos, tiveram continuações. Embora ambos estejam longe de serem obras-primas conseguiram chamar a atenção do grande público, tendo um ótimo desempenho de bilheteria e, consequentemente, virando a semente de um modismo.

A partir daquele momento, muitos produtores pensaram que o nome de um videogame de sucesso bastava para rentabilizar sua adaptação, mas nada poderia estar mais longe da verdade. Algumas produções foram relativamente lucrativas, como Silent Hill, Hitman ou Max Payne. Outras quebraram nas bilheterias como Doom: Hell’s Gate, Street Figher: The Legend of Chun Li ou Dead or Alive. Projetos com investimentos altíssimos e grandes nomes do elenco, como Prince of Persia, com Jack Gyllenhaal e Ben Kingsley, passaram sem dor e sem glória.

Até que os jogos seguiram os filmes

E aconteceu o impensável, que é que os videogames passaram a ser considerados produções milionárias cujo objetivo era principalmente o público adulto, porque agora essas crianças eram mais velhas e financeiramente independentes. Hoje essa tendência promete continuidade, e em um futuro próximo serão diversos filmes baseados em videogames que terão orçamentos avultados e estrelas importantes. Entre eles estão Uncharted, com Mark Wahlberg e Tom Holland, The Division, com Jake Gyllenhaal, uma sequência de Tomb Raider, um filme de animação de Super Mario Bros., o primeiro longa-metragem ambientado no universo de espionagem de Metal Gear Solid, e a comédia Borderlands, estrelada por Cate Blanchett, Jack Black e Jamie Lee Curtis.

No que diz respeito à televisão, a Netflix tem uma grande aposta pronta. Por um lado, está em curso uma série baseada em Resident Evil e, por outro, a plataforma de streaming anunciou que no próximo ano pretende adicionar videojogos ao seu catálogo. Outro projeto que em breve chegará às telinhas, e que é o que mais se espera, é a série The Last of Us, produzida pela HBO. Baseada no díptico lançado no Playstation 3 e 4, essa saga se passa em um futuro não muito distante, no qual uma pandemia devastou a humanidade, transformando as pessoas em criaturas selvagens. Não há dúvida de que os videogames não são mais uma moda passageira e por isso a indústria cinematográfica confia nas possibilidades desses mundos não só pelas suas histórias, mas também pelos seus recursos visuais.