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Só o nome Call of Duty já é responsável por vender milhões de dólares por ano, tendo um histórico muito forte na comunidade FPS. O que não tem como negar é que, com esse sucesso, a franquia vem sofrendo altos e baixos desde Modern Warfare. Investir na temática futurista, para muitos, não foi a escolha mais saudável e, talvez como muitas outras empresas já fizeram, brecar a “evolução” natural para retornar às origens pode ter feito muito bem ao novo game da Activision. Call of Duty: WWII não é só um retorno aos primórdios, mas também é um respiro muito bem-vindo para quem se manteve fiel até hoje.

De volta para o futuro

A Grande Guerra, como é conhecida a batalha que partiu um século ao meio, sempre foi motivo de atração para qualquer meio de entretenimento. Desde livros, games e filmes, buscar uma nova maneira de retratar a luta contra o nazismo sempre foi um desafio e trouxe coisas boas para os entusiastas dessa temática. O trabalho da Sledgehammer não foi diferente, que conseguiu pensar num título que pudesse colocar a franquia de volta aos trilhos e pensando no futuro trabalhando o que foi sucesso no passado. Repleto de conteúdo e com um modo história que conseguiu me impressionar, esse título está entre um dos melhores do gênero que joguei nos últimos anos.

Imagem do jogo Call of Duty: WWII
Construção narrativa digna de filme hollywoodiano

No papel do soldado Ronald “Red” Daniels, da 1ª Divisão de Infantaria, o jogador passará por batalhas do Dia D, na França, indo pela Bélgica, e através do rio Reno para chegar à Alemanha. Muito marcado por Battlefield, Overwatch e Battlefront, Call of Duty vem perdendo seu espaço e precisava aprender com seus concorrentes qual a melhor maneira de se reerguer. Para isso, os diretores Bret Robbins e Dennis Adams mantiveram um foco mais cinematográfico ao trabalhar seus personagens e narrativa para chamar atenção com a qualidade gráfica que o jogo possui.

Imagem do jogo Call of Duty: WWII
O relacionamento entre Daniels e Zussman é um dos pontos fortes do modo história

Repetindo a fórmula ao trazer atores de Hollywood para o jogo, dessa vez temos Josh Duhamel interpretando o durão Sargento Wiilliam Pierson e Jeffrey Pierce, como o 1º Tenente Joseph Turner. No entanto, somos apresentados à novos e carismáticos personagens “desconhecidos” até então. Para a minha surpresa o peso não ficou apenas nos dois personagens interpretado por famosos, pois durante as sete horas de campanha, nós acompanhamos a construção da amizade e relacionamento entre diversos soldados, com foco na amizade entre Robert Zussman e Daniels. Sem deixar de lado outros importantes nomes que aparecem nesse jogo como, por exemplo, Coronel Davis, Drew Stiles, a francesa Rousseau e o Major britânico Edgar Crowley, nos levando por diversas situações que exploram um pouco de cada personagem.

Imagem do jogo Call of Duty: WWII
O visual continua impressionante mesmo durante o gameplay

A preocupação da Activision em conseguir desenvolver os personagens foi o principal ponto positivo, pois somente com expressões marcantes, sentimentos fortes e personalidade é que a história consegue se desenvolver a ponto de impactar quem está jogando. Você com certeza ficará tocado pela jornada de Daniels e com o resgate do lado mais humano que o retrato da guerra costuma ignorar por conta da violência e brutalidade dos acontecimentos.

Ao invés de jogar gráficos e sequências pré-definidas para impressionar pelo visual, como Battlefield vem fazendo, ou pelo design marcante dos personagens de Overwatch, você tem em Call of Duty: WWII apenas humanos em situações extremas. Há prédios desmoronando e ataques fulminantes que modificam o campo de batalha, mas muito disso sai de cena para dar lugar ao simples olhar para as mãos sujas e trêmulas do seu personagem.

Imagem do jogo Call of Duty: WWII
Esbanjando beleza no visual do campo de batalha

É tão marcante a forma como a história se desenvolve que mesmo na primeira hora, em que você presencia a ameaça de perder um amigo no campo de guerra, é impossível não ficar aflito para que ele sobreviva e que a sua luta para carregá-lo até um lugar seguro seja concluída. Faz tempo que um jogo não consegue resgatar a memória de um bom filme de guerra e aquela aflição pela forma como a Segunda Guerra Mundial é retratada. Logo no início somos impactados com o desembarque na Normandia, que traz à tona aquele clima do filme O Resgate do Soldado Ryan. A sequência na torre da igreja de Marignay também é digna de menção. É de vibrar de pé quando Daniels e os demais conseguem triunfar! Vou me conter apenas nestes dois exemplos para não estragar a surpresa, por mais previsível que seja em alguns casos, mas que vai surpreender na humanidade empregada no roteiro e a maneira como retrata o ser humano que existe dentro de qualquer soldado.

A guerra é infinita em Call of Duty: WWII

Uma coisa que ninguém pode reclamar, seja fã da franquia ou novato, é a quantidade de conteúdo que o jogo oferece. O mais impressionante é que, dentro das suas limitações, propostas e até mesmo qualidade, tem para todos os gostos. Até eu, um jogador que prefere modo solo ao multiplayer frenético, consegui me divertir com as outras opções e que não são necessariamente partidas de tiro. Como assim? Simples! A Activision começou a pensar em conteúdos mais “for fun”, com uma pegada de colecionável e que complementa o seu tempo em jogatinas locais ou online, talvez para agradar os jogadores mais casuais (como eu), porém que possuem itens de difícil acesso e voltado para aqueles que estão acostumados com o competitivo.

Imagem do jogo Call of Duty: WWII
Activision presenteando os jogadores mais velhos

A maior surpresa, que contribuiu para reunir todos esses extras em um único lugar, foi o acampamento da 1ª Divisão de Infantaria montado na praia de Omaha, após o primeiro capítulo do jogo. Claramente inspirado na Torre, de Destiny, essa hub central concentra todas as opções que você terá disponível no jogo, além dos NPCs responsáveis por missões, melhorias e itens cosméticos para o seu personagem como, por exemplo, aparência, uniformes, símbolos, assinaturas, etc. Além dos elementos customizáveis, que incluem o seu arsenal a ser desbloqueado, o que mais me agradou foi uma tenda marcada como Descanso e Relaxamento: uma central com diversos jogos antigos do Atari que carregavam a marca da Activision. Esse sim foi um dos motivos que me fariam continuar jogando o modo multiplayer apenas para ganhar “dinheiro” e custear as várias horas nesse emulador.

Imagem do jogo Call of Duty: WWII
Não pode faltar loot box em jogos dessa geração

Você também poderá receber as loot boxes que conseguir ou comprar, comparar placares, participar de treinamentos e até desafios 1 vs. 1 jogador. O que achei muito estranho, reparando em streaming (principalmente de PC), é que nesse ambiente dificilmente encontrei outros jogadores online e compartilhando o espaço comigo. Conforme o release para imprensa, esse lobby comporta até 48 pessoas online ao mesmo tempo, mas eu realmente não tive a oportunidade de encontrar tantos assim. Essa mesma “falta de jogadores” também existiu em partidas do Nazi Zombies, que também chamou atenção por retrabalhar a fórmula cansada e repetitiva após diversos jogos.

Agora você tem missões para cumprir, dando um peso muito grande para o termo “trabalho em equipe”, com ambientes ainda maiores e que dependem de trancos, o dinheiro que você ganha ao matar zumbis para abrir portões e portas, comprar habilidades e armas ou até mesmo melhorias para se manter vivo pelas várias ondas de ataques sem fim. Até arriscaram criar uma breve narrativa, em que o Terceiro Reich criou um exército de mortos-vivos para tentar virar o resultado da guerra, e diversificaram as mecânicas de combate em quatro classes distintas: Ofensivo, Suporte, Médico e Controle. Tudo isso com uma excelente cereja de bolo, apresentando novos personagens que são interpretados por mais celebridades do cinema como, por exemplo, Kathryn Winnick, David Tennant, Ving Rhames, Elodie Yung e Udo Kier, com direito à feições e vozes.

Imagem do jogo Call of Duty: WWII
Aquele modo família que o Zombie continua oferecendo

O modo multiplayer retorna com os já esperados tipos de partidas com Mata-Mata em Equipe, Dominação e Localizar e Destruir, mas adiciona um inédito: Guerra. Este novo modo tenta se aproximar do que Battlefield fez ao inserir objetivos a serem cumpridos pelo mapa, se destacando com uma pitada de narrativa. Independente da pontuação, ganha a equipe que cumprir a missão primeiro, dando vitória aos países do Eixo ou aos Aliados.

A correria frenética e insana do estilo que Call of Duty carrega em seu modo online acaba sendo dissolvida em um mapa maior, com mais pontos de atenção com menos quick scope e bunny hop, evitando que a partida fique sem graça e sem o menor sentido com tanta loucura acontecendo num mesmo espaço e em pouco tempo. Finalmente um formato de jogo que conseguiu me prender por um bom tempo e não passar raiva como, por exemplo, se eu estivesse jogando um Mata-Mata em Equipe rodeado por viciados em matar. Isso sem contar a molecada e seu rage via microfone por conta de placar.

Imagem do jogo Call of Duty: WWII
Conteúdo extra até mesmo na explicação das novas Divisões

O modo história, mesmo sendo muito curto, apresenta novas adições muito bem-vindas e que complementam grandiosamente o formato do jogo. Agora você receberá diversas ajudas que otimizam a inteligência artificial dos personagens que acompanham sua jornada, oferecendo kits médicos (já que nesse jogo seu HP não se regenera como antes), além de jogarem munição. Até mesmo o durão Pierson estará ao seu lado oferecendo sua visão para marcar a posição dos inimigos. Isso sem contar a ajuda dos bombardeios, também oferecida pelos seus companheiros de guerra.

Como se não bastasse tanto conteúdo à sua disposição, o novo sistema de classes deixa de lado os antigos perks para apostar em habilidades passivas únicas para cada tipo de personagem e que dependem da sua progressão para oferecer bônus dentro das partidas. Na verdade não podemos mais tratar como classes e sim divisão do exército, pois agora temos a Infantaria, Aérea, Blindada, Montanha (escolhi esse por conta do foco em sniper e combate à distância) e Expedicionária, cada um com suas particularidades no combate, com certos tipos de armamento característico e upgrades que tentam balancear cada uma das divisões. Atenção no “tentam”, pois é muito comum entrar em partidas que tenham apenas jogadores como Infantaria, dispostos a abandonar qualquer objetivo apenas pelo prazer em perseguir pontuação com a matança desenfreada.

Imagem do jogo Call of Duty: WWII
Tirando o novo modo Guerra, os diversos e descartáveis modos online continuam presentes

Fire in the hole!

Call of Duty: WWII chega para incendiar 2017 e dificultar ainda mais a escolha dos melhores do ano. Surpreendentemente bom, ele conseguiu revitalizar a franquia com um game completo e muito diferente do que vinha apresentando. Ter aceitado os movimentos que o mercado vem sofrendo e apostando em construções narrativas mais sólidas e impactantes, além de esbanjar nos gráficos com cenários repletos de visuais deslumbrantes, prova que Activision evoluiu sua mentalidade. Impossível não dar uma chance para esse novo título e se surpreender em como ele é completo, conseguindo agradar a todos os tipos de jogadores. Se você ficou longe, faça como eu e dê uma nova chance à franquia e se surpreenda!

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