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No dia 26 de março, a Square-Enix anunciou que seu presidente, Yoichi Wada, estava deixando seu cargo, devido aos péssimos resultados financeiros do exercício anterior.

Até aí tudo bem, esse tipo de movimento sempre acontece, executivos fazem cagadas várias e são demitidos pela junta de acionistas. E no caso da Square-Enix, as cagadas são praticamente um pré-requisito; só tem que ver o preço que eles vendem os Final Fantasy antigos na App Store e na Play Store.

No entanto, a leitura do relatório de resultados da companhia joga algo de luz nesse processo. Wada foi demitido não pelos resultados financeiros; foi demitido pelas altas expectativas que eles colocaram em seus jogos.

O relatório disse que o principal motivo para os péssimos resultados da empresa (prejuízo estimado para o ano-fiscal em curso de 13 bilhões de ienes, aproximadamente 138 milhões de dólares) foram as “vendas num ritmo menor que o esperado para grandes títulos de consoles nos mercados americano e europeu”. Três títulos foram citados nominalmente: Tomb Raider, Hitman: Absolution e Sleeping Dogs.

Só que, se a gente compara os números desses títulos, algo parece muito errado… As vendas estimadas dos três títulos, até o momento em que o relatório foi divulgado, eram as seguintes:

– Sleeping Dogs: 1,75 milhão de cópias
– Tomb Raider: 3,4 milhões de cópias
– Hitman: Absolution: 3,6 milhões de cópias

E aí é que a gente vê como esse mercado ficou louco. Três títulos que estão na lista dos best-sellers do ano, com vendas de bem mais que um milhão de cópias cada, tiveram vendas consideradas “insatisfatórias”. Nem dá pra imaginar o que seria satisfatório nesse caso…

Mas espere, isso não é um caso isolado! Há alguns meses, a Capcom já tinha dito que Resident Evil 6 havia “falhado” comercialmente… depois de vender quase cinco milhões de cópias. E a EA havia dito que Dead Space 3, para poder garantir a continuação da franquia, deveria vender pelo menos cinco milhões de cópias.

Vamos ver… O Playstation 2, o videogame que praticamente monopolizou o mercado durante anos e anos, teve, durante toda a sua vida útil, um total de OITO games que venderam mais de cinco milhões de cópias. Mas agora, qualquer porcaria de jogo top tem que vender mais do que isso para poder ser considerado lucrativo. Não dá pra entender.

Ou melhor, dá. Hoje em dia, a produção de um jogo é muitíssimo cara. Orçamentos de muitos milhões de dólares são a ordem do dia. E isso para hardwares que já estão no mercado há anos! Qualquer pessoa que trabalhe com desenvolvimento de software sabe que o desenvolvimento para uma plataforma (hardware/software) em que a equipe tenha pouca experiência será mais caro, tanto pelo custo de formação das pessoas quanto pela menor eficiência do trabalho realizado (basicamente, mais tempo para conseguir o mesmo resultado). Em outras palavras, o custo de formação de pessoal para desenvolvimento para X360/PS3 já está mais do que amortizado. E ainda assim, se gasta tanto dinheiro que todo jogo tem que vender como Call of Duty para se pagar.

O que levanta uma dúvida: se um jogo precisa vender cinco milhões para se pagar na geração atual, quanto precisará vender na próxima? Porque o custo de formação de pessoal vai ser enorme nos primeiros anos. Sem contar que o poder de processamento para poder desenvolver aquelas imagens bonitas que a gente viu nos trailers do PS4 será absurdo. Estamos falando de jogos que serão um fracasso se não venderem pelo menos 10 milhões de cópias?

Só eu acho que isso é uma loucura?

Só eu acho que a idéia da Nintendo de lançar um hardware “defasado” (ênfase nas aspas, por favor) é uma fantástica maneira de poupar gastos? Que parece que só eles viram que uma boa idéia bem usada é algo que sai muito mais barato (e se pode vender muito mais barato) do que um poder de processamento absurdo, por desnecessário?

O que, claro, é a idéia da Apple. Boas idéias e jogos baratos, em vez de hardwares impressionantes e visuais estonteantes. Mas os big players continuam nessa corrida armamentista. Francamente, do jeito que vão eles vão morrer abraçados antes do fim dessa década. Só espero que não levem metade do mercado junto com eles.