Skip to main content

Ontem, eu joguei um pouquinho de Metroid: Other M. Bem, “jogar” está meio fora de contexto… Mas vamos começar do começo.

Yoshio Sakamoto, o produtor de Metroid: Other M, foi um dos principais responsáveis pela série Metroid juntamente com Gunpei Yokoi. E, aparentemente, isso faz com que ele seja o “dono” da série.

Para prova, uma historinha: como todo mundo sabe, quando a série Metroid ia voltar para os consoles de mesa, a Nintendo escolheu o Retro Studios – que fez o fabuloso Metroid Prime. Simultaneamente, Sakamoto estava fazendo Metroid Fusion. O pessoal da Retro decidiu que Metroid Prime seria uma prequel, e definiu que o Metroid Prime tinha chegado em Tallus IV com o meteorito que colidiu com o planeta. Origem clichê, mas com potencial.

Então, curiosamente, quando Metroid Fusion saiu, havia uma observação no manual sobre a trama: os Chozo criaram os Metroids para combater o X-Parasita. Algo que não é mencionado em lugar nenhum na trama do jogo e que não tem a menor importância para o desenvolvimento do jogo. No mínimo, é curioso como dois jogos da mesma série com lançamentos praticamente simultâneos se contradizem de maneira tão absurda.

E tudo fica mais esquisito ainda quando vemos os créditos de Prime, onde Sakamoto aparece como “responsável” pelas tramas de Metroid. Aparentemente, assim como Shigeru Miyamoto controla tudo de Mario e Zelda, Sakamoto controla tudo de Metroid na Nintendo – só que Miyamoto foi o produtor executivo de Metroid Prime, porque Sakamoto estava fazendo Fusion. Será que Sakamoto tirou da manga uma história nada a ver simplesmente para dizer “esse é o meu território”?

Para terminar a história: nas versões internacionais e tiragens subsequentes de Metroid Prime, desapareceu qualquer menção ao fato de que o Metroid Prime havia chegado ao planeta com um meteorito.

Aparentemente, pelo que a gente vê em Other M, foi o que ele fez. E, pra completar, ele pegou algum vírus do Kojima e caiu na tentação de contar historinhas. Sakamoto não parou em nenhum momento de dizer que esse é o Metroid que ele sempre quis fazer, onde ele desenvolve a Samus Aran como sempre quis.

E, com isso, demonstrou como é um sexista *#$%@ – e como provavelmente está com vontade de ser mandado embora, porque essa “história que eu sempre quis” simplesmente matou o jogo e a personagem. Quando eu disse lá em cima que “jogar” está fora de contexto, é porque eu fiquei vinte minutos na frente da televisão e joguei cinco minutos – incluindo aí o primeiro chefe. Filmes. Filmes longuíssimos e insuportáveis. Filmes mostrando como a Samus era um soldado quando era ainda uma moleca sapeca – e, apesar de ser uma soldado, usava a armadura de quarterback espacial vermelha e amarela em vez do uniforme dos seus companheiros.

Na verdade, até que as animações são bonitinhas – apesar de eu ainda não entender como a Samus moleca tinha cara de japa enquanto a Samus mulher tem olhões de ocidental (dentro do que dá pra entender por “ocidental” em animação japonesa, claro). Só que a “história” do filme…

Nem dá pra começar a falar. É impressionante como o Sakamoto consegue simplesmente liquidar toda a concepção que temos da Samus. Samus Aran, mercenária espacial, com muitos anos de experiência combatendo todo tipo de ameaça alienígena, se oferece para seguir as ordens de seu antigo comandante sem reclamar.

Perdão, eu disse “seguir as ordens”? Queria dizer “submeter-se às ordens”. Mesmo quando ele, no auge de um combate contra uma criatura gigantesca, a proíbe de usar mísseis. Ou quando a proíbe de usar QUALQUER item de seu inventário sem a sua permissão. Você precisa atravessar uma fase de lava? Vai ter que ser na raça, porque o chefinho não liberou o uso do traje resistente ao calor. Precisa de um item de energia mas só dá pra alcançar com uma mega-bomba? Esqueça, não tem permissão de seu “superior”.

E, pra completar, a Samus passa o tempo INTEIRO falando como ela é uma órfã, uma coitada, é triste, é infeliz, e como ela queria fazer de tudo para agradar o general. Vi apenas um filme, só um, e depois que o general mandou todos os soldados pra missões solo, estava esperando o momento em que a Samus ia tirar a armadura pros dois começarem de uma vez a sessão S&M.

O jogo em si tem seus problemas (como a forma da Samus recarregar seus mísseis com o poder da mente, e os scans em primeira pessoa onde você nunca tem a menor idéia do que está buscando), mas dá pra jogar. Só que a história é tão ridícula, mas TÃO ridícula, que com certeza eu não volto a colocar o jogo no meu Wii sem ter muito álcool na cabeça, então vou demorar muito pra voltar a jogar.

Quando os jogadores souberam, lá em mil novecentos e bolinha, que aquele cara de armadura que detonou todo mundo, era na verdade uma mulher, foi uma surpresa; talvez a primeira mulher forte dos videogames. Foi o que bastou para criar um dos vértices da grande trindade da Nintendo.

E tudo isso foi jogado no lixo por causa do ego de um japonês sexista. Parabéns, Nintendo.