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Depois de algumas semanas preso dentro da minha própria cabeça, New Super Lucky’s Tale surgiu novamente para me salvar. O adorável jogo da Playful é ridiculamente fácil de gostar, desde a concepção das personagens até seu gameplay de plataforma fluido. Agora, o título não só está disponível no Xbox Game Pass, como recebeu um upgrade para rodar a 120fps nos consoles Xbox Series (mas por motivos de conveniência, utilizarei capturas que já possuía no PS4).

Em New Super Lucky’s Tale, a raposinha Lucky é separada de seu bando após ser sugada pelo Livro das Eras, um artefato poderoso que a leva para outros mundos nos quais deve coletar páginas para poder voltar para casa. Nesses outros mundos, Lucky enfrenta a Ninhada, um grupo de gatos maldosos que faz de tudo para impedir a raposa em sua missão e proteger seu líder Jinx. A cada mundo, um chefe, e a cada chefe uma temática.

A banda está de volta.

Nas duas vezes anteriores nas quais concluí New Super Lucky’s Tale, uma no Switch e outra no PS4, fiquei simplesmente encantado pelo charme que o jogo emana em seus diferentes aspectos, do design das personagens até o layout de fases. Tudo é obviamente feito com doses generosas de carinho, sentimento que se torna recíproco da parte do jogador. Mas além de carinho, o jogo esbanja inspiração na maneira como concebe novos mundos para onde se divertir.

Um dos melhores é Veggie Village, onde ajudamos minhocas em uma temática country, todas elas com sotaques carregados que são simplesmente muito fofos. Neste mundo temos que realizar tarefas como ajudar um grupo de minhocas a realizar um show de música country e até resgatar coelhos em crises existenciais (que têm muito a dizer sobre a vida), por exemplo. Não falta charme à maneira como as criaturas falam, expressando-se com sons indistintos que imitam um balbuciar humano (e, nesse caso, o R arrastado do interior).

Outro mundo, Hauntingham, o penúltimo a ser desbloqueado, envolve fantasmas numa feira de variedades, criando um playground divertidíssimo para o jogador. Em um de seus níveis, Lucky deve participar de uma série de atividades, sem ordem específica, para desbloquear o caminho para o chefe, e tal fase me fez desejar que o jogo contivesse mais de uma fase em tal formato. Na verdade, me faz querer que TODO JOGO apostasse nessa mesma ideia.

No entanto, para além das qualidades individuais de New Super Lucky’s Tale, há o fato de que o jogo é, sem mais nem menos, acessível a jogadores de todos os níveis. Pode-se dizer que é bastante fácil, até, e isso levanta um dilema: quão fácil um game pode ser sem perder sua qualidade como entretenimento? Alguns diriam que a ausência de desafio torna as coisas menos satisfatórias, mas este não é o caso.

Ora Lucky, piscando pra câmera na hora de tirar foto?

Como prova viva disso, minha namorada, que é relativamente inexperiente com games, jogou o título de cabo a rabo em cerca de 20 e poucas horas (o que no meu caso foi registrado em cerca de 7 horas). Em nenhuma dessas horas jogadas houve algum momento fácil demais ou difícil demais, e todas elas foram apreciadas com um grau de encanto invejável, que dá vontade de voltar no tempo e descobrir Lucky em outro momento da vida.

O grande desafio, para ela, foi aprender a usar a câmera ao mesmo tempo em que se movia, mas isso foi superado com êxito com um pouco de treinamento. Logo, em cerca de algumas horas, ela estava pronta para enfrentar os variados tipos de gameplay plataforma que New Super Lucky’s Tale tem a oferecer: desafios 2D, isométricos ou totalmente 3D. Isso além dos puzzles que vão satisfatoriamente ficando mais desafiadores – até mesmo eu quebrei a cabeça com alguns.

O nível de desafio é suficientemente abrangente. 

Além de New Super Lucky’s Tale, tive a oportunidade de embarcar em mais outro título de plataforma: Astro’s Playroom. A demo desenvolvida pela Team Asobi foi feita especificamente para mostrar os potenciais do controle Dualsense do PS5, mas acaba sendo bem mais do que isso ao efetuar uma homenagem a todo o legado da Sony com seus consoles PlayStation. A atenção aos detalhes é tamanha que acaba agregando ao charme do jogo.

Astro’s Playroom conta com um sistema de hubs inspirado nas partes técnicas do PS5, cada uma, de novo, com uma temática – há a Praça da CPU, as Termas da Ventoinha e a Estrada do SSD, entre outras. Mas além disso, existe um claro esforço na parte das referências pop, ao conter gags nos cenários que são claramente inspiradas em, por exemplo, Devil May Cry e Resident Evil. Há detalhes em todos os cantos, e alguém poderia perder horas apenas os listando.

Dante fazendo aquela aparição de luxo.

Em suma, é bom ver que o gênero plataforma ainda conta com fiéis representantes. Nessa era de third person shooters e jogos live-service, acaba sendo refrescante investir seu tempo em um título com fases inspiradas e desafios mais puros, que não envolvem números de XP ou grind. Isso que nem falei de Foxington, o último hub de New Super Lucky’s Tale, que contém fases que exploram de forma mais profunda os conceitos experimentados durante a campanha.

Assim, concluo esse Diário Gamer com a recomendação desses dois títulos que, apesar de singelos, ocuparam parte de meu tempo com muita graça e inspiração. New Super Lucky’s Tale, especificamente, é uma joia que há mais de 1 ano está merecendo um maior reconhecimento, desde seu lançamento no Nintendo Switch à chegada nos outros consoles. “Espero que sejam muito felizes e reconhecidos”, disse minha namorada sobre os devs logo depois de concluir o jogo, e o sentimento é compartilhado.