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Sou aspirante a colecionador desde pequenininho e, da sétima geração de consoles em diante, venho tentando acumular o máximo de jogos em mídia física que conseguir. Foi exatamente nessa geração que os jogos digitais eclodiram e ganharam cada vez mais espaço no mercado, chegando a um ponto em que a maioria das pessoas que consome videogames dá preferência à mídia digital.

Isso é tão verdade que agora, com a nona geração de consoles batendo na nossa porta, as empresas resolveram oferecer uma alternativa mais barata para aqueles que não ligam para mídia física, lançando um modelo do PlayStation 5 e do Xbox Series que não tem leitor de discos. À primeira vista, eles são muito vantajosos! Afinal, são consideravelmente mais baratos (principalmente o Xbox Series S), terão os mesmos jogos que o modelo mais caro e ainda contam com a praticidade da mídia digital, que com apenas um clique podemos baixar e jogar.

Essas vantagens são inegáveis e a ideia de ter uma biblioteca online com centenas de jogos a sua disposição é tentadora. O Xbox Game Pass está aí para mostrar que a mídia física realmente se tornou obsoleta. Mas neste texto, gostaria de provar meu ponto de que, a longo prazo, essas opções mais econômicas vão acabar pesando mais no seu bolso.

Primeiramente, gostaria de lembrar que estamos falando de consoles e não do Steam. No PC, a maioria dos jogos sai mais barato e consegue ficar com um preço ainda melhor nas diversas promoções da plataforma. Nos consoles, os jogos tendem a custar até três vezes mais e, mesmo com promoções, continuam caros!

Vamos tomar como exemplo o jogo Tom Clancy’s The Division 2, que está em promoção na PSN no momento em que estou escrevendo esta coluna. Nas imagens a seguir (clique para ampliar), confira a diferença de preço da mídia digital EM PROMOÇÃO e da edição física do mesmo jogo em uma loja confiável (não vou citar nomes porque não estamos sendo pagos por ninguém aqui, mas vocês provavelmente já vão identificar qual é).

Vale citar que ambas as versões se tratam da EDIÇÃO PADRÃO, ou seja, nenhuma das duas contém os DLCs.

“Ah, mas o dólar está alto, então aqui no Brasil tudo vai ser mais caro mesmo”. Na realidade, esse é um problema global, pois o que não falta nas redes sociais é esse tipo de comparação, principalmente vindo dos americanos e europeus.

É fato que a mídia física vem perdendo cada vez mais espaço no mercado e, quanto menos compramos discos, mais vantagem para quem faz os consoles! O que salva a mídia física de jogos é o seu alto valor de revenda, pois quem coleciona outros tipos de coisas, como filmes, por exemplo, sabe bem como nós brasileiros sofremos com isso.

Ainda se tratando de filmes, a Disney já anunciou que não vai mais lançar nenhum tipo de mídia física na América Latina e a Sony também deixou o futuro de seus discos incertos por aqui. Ou seja, quem quiser ter um filminho dessas duas empresas em sua prateleira terá que gastar horrores para importar uma edição que não é nada demais – ou depender do streaming, que te oferece um catálogo limitado e que, muitas vezes, não vai ter algum conteúdo específico que você queira assistir.

Como isso afeta a distribuição de mídia física de jogos no Brasil? Ora, vejam por vocês mesmos! Já temos títulos fresquinhos que não vão receber uma cópia em disco por aqui, como está sendo com os jogos da Activision. Tony Hawk’s Pro Skater 1 + 2 recebeu mídia física lá fora e aqui nos deixou a ver navios, assim como Crash Bandicoot 4: It’s About Time, que no Brasil só será lançado digitalmente – pelo singelo valor de R$200.

Muitos jogos lançados este ano tiveram edições especiais mais baratas do que sua edição padrão digital no período de pré-venda. The Last of Us – Part II recebeu uma edição física com steelbook (capa personalizada de aço) e livro de arte, saindo por R$230 na pré-venda, enquanto a edição digital ultrapassava o valor de R$250. O mesmo aconteceu com Ghost of Tsushima, que por aqui também recebeu uma edição especial em steelbook que, no período de pré-venda, saía mais em conta que a edição digital sem nada.

A CD Projekt Red é uma empresa que sempre capricha na mídia física de seus jogos, fazendo seu dinheiro valer! Inclusive, a edição física e digital de Cyberpunk 2077 estão saindo pelo mesmo preço na pré-venda, mas veja quantas coisas legais acompanham a mídia física:

Essa é a edição PADRÃO do jogo!

Ao investir em um console novo, devemos ponderar tudo isso. Seja pagando R$4.500 ou R$3.000, nenhuma dessas opções custa pouco dinheiro e devemos lembrar que o valor da mídia física sempre cai bem mais rápido que o da digital, então já é possível achar um jogo legal por um preço bem mais em conta poucos meses após seu lançamento.

Quanto mais pessoas investirem nos modelos sem suporte a discos, mais essas empresas poderão enfiar a faca nos jogos digitais e tornar esses valores ainda mais abusivos. Lembre-se que os jogos dessa geração serão mais caros, então você não vai encontrar nenhum AAA por menos de R$300. Pense bem antes de gastar seu suado dinheirinho nessas alternativas “econômicas”.