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Toda aventura tem um começo, independente de onde seja. Apesar de meus passos terem iniciado em Pokémon Blue, no saudoso Game Boy Color, foi na versão FireRed que me prolonguei na jornada para me tornar um mestre dos monstros de bolso. Mais de 900 horas, desenvolver centenas de criaturas para atingir o lv.100 e o Vs. Seeker mais usado que a sola dos tênis do Ash foram o meu passatempo durante a adolescência com o Game Boy Advanced.

Agora que a franquia completou 25 anos de aniversário, surgiu o desejo de completar novamente a saga em busca das oito insígnias de Kanto. Porém, convenhamos, seria muito fácil e tiraria toda a graça sem um diferencial, algo que me forçasse ao limite. Então decidi começar um novo game no desafio Nuzlocke. Obviamente, isso daria um baita trabalhão, mas o caminho para a Victory Road nem sempre é fácil e estava mais do que na hora deste fã dar uma chance ao desconhecido.

Pokémon FireRed e LeafGreen foram lançados para o GBA em 2004.

Método Nuzlocke?

Não estranhe o nome Nuzlocke, caso não conheça. Ele consiste em algumas regrinhas estipuladas pelos fãs que deixam a aventura mais imprevisível e muito desafiadora. Como é a primeira vez que sigo fielmente o roteiro, não absorvi toda a lendária lista que proíbe você até de comprar e vender itens, por exemplo. Vamos no básico, com muita calma, não é? Se você está começando, assim como eu, não adianta se limitar ao extremo e acabar frustrado mais para frente.

Sendo desta forma, em Pokémon FireRed, me limitei aos termos de capturar apenas o primeiro Pokémon que ver em cada rota e, quando um monstro chega a 0HP, você o liberará, igual a morte dos personagens em Fire Emblem. Só isso eu tinha certeza que me causaria um choque. Quem em sua jornada casual não cometeu uma falha e viu um dos membros do seu time chegar nessa? Já conheci jogador experiente do competitivo perdendo para o Green num dos primeiros confrontos do game, isso seria um erro muito mais frequente em comparação.

E, para dividir essa aventura com vocês e comemorarmos juntos as nossas histórias e tudo o que vivemos nas oito gerações, inúmeros spin-offs, animações e tudo mais que Pokémon teve a oferecer, resolvi trazer a jornada que marcou várias pessoas pelo mundo e trouxe os monstrinhos de bolso em sua melhor forma até os dias atuais. Sem mais delongas, assim como o Prof.Oak apresentando as criaturas para nós, apresento a vocês a minha jornada no enorme continente de Kanto.

Todo jogo principal começa com o Professor explicando como as coisas funcionam.

Quando comecei o Pokémon FireRed, eu já tinha estabelecido em minha mente quais seriam os primeiros passos e aqueles monstros que eu desejava ter no time. O plano era simples, começar a jornada com o Squirtle, pegar um Pidgey na primeira rota, ir atrás de um Mankey na Rota 22 – ou um Nidoran Macho caso minha sorte não sorrisse muito – um Weedle no início da Rota 2 e, com muita sorte, um Pikachu na Floresta de Viridian. Seria o ideal para eu passar por Brock e Misty, pelo menos.

Começando em casa, na pacata cidade de Pallet, Red segue para o laboratório do Prof.Oak para receber o primeiro companheiro de viagem e enfrentar o seu rival, Green. Até aí, tudo seguia em seu plano e meu encontro com Squirtle, vulgo Bubbles, não teve empecilhos. Varri o chão com o Bulbasaur escolhido pelo outro garoto e segui para a Rota 1. Apesar dela ser lotada de Rattata e Pidgey, o plano Nuzlocke de captura só iniciaria quando eu ganhasse as primeiras Pokéball e a ansiedade bateu. Afinal de contas, o treinamento teria prioridade para eu não passar nenhum apuros.

Imagem do Nuzlocke de Pokémon FireRed

A primeira coisa que tem de fazer é seguir ao laboratório do Prof.Oak.

Assim que completei a primeira missão e com as Pokéballs em mãos, voltei para a Rota 1 para pegar o meu Pidgey. Vamos ser sinceros, caros treinadores, é a escolha mais óbvia dali. Porém, quando aquele rato roxo e dentuço me apareceu, tive que engolir meu orgulho pela primeira vez. Vamos combinar treinadores, ele não é um Pokémon ruim. Ele só não seria a primeira opção de ninguém. Apenas o Youngster Joey, com seus shorts, seria louco a esse ponto. Mas lá estava ele e eu só poderia capturar o primeiro que aparecesse.

Para a minha surpresa, Bubbles estava extremamente motivado a batalhar. Meu Squirtle estava num nível baixo, com apenas o golpe Tackle de útil e eu fui atacar na fé. Acreditem ou não, no terceiro golpe eu acertei um Critical Hit e matei o ratinho. O Nuzlocke também é muito claro em relação a isso: se você derrota o Pokémon sem capturá-lo, já perdeu a sua chance naquele local. E eu consegui esta proeza logo na Rota 1, baita sorte a minha.

Apesar de eu ser uma pessoa que reclama bastante, até que fui otimista. “São quase 30 rotas dentro do jogo, perder uma não vai acabar com a minha partida”, eu me disse e segui o meu caminho para a Rota 22, ao lado de Viridian. Um Mankey ali levantaria o meu ânimo novamente e minha jornada seguiria exatamente para onde devia ir. E adivinhem quem parou na frente do meu Bubbles? Sim, outra Rattata. Respirei fundo e considerei uma ação do destino, aí tomei todas as precauções possíveis para ela não chegar a 0HP, conseguindo a primeira captura.

Imagem do Nuzlocke de Pokémon FireRed

Caso não conheça o Rattata, este é o famoso ratinho do jogo.

Da mesma forma que Squirtle, eu a nomeei. Rattata seria Joan, em homenagem ao saudoso Joey. Neste momento delicado, decidi treinar. A partir dali, eu confrontaria Green novamente e partiria em direção da Floresta de Viridian, onde apareceriam os primeiros treinadores genéricos para atrapalharem a viagem. É um costume meu levar os primeiros Pokémon para a primeira rota e fazê-los atingir o nível 10. Digamos que se torna uma forma segura para chegar no primeiro ginásio de forma tranquila e segurar as pontas.

Uma das maiores preocupações era não deixar Bubbles e Joan perderem grande parte de seu HP. Considerando que, de um lado, tem a mãe do protagonista que os cura por completo e, do outro, um Centro Pokémon, isso não me causou problemas sérios. A hora de partir para a Rota 2 logo chegou, onde eu encontrei um Pidgey logo de cara. Minha Rattata não perdoou e o aniquilou com um Critical Hit de seu Quick Attack. Sim, caros leitores, a sorte não estava muito do meu lado naquela fatídica noite. Mas a vida é isso.

Imagem do Nuzlocke de Pokémon FireRed

Nunca se engane pelo nível baixo, eles podem causar um estrago.

As primeiras batalhas

Sem muita enrolação, engatei direto para a Floresta de Viridian e, para me impactar de vez, o primeiro Pokémon que encontrei foi o Metapod. Pode não ser um Pikachu, como eu queria, mas a Butterfree, sua evolução, não é nada descartável. O primeiro golpe que ela aprenderia seria o Confusion, psíquico, assim como os movimentos que causam status negativos como envenenamento, sono e paralisação em seguida. Obviamente tive que lidar com ele possuindo apenas o movimento Harden até chegar lá, o que cansa um pouco a paciência de qualquer treinador no início.

Com Squirtle, Rattata e um Butterfree, que recebeu o nome de Dustin, eu derrotei os treinadores da floresta sem muitas dificuldades. Precavido como sou, também tinha levado alguns Antidote, afinal de contas sempre existem Weedles com Poison Sting espalhados por todo o local. Evitei essa dor de cabeça e saí de lá com minha equipe no lv.13, pronto para conseguir a Insígnia de Pedra.

Butterfree não chega a ser um Pokémon fraco no início do game.

Entrando na cidade de Pewter, não há muito a se fazer. É o primeiro local relativamente grande que visita, mas que conta apenas com um Museu para os curiosos e o ginásio, além de algumas casas ao redor. Com uma bicuda na porta, entrei onde eu queria e avistei Brock de longe. Diferente do que eu me recordava, não existiam dois treinadores para confrontar antes dele, apenas um. Ou seja, seria mais simples e sem muitos problemas, principalmente com um Squirtle ao meu lado.

Mesmo contando com ele, eu estava numa grande desvantagem, diga-se de passagem. Especialista no tipo Pedra, Brock e os treinadores no seu ginásio seriam um problema para Joan, que não conseguiria bater neles com golpes muito efetivos. E qualquer golpe do tipo em meu Dustin não causaria apenas 2x de dano de super-efetivo, mas sim quatro vezes mais por seus dois tipos serem fracos contra os mesmos golpes.

Fui direto na direção do único treinador que precede o líder e assim que me avistou, o combate começou. Percebi o grande erro que tinha cometido e seria tarde demais para alterar. O primeiro Pokémon do meu time ainda era o Butterfree. Meus amigos, se vocês se prestarem a jogar o título no método Nuzlocke também, sempre garantam que ao menos o bicho errado não esteja logo na linha de frente. A minha sorte foi que, depois de um Pidgey e um Rattata mortos – que Arceus os tenha -, o inimigo me jogou um Sandshrew. Tipo terrestre.

Considere o tipo do seu Pokémon no meio e analise suas forças e fraquezas.

Consegui vencer o tatu de forma fácil e rápida, até porque seus movimentos especiais não atingiam Dustin e o troquei na sequência para o Squirtle. Sucesso na batalha, só sobrando o próprio Brock em meu caminho. É ali que Bubbles brilharia, já que o escolhi justamente pela desvantagem de velocidade que o Bulbasaur oferece. Não é raro ele tomar umas porradas antes de bater e eu não podia me dar a esse luxo com um time desfalcado.

Assim como meu Butterfree leva 4x de dano de Pokémon do tipo Pedra, os monstros do líder de ginásio também levariam 4x de dano de meu Squirtle. O tipo Água era mega vantajoso, já que Geodude e Onix, as clássicas criaturas dele, além de ser grandes pedregulhos também carregavam o tipo Terrestre junto. E o plano deu mais do que certo, com Bubbles levando a melhor contra os dois sem nenhuma dor de cabeça no trajeto.

Imagem do Nuzlocke de Pokémon FireRed

Bubbles devastou o time inteiro de Brock quase intacto.

Com a Insígnia de Pedra em meu cartão do treinador, eu ainda tinha uma longa jornada pela frente. São oito líderes de ginásio no total, a Elite dos 4 e o Campeão da Liga. E a próxima seria Misty e sua Starmie, que é ferozmente conhecida por varrer times inteiros se você der mancada. Considerando que eu não iniciei com uma escolha do tipo Planta nem conquistei um Pikachu, já viram o trabalho que eu terei, não é?

A parte mais interessante é ver como apenas a primeira hora de jogo pode se tornar algo completamente imprevisível enquanto você se limita. A atenção que você presta em cada detalhe do seu time e a forma como se porta nas batalhas passa a mudar e quando menos percebe, está tomando um cuidado estratégico para não perder nenhum Pokémon ali. Principalmente se o time não for muito forte, como acabou no meu caso.

Continua…