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“O online gaming foi o maior avanço para os videogames desde a introdução do 3D. Essa funcionalidade trouxe ar fresco para a indústria e possibilitou uma maior interação dos jogadores entre si, aumentando as possibilidades do meio.” Você concorda com esta frase? Se a resposta for afirmativa, você concorda com provavelmente 99,99999% dos gamers do mundo. Mas, se a resposta for negativa, você provavelmente sou eu, lendo isso depois de terminar de escrever.

Ok, isso ficou confuso (santa metalinguagem, Batman!). Vamos simplificar: o online não foi o maior avanço para os videogames desde a introdução do 3D. O online, na verdade, é uma miragem, algo que está sendo vendido como a melhor invenção da humanidade desde o guaraná caçulinha, mas que na verdade serve como uma âncora, segurando o avanço do barco dos videogames. Na verdade, eu diria que é uma âncora com corrente curta, que está levando o barco para o fundo, mas isso seria exagerar um pouco na metáfora. Então me deixe explicar:

1) Com a febre do online, existe uma maldita tendência das softhouses mais ilusas de descuidar do modo offline. Em alguns jogos (especialmente nos shooters e nos jogos de corrida), muitas vezes a gente poderia trocar o nome do modo offline de “Story”, “Solo” ou o que quer que seja, para “Training Mode”. Este modo costuma ser feito absurdamente nas coxas, com uma história besta e Inteligência Artificial indecentemente ruim. Afinal de contas, por que gastar tempo, se o fulano que comprar vai jogar o offline apenas pra ganhar achievements, troféus ou coisa que o valha, e depois vai ficar todo o tempo no online, jogando os mesmos modos de sempre?

2) O jogo online não muda. Temos sempre as mesmas coisas: as infinitas variações de captura da bandeira, cada um por si, o bem contra o mal, time azul contra o vermelho, etc. Alguns jogos ainda permitem um modo cooperativo, mas aí quase sempre caímos no ponto um.

Exemplo? Resident Evil 5. Não vou discutir a qualidade do game… Mas o modo cooperativo online é excelente no que se propõe, que é fazer dois amigos passarem a história juntos. O problema é que, se você quiser jogar o game sozinho, o computador assume o papel do segundo jogador – débil mental, porque ele SEMPRE se mete em enrascadas, SEMPRE gasta a munição bestamente e SEMPRE vai estar no pior lugar possível. Com isso, além de matar seus inimigos, você precisa cobrir o banana controlado pelo computador TODO O TEMPO. Obviamente, fizeram o jogo pensando no online e esqueceram de programar uma IA decente.

E, quando isso não existe, caímos no ponto…

3) Se você jogou em online, com certeza você passou por uma situação parecida à que eu vou narrar: Rock Band 2, o show do Hall of Fame (com cinco músicas). Resolvi jogar em online, no baixo. Entrei, procurei três companheiros e vamos lá. Depois de umas duas músicas de dificuldade média, vem a primeira casca grossa: “Let There Be Rock”. Todos nós fizemos uma performance excepcional, incluindo o cara da guitarra. Então, no intervalo entre uma música e outra, o guitarrista simplesmente se desconecta! Resultado: como o jogo não prevê esse tipo de situação, entramos sem guitarrista e perdemos na música seguinte.

O online depende de que o seu companheiro continue conectado. Mas aí você pode estar jogando contra desconhecidos FDP, que vão desconectar no meio do jogo caso estejam perdendo, fazendo você perder o jogo, o tempo e/ou a sua paciência com indivíduos desse tipo. Ou você pode estar jogando contra amigos ou desconhecidos que têm problemas na conexão, o que faz com que eles desconectem no meio do jogo, fazendo você perder o jogo, o tempo e/ou a sua paciência com a Telefônica.

4) O ponto principal da minha argumentação: o online não traz nada que o offline não dê melhor.

Não existe experiência de jogo que o online possa proporcionar que não possa ser feita de maneira melhor controlada e com menos problemas no offline. Não concordam? Ok, vamos às argumentações…

Os MMORPGs existentes são muito mais RPGs que MMOs. A história principal é controlada pela softhouse e protagonizada por NPCs (personagens controlados pelo computador). Você pode até ter uma experiência interessante com outras pessoas, fazendo estratégias e tal. Mas, sem contar acontecimentos pontuais (e acidentais, como o caso da “epidemia” em World of Warcraft), qual seria a diferença entre ter essas experiências em casa, com um multiplayer offline? É até melhor em offline, pois se o LEROOOOOOY JEEEEENKINS atacar, você pode pegar ele na porrada.

Nos shooters, temos o capture the flag, deathmatch, team deathmatch. Isso é algo que NUNCA existiu em offline ou em local, não é mesmo?

E quem pode montar uma LAN com oito televisores, oito consoles/computadores, uma hub e etc? Nesse ponto, devo usar a voz da experiência e mandar a molecada jogar Goldeneye do Nintendo 64, um dos melhores games multiplayer da história, com sua tela dividida por quatro.

Ah sim, os modos cooperativos. Estes que muitas vezes podem ser jogados em multiplayer offline com melhores resultados – e, mesmo assim, dependendo do jogo não trazem nada de novo, uma vez que o segundo jogador poderia ser controlado pelo computador com o mesmo efeito. Novamente, dou o exemplo de RE5 – se o player 2 tivesse uma IA decente, claro.

Você pode alegar que o importante para ver a qualidade de um game é o “fator diversão”. Pode ser. Mas, se diversão fosse igual a qualidade, veríamos os nossos ídolos mor Sly, Jean-Claude Van Damme, Michael Dudikoff, Chuck Norris, Jason Statham e Steven Seagal monopolizarem os prêmios em Cannes, e infelizmente isso não acontece. A qualidade deve ser medida por outros fatores também, e o online não interfere nesses valores – a não ser negativamente, na maioria das vezes.