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Como vocês devem saber, meu último review foi Green Day: Rock Band. Depois de terminar o jogo para o review, eu continuei jogando para destravar algumas coisas. Ainda falta o desafio de jogar todo o álbum Dookie, que eu não consigo completar com o número suficiente de estrelas no modo Expert, e jogar 14 músicas seguidas no Hard é um saaaaaaaaco… Aí eu entrei um momento na tela onde estão listados os achievements, pra dar uma olhada. Fiquei olhando, olhando… Aí tudo virou um borrão na minha mente. Quando acordei, estava segurando a minha guitarrinha ao contrário e jogando uma música no médio. Eu fui temporariamente zumbificado por aqueles pentagramas de magia negra.

Tá, foi um exagero, não fui zumbificado. Mas foi pior, porque fiz tudo conscientemente. E além de tudo não foi a primeira vez, porque exatamente o mesmo achievement de “complete uma música em lefty mode” já existia no The Beatles: Rock Band. Eu já tinha feito isso e já sabia que era uma perda de tempo absoluta. Não é divertido jogar do contrário, você precisa ficar interpretando, fazendo força e se concentrando pra conseguir fazer o que da maneira normal sai instintivamente. E tudo isso por um “pi-lin”, um ícone que aparece na tela e uns pontinhos para fazerem meu gamescore pular de 5243 para 5298. Uau, que ORGÚLIO!

Sei lá, eu não acho isso divertido, e até entendo quem ache isso divertido. Só que aí fui ler um fórum que costumo frequentar onde se estava falando de Rock Band 3. Quando mencionaram a possibilidade de poder ter quatro guitarras simultâneas, um cara falou algo no estilo “eu não acho ruim, a não ser que coloquem um troféu onde você tem que jogar com quatro guitarras”.

A possibilidade de jogar com quatro guitarras simultâneas no Rock Band 3 é a pior coisa que “não anunciaram” para o jogo (apenas vi/viram isso em alguns vídeos), porque, se já é difícil encontrar uma banda completa no online do Rock Band 2 hoje, com isso vai ser praticamente impossível, e 90% dos jogos vão ser de bandas com quatro guitarristas.

Aliás, imaginem algo assim na vida real: um guitarrista base, um só fazendo riffs, um fazendo o solo de um lado do palco e o outro tocando OUTRO solo do outro lado. Uau, tremo só de pensar na babaquice sonora que ia sair…

Agora, achar que isso é ruim porque eu vou precisar encontrar três amigos que tenham guitarrinhas para ganhar o achievement? Ou comprar três guitarras e encontrar três caras que gostem do jogo para poder jogar uma música de três minutos, tudo isso em troca de pontos virtuais que não servem para nada a não ser para se mostrar para… basicamente ninguém?

Deve ser realmente porque eu estou ficando velho. Lááá nos velhos tempos (não “bons e velhos tempos”, mas com certeza “velhos”), meu enfoque sempre foi mais zen. Sempre encarei o videogame como uma espécie de alpinismo. Assim como os alpinistas querem escalar a montanha porque ela está lá, eu gosto de chegar no final de um jogo porque sei que ele está ali, escondido entre bits e bytes.

Claro, era legal chegar e falar pros amigos “eu cheguei no final do Maximum Carnage, nem a Ação Games conseguiu” e depois ir lá e bater o pau na mesa e provar pra todo mundo que eu SIM tinha chegado no final do Maximum Carnage e a Ação Games não chegou porque a foto onde eles mostravam “o chefe final” era só o primeiro enfrentamento de um total de três (ou quatro, não lembro) que você tem com o Carnificina (sem contar que aquele cartucho vermelho era UM LUXO). Mas pelo menos eu fazia isso com os meus amigos, com o pessoal da locadora. Não ficava mostrando pontos que vieram não sei de onde, alugando jogos como Hannah Montana: The Movie ou Avatar: The Last Airbender e me sujeitando a jogar essas vergonhas alheias pra fazer a minha gamescore aumentar.

Mas sei lá, quando vejo matérias de páginas e páginas de sites como o Gamespot, ou aquela gostosinha da IGN com um podcast dedicado exclusivamente a coisas do naipe de “como maximizar seu gamerscore”, vejo que é que eu devo ser só um velho rabugento que reclama de como essa juventude não sabe o que é videogame de verdade, que no meu tempo, blá blá blá…