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Disaster Report é uma das séries mais bizarras e ao mesmo tempo únicas que já vi nos videogames. Desde o PlayStation 2, a franquia proporciona jogos em que vivenciamos situações de sobrevivência e desespero durante terremotos e catástrofes naturais em Tóquio. Todos sabemos que o Japão é um dos países que mais sofrem terremotos arrasadores do mundo todo, então é estranho o fato deles transformarem essas situações horríveis em um produto de entretenimento.

É claro que seus jogos também têm um teor educativo e oferecem orientações de como proceder durante um terremoto de verdade, ao mesmo tempo que te coloca nas situações mais inusitadas durante um estado de calamidade. A quarta entrada da franquia passou por um desenvolvimento turbulento, pois a princípio ela seria lançada para o PlayStation 3, porém devido a um terrível terremoto que atingiu o Japão em 2011, os desenvolvedores resolveram cancelar o jogo por questões de bom senso.

Acabou que os fãs insistiram tanto que eles retomaram a produção a passos de tartaruga e só agora, quase 10 anos depois, estão pagando a promessa. Não que isso seja totalmente bom, pois é nítido que estamos jogando um jogo da geração passada.

Sobrevivendo ao caos

A primeira coisa que fazemos no jogo é criar nosso personagem e responder a uma série de perguntas de como você agiria em um terremoto (é quase uma entrevista de emprego). Você pode ser homem ou mulher, mas isso não altera absolutamente nada. As opções de customização também são bem pobres, oferecendo somente meia dúzia de rostos (que para mim pareceram todos iguais), cortes de cabelo e tons de pele.

Nosso personagem está em um ônibus quando o terremoto começa, fazendo com que o veículo capote e nos soltando na cidade – milagrosamente sem nenhum arranhão! A partir daqui você está por sua conta, pois Disaster Report funciona da mesma forma que os famosos survival horror japoneses do PS2. Seu progresso depende de exploração, você deve vasculhar cada canto da cidade à procura por itens ou eventos que liberem novas áreas para serem exploradas.

Um prédio caiu do meu lado? Tá de boa.

Quem está acostumado com esse formato pode achar tranquilo de jogar, mas caso contrário, vai ser difícil manter sua atenção no jogo por mais de 30 minutos. O game transmite uma sensação constante de que você não está progredindo em absolutamente nada e só está andando para lá e para cá. O progresso é muito lento, mas qualquer coisa que você faz já avança um passo na história, por menor que seja.

Um bom exemplo de como a progressão de Disaster Report 4 é confusa: por vezes você encontrará pessoas em perigo, presas embaixo de escombros e pedindo ajuda. Você poderia muito bem salvá-las imediatamente, mas o jogo não deixa, simplesmente porque primeiro você precisa ativar um certo número de encontros aleatórios com estranhos ao redor do mapa para liberar aquele evento em específico. É mais prioridade ficar jogando conversa fora do que salvar vidas!

Fazendo amigos no fim do mundo

Os encontros aleatórios são outro grande problema, pois existem dezenas de NPCs no mapa e você pode interagir com cada um deles. 99% deles não oferecem nenhum tipo de informação útil, mas os que importam iniciam uma cutscene com diálogos interativos. Esse é um ponto interessante do jogo, pois eles mostram um outro lado dessas tragédias, um lado mais humano.

Ao mesmo tempo que as coisas estão se despedaçando, existem pessoas que não conseguiram fazer uma entrevista de emprego e não tem dinheiro para voltar para casa, ou que estão passando por problemas familiares e nem se importam com o caos ao redor. Pouco importa o que você fala para essas pessoas, pois não vi impacto nenhum em todos os momentos que tive a oportunidade de escolher o que dizer, então essas escolhas são puramente cosméticas.

Porém, é claro que sempre temos dois lados a serem considerados. Algumas dessas situações são realmente interessantes e até nos colocam em dilemas morais, mas outras beiram o limite do ridículo. Existe uma sidequest em que temos que levar um rolo de papel higiênico para um cara… no meio de um terremoto! Claramente o jogo também sofre de problemas de localização, pois vários diálogos não fazem o menor sentido. Em certos momentos, é possível flertar com uma pessoa que você acabou de salvar! Prefiro acreditar que se trata de problemas de tradução e que não foi colocado ali intencionalmente.

Essas descrições de NPCs são de matar.

Com respeito ao foco do jogo, que são os terremotos, temos aqui outro fator decepcionante. Conforme você desencadeia esses encontros aleatórios, novos tremores atingem a região e liberam novos caminhos a serem explorados, porém parece que esses tremores só afetam você. Caso você não se abaixe, seu personagem pode cair e perder vida, além de ficar estressado, mas nenhum outro NPC ao redor reage de maneira apropriada. O impacto no ambiente também é bem sem graça – em um certo momento, um prédio literalmente desabou do meu lado e tudo que vi foi apenas muita fumaça; nem para colocarem um barulho mais convincente ou fazer bom uso das vibrações do Dualshock.

Tudo isso é ainda mais prejudicado pelo framerate, que nitidamente não alcança 30fps em nenhum momento. O jogo parece rodar em um slowmotion constante e nem existe nada que justifique esse desempenho. Os gráficos não são horríveis, mas já estão bem ultrapassados e não existe partículas voando pelo cenário o tempo todo ou prédios desabando por todo lado. Se compararmos com outros jogos japoneses de PS3 como Tokyo Jungle ou Earth Defense Force, parece que Disaster Report 4 fica atrás de todos eles.

Por outro lado, posso afirmar tranquilamente que ele é exatamente o que os outros jogos eram, então caso você jogou os antigos e tem vontade de experimentar um “novo”, provavelmente não terá problemas. Se você quiser experimentar na curiosidade, definitivamente eu não recomendo, pois o preço que estão cobrando (principalmente no PS4) não está nem um pouco amigável. Fique longe desses terremotos!

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