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A casa caiu? Uma reportagem conduzida pela rede CBC conseguiu um documento vazado dos corredores da produtora EA Games. Segundo a matéria, esse documento aponta que a EA teria interesse em manipular os jogadores para comprar loot boxes em FIFA 21. “Nós estamos fazendo tudo que podemos para levar os jogadores a esse ponto”, afirma textualmente a apresentação interna.

Com 54 páginas, o arquivo pode ser a prova que faltava para condenar a produtora pelo incentivo a “aposta”. Em vários países, os legisladores tem comparado a prática da venda de loot boxes com o sistema de caça-níqueis, o que pode ser ilegal, dependendo das leis locais. Aqui no Brasil, também já foi aberta uma investigação sobre esse modelo de negócios. Se a EA Games está mesmo investindo em estimular esse sistema, as penalidades podem ser pesadas.

De acordo com o documento vazado, o  modo FIFA Ultimate Team (FUT) seria o verdadeiro foco de FIFA 21. A EA estaria conduzindo o usuário a aproveitar esse modo, “todos os caminhos levam para o FUT”. Nesse sistema, o jogador monta seu time ideal, a partir de opções oferecidas pelo jogo. Entretanto, loot boxes podem trazer profissionais melhores ou mais famosos. Por ser randômico, o conteúdo dessas loot boxes pode caracterizar um modelo de “aposta”.

Segundo Keith Whyte, diretor executivo do Conselho Nacional de Problemas de Jogos dos Estados Unidos, que investiga a prática, o problema está aí. Ao oferecer recursos imprevisíveis, FIFA 21 estaria mexendo com mecanismos cerebrais complexos. Nas palavras de Whyte, “nada é mais atraente – e em algumas pessoas, viciante – para o cérebro do que recompensas intermitentes e variáveis”.

O informante que vazou o documento trabalha no estúdio da EA responsável pela franquia FIFA. Sem ser identificado pela reportagem da rede CBC, ele afirmou que “não podemos fazer nada a respeito porque, no final do dia, [a] empresa está tentando ganhar dinheiro e satisfazer os investidores”.

EA nega esquema em FIFA

Diante de um escândalo desse vulto, era evidente que a produtora EA Games não ficaria em silêncio. Em um longo comunicado oficial, a empresa desmentiu as acusações. De acordo com esse comunicado, a reportagem da CBC trata-se de uma “história sensacionalizada com uma deturpação dos fatos”.

Em termos gerais, a EA sustenta que o modo FIFA Ultimate Team já existe por uma década na franquia, livre de problemas. Além disso, a vasta maioria dos jogadores conquista seus prêmios dentro do modo sem gastar um centavo. A produtora também afirma que incentiva os jogadores a experimentarem o modo FUT, não necessariamente a fazerem compras, que seriam totalmente opcionais. Desta forma, o documento não provaria nenhuma prática ilegal ou antiética.

“Levamos muito a sério nossa responsabilidade de fornecer aos jogadores uma experiência segura e divertida”, declara a EA. A produtora também afirma que não há até o momento nenhuma conclusão que relacione em definitivo a venda de loot boxes com a prática de “apostas”.