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“O aumento do conhecimento é como uma esfera dilatando-se no espaço: quanto maior a nossa compreensão, maior o nosso contato com o desconhecido.” – Blaise Pascal

A Escala de Kardashev é um método que, utilizando a quantidade de energia coletada de uma civilização, busca classificar o desenvolvimento tecnológico em três diferentes tipos. Segundo tal escala, o ser humano está abaixo do tipo I, pois, atualmente, só é possível explorar uma fração da energia disponível no planeta Terra. É inegável que tal atividade demandaria um avanço tecnológico muito além dos padrões atuais, mas o tipo II é ainda mais complicado, pois a civilização teria que conseguir explorar toda a energia da sua estrela local. O nome Dyson Sphere Program é baseado na Esfera de Dyson, uma estrutura capaz de capturar toda a energia de uma estrela, onde a complexidade dessa estrutura colossal pode ser comparada ao jogo da Youthcat Studio.

Seguindo a tendência de jogos como Factorio, Satisfactory e shapez.io, Dyson Sphere Program é um projeto ambicioso no gênero de automação de linhas de produção. Contudo, o seu escopo difere bastante dos jogos similares, pois o título adiciona mecânicas de exploração espacial junto com tudo o que se espera do gênero. Gerenciar linhas de produção parecia algo chato e complexo, mas a indústria dos jogos conseguiu mostrar que, ao contrário do que a maioria pensava, tal proposta pode ser bem divertida – só não conseguiram diminuir a complexidade, pois isso nem Jesus dá jeito.

In space no one can hear you scream…

Minha primeira grande surpresa ao iniciar o jogo foi descobrir que eu podia controlar uma nave no espaço sideral. A proposta do jogo está bem nítida em seu nome, mas esse tipo de mecânica não é algo comum nesse gênero. É possível escolher pousar nos diferentes planetas visíveis, mas alguns só ficam disponíveis com as tecnologias corretas.

Here comes the sun…

Uma vez no planeta, as mecânicas ficam mais parecidas com o habitual. É necessário coletar recursos, transportá-los e transformá-los em diversos materiais. Entretanto, o personagem principal do jogo merece ser destacado. Trata-se de um robô que pode ser aprimorado no decorrer do jogo através de uma árvore de habilidades, cuja produção da sua linha servirá para agilizar esse processo. É uma mecânica interessante, pois diferencia esse título dos demais. Além disso, o robô precisa de energia para funcionar, então a luta por combustíveis melhores e mais duradouros adiciona uma dificuldade extra ao jogo.

Como dito anteriormente, o grande diferencial é o espaço. Ao contrário de jogos como Factorio, onde o jogador tem apenas o planeta local para explorar, Dyson Sphere Program acrescenta outros planetas que podem ter os seus recursos coletados à vontade. Foi um grande choque ter que substituir o sistema de trens por um sistema de transporte interplanetário, mas essa, sem dúvidas, foi uma mudança de patamar extremamente positiva.

O tempo é o maior inovador

Para a minha surpresa, o Dyson Sphere Program não conta com inimigos a serem eliminados. Nesse cenário inóspito, o único oponente será a sua capacidade cognitiva de ajustar a sua linha de produção da forma mais eficiente possível – e não subestime isso, pois até mesmo jogadores experientes podem ter problemas. Como se trata de um jogo que ainda está em desenvolvimento, espero que os desenvolvedores consigam criar uma mecânica de combate que faça sentido no escopo geral do projeto.

A árvore de inovações é separada entre as tecnologias do robô e as tecnologias da fábrica.

A principal fonte de satisfação em jogos desse gênero está na criação de cadeias produtivas cada vez mais completas e escalonáveis. Dyson Sphere Program segue à risca esse conceito, tornando possível a criação de verdadeiros planetas industriais. Além disso, as mecânicas de transporte contribuem muito para a criação de um ambiente agitado, sempre em constante mudança.

A Youthcat Studio tem um verdadeiro diamante em mãos. Dyson Sphere Program é um jogo extremamente viciante em seu estágio atual, onde o desenvolvimento e a lapidação das suas diferentes mecânicas podem torná-lo ainda melhor. Há uma certa magia que torna o gênero de automação extremamente viciante – ainda mais quando envolve extensas cadeias de produção – e esse título consegue explorar muito bem esse fator, fazendo com que você passe horas e horas planejando qual será o melhor arranjo para a produção de um material cuja importância é extremamente elevada na sua fábrica.