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Você abre os olhos e se vê no escuro. Desta vez não acordou durante a noite, despertando do sono. Esticando os braços, você se sente limitado por uma superfície. Bate. Bate. Bate. Sai a cobertura do topo e você vê a silhueta de alguém pela frente da luz adentrando seu confinamento. Você acordou em um caixão.

A Red Boon está desenvolvendo e publicando Knock on the Coffin Lid – perdão pelas palavras vindouras – o mais novo roguelite deckbuilding com combate por turno atualmente em early access. Voltando dos mortos, você precisa encontrar o caminho para sua casa. E vai tentar quantas vezes precisar.

Bate, bate, bate na porta do céu

Não é todo dia que alguém volta do mundo dos mortos para tentar de novo. Bom… No seu caso é todo dia sim. A cada vez que morremos temos a oportunidade de voltar ao início e repetir os passos. Mais uma vez, a influência d’O Feitiço do Tempo circunda a cultura pop com todo o charme do Dia da Marmota.

Imagem de Knock on the Coffin Lid
Tudo muda, mas continua igual.

A ordem dos mapas é a mesma para todos os ciclos, porém onde cada item está posicionado se modifica completamente. Combates, eventos, baús, lojas, chefes, batalhas épicas e santuários são rearranjados, ampliando o fator de rejogabilidade.

Os combates – foco do jogo e maior parte do tempo investido – ocorrem com base em cartas. Variando entre 4 tipos de cartas – ataques, habilidades, talentos e maldições – precisamos selecionar muito bem as ações para podermos equilibrar o dano causado e recebido a fim de nos mantermos vivos.

O baralho começa sempre igual e a cada combate vencido ganhamos uma nova, selecionada dentre 3, para adicionar ao rol disponível. Outras situações também permitem receber cartas novas, porém nem sempre é bom adicionar uma pancada de cartas, pois as estratégias vão ficando cada vez mais distantes e dependendo mais da probabilidade para receber as desejadas nas mãos.

Imagem de Knock on the Coffin Lid
A parte bonita é que ficam em fila.

Cada tipo de oponente, dentre os mais de 70 já disponíveis, possui comportamentos diferenciados, exigindo que o jogador aprenda seus passos e saiba responder nos conformes para otimizar os resultados. Coisas que as mortes repetidas nos ensinam. Essa escolha mecânica remove pontos de estratégia durante as batalhas e transforma-as em quebra-cabeças, minimizando boas possibilidades de escolha por parte do jogador. A definição de estratégia se foca mesmo fora das batalhas, na seleção de itens e cartas.

Outro ponto curioso são os eventos. Para cada um deles, temos um leve trecho narrativo e duas opções. Em alguns casos, algumas das escolhas nos levarão a outras duas alternativas. O diferencial não está na seleção em si, mas sim no fato de que após a primeira vez que o personagem passa por um determinado evento, ele sabe o que ocorre nas decisões já tomadas, permitindo que o jogador saiba o que o espera após o clique.

Demorei um pouco para entender o objetivo da mecânica por trás de Knock on the Coffin Lid já que nenhuma habilidade, item ou carta é transmitida entre uma e outra partida do jogo. Foi sofrido para compreender que o que se aprimora no jogo não é o personagem e sim seu conhecimento como jogador. É você que aprende as melhores ações. É você que descobre como cada inimigo age. É você que lembra o que ocorre nas ações. Portanto o crescimento neste roguelite é seu e só seu. Isso traz sensações de satisfação mais profundas, porém menos claras de se perceber, podendo até passar desapercebido por boa parte dos jogadores.

Imagem de Knock on the Coffin Lid
Não é roubo se ele não vai usar, não é?

Para um jogo em early access, Knock on the Coffin Lid já possui uma quantidade de conteúdo considerável. Porém, para que seja um jogo de qualidade, ainda falta muito contexto, os outros dois personagens prometidos e completar muitas mecânicas secundárias. Além de um reequilíbrio de dificuldade – ou adicionar outros fatores – para que o jogo seja mais acessível, porque atualmente ele exige muito esforço e persistência para que o jogador possa aproveitar do que ele tem de melhor.