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Você está em uma floresta congelada. Nela existem diferentes zonas e cada uma delas guarda uma armadilha mortal. Além disso, há outros como você querendo simplesmente te matar. Tudo isso é conduzido por um diretor, que deve criar o maior espetáculo possível para a audiência. Lembram de alguma saga?

Embora o battle royale esteja mais comum do que nunca, devido ao sucesso de Playerunknown’s Battlegrounds (PUBG) e Fortnite, nenhum game chegou tão próximo de Darwin Project em capturar o espírito da franquia mais popular do gênero: Jogos Vorazes. Mas não, este não será um ensaio sobre a importância da história de Katniss Everdeen e sim uma reflexão sobre o que funciona e não funciona no novo jogo desenvolvido pela Scavengers Studio e exclusivo da Microsoft.

Devo adiantar um fator importante: nunca botei minhas mãos em um game de battle royale antes, portanto não farei comparações com PUBG e Fortnite além da superfície. E como Darwin Project é ainda um game pago e em acesso antecipado, as ponderações seguintes serão feitas com o fato de ser um produto não-finalizado em mente, seja isso bom ou ruim.

Imagem do jogo Darwin Project
Às vezes é bom estar de fogo.

Seleção digital

Darwin Project vai para a ação rápido. Muito rápido. Talvez até rápido demais. A versão do game disponível para prévia não conta com nenhum tipo de tutorial detalhado sobre as regras e mecânicas de cada partida, que são muitas. O jogador iniciante se verá intimidado já na sala de lobby, onde todos esperam o início do confronto.

Um discreto letreiro insiste no acionamento da Crafting Wheel (roda de confecção), que apresenta uma dezena de ferramentas diferentes, todas confeccionadas com materiais coletados pelo cenário. No entanto, são tantas coisas para ver e ler que mesmo o lobby mais demorado parece curto quando a curva de aprendizado é tão íngreme. Quando a partida começa, porém, tudo se desenrola de maneira mais intuitiva, com comandos simples e boa locomoção.

O jogador deve ficar atento a três coisas: seus arredores (representados no minimapa), seu estoque de materiais e o frio. A primeira é essencial para qualquer multiplayer competitivo, mas é somado à isso o perigo iminente de cada zona, como explosões nucleares e nuvens tóxicas ativadas pelo diretor. O estoque de materiais, por sua vez, é o que garante uma maior fartura de munições, armaduras e ferramentas, e consiste apenas de madeira e couro. Por fim, falando nesse estoque, ele é importante para que o jogador não morra de frio, que é indicado em uma barra azul na tela e pode ser combatido com a construção de fogueiras.

Imagem do jogo Darwin Project
Não há tempo para admirar as vistas.

Se isso parece complicado por si só, imagine com 9 outras pessoas sedentas por seu sangue. A colaboração é proibida, e cada participante deve ser o mais engenhoso possível para que possa apenas sonhar com sua sobrevivência. E por mais que alguns jogadores tenham mais prática que outros, o que desbalanceia certas partidas, Darwin Project é baseado na habilidade mais do que tudo. Isso se mantém fiel à proposta e permite um desafio mais horizontal e justo.

Quando 5 partidas são completadas, o jogador então ganha o direito de assumir o papel de diretor, e é aqui onde tudo se complica. É suposto pelo game que o diretor é uma figura imparcial, dedicada a movimentar a partida e agir em prol somente da audiência. Contudo, Darwin Project ainda não apresentou uma transparência necessária para saber se há moderação ou vigilância sobre o poder do diretor, permitindo que este ajude um jogador enquanto renega outro. O recurso, portanto, depende do bom senso de quem ocupar a cadeira.

Uma espécie que precisa evoluir

Darwin Project tem conceitos únicos, mas a essa altura, ainda não oferece o bastante para justificar a compra. Quase como uma demo glorificada, com apenas 1 cenário relativamente enxuto e 1 modelo de avatar, o game ainda sofre de problemas técnicos bastante típicos de títulos em acesso antecipado.

A começar pelos servidores. Há diversos deles para escolher, tanto localizados nos EUA quanto nos países da Europa e Ásia e até mesmo um específico do Brasil. O último está basicamente morto, tomando um tempo exorbitante apenas para colocar dois jogadores no lobby. Com isso, só resta utilizar os servidores de outras regiões, o que permite encontrar partidas mais facilmente em troca de lags que causará desvantagens ao confrontar jogadores adversários.

Imagem do jogo Darwin Project
Espere passar muito tempo nessa sala.

Sendo um jogo que exige agilidade e percepção, os lags tremendos tornam o simples atirar de uma flecha mais difícil do que deveria ser, além de aparentarem extremamente desagradáveis aos olhos (o game ainda parece contar com um framerate de quase 30fps). Darwin Project acaba ficando cansativo por isso, e vai decepcionar quem espera por uma experiência online estável, apesar da própria tela de título ressaltar o fato de ser um produto longe de finalizado.

Caso devidamente alimentado, Darwin Project pode se tornar uma sensação entre os fãs de battle royales e eSports no geral. Até mesmo ao sofrer a morte mais precoce, o próprio modo de espectador entretém, instigando o jogador a acompanhar o restante da partida com o máximo de mobilidade, como um drone. Se a Scavenger Studios acrescentar novos modos e uma maior variedade de cenários, com condições e mecânicas particulares pra cada um, o entretenimento será ainda maior. Resta esperar e ver.