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A chegada iminente de uma nova geração de consoles mexe com a imaginação dos fãs de todos os estilos de jogos. Um hardware mais poderoso e otimizado possibilita avanços gráficos que, devido à limitação da geração anterior, eram impossíveis poucos anos atrás. Contudo, apesar de todo esse avanço, um gráfico de cair o queixo não garante que um jogo será bom e, por vezes, na simplicidade gráfica se encontram os projetos mais ambiciosos. Ostranauts dá sinais (fortes sinais!) de que se encaixa nessa categoria, apresentando gráficos modestos com uma proposta bem diferente.

Produzido pela Blue Bottle Games, Ostranauts bebe muito da fonte de NEO Scavanger, título desenvolvido pela mesma empresa. A exploração espacial e a obtenção de recursos são os pontos chaves do jogo, oferecendo ao jogador toda a liberdade de viajar pelo espaço em um futuro não muito distante. Entretanto, as diferenças entre Ostranauts e NEO Scavanger ficam claras com o tempo, onde, ao invés de enfrentar inimigos comuns em um apocalipse zumbi, a batalha por aqui é psicológica e social.

Desventuras em série de uma nave desolada

Assim como todo jogo de nicho, o começo de Ostranauts é confuso e intrigante. Acompanhado apenas de uma pequena nave e algumas ferramentas, o jogador deverá explorar as naves abandonadas no sistema que está inserido a fim de conseguir itens valiosos e, depois de muita procura, achar alguma cuja restauração seja possível. Não fica muito claro o que é para se fazer no começo – afinal de contas, a premissa do jogo é dar a maior liberdade possível para o jogador – mas sem uma nave de grande porte não é possível ir muito longe.

Os painéis dão maior imersão ao jogo.

Antes de encontrar a nave perfeita para explorar o espaço é necessário se acostumar com os controles do jogo. A nave é controlada através de um menu de navegação, onde um mapa e diversos botões estão disponíveis. Guiar manualmente a nave pode parecer uma tarefa simples, afinal de contas é só usar comando simples para acelerar e girar a nave, mas estacionar a mesma requer precisão e delicadeza. O controle por meio de menus de navegação ajuda a tornar o jogo imersivo e aumenta o seu charme.

As naves abandonadas podem ter vários níveis de dano. O seu grau de dificuldade de conserto varia, sendo necessário obter itens e ferramentas capazes de reparar os buracos e as falhas estruturais presentes. Sistemas de pressurização, temperatura e oxigênio são essenciais para a sobrevivência, e o seu reparo é crucial para a viabilidade de uma nave. Manter um certo nível de conforto é importante não apenas pelo roleplay, mas também para os tripulantes que se juntarão a você no decorrer da jornada.

Can you hear me, Major Tom?

Achar a nave perfeita e começar a sua aventura pode demandar tempo, mas também será necessário estar bem acompanhado. Nos postos dos diversos planetas é possível encontrar personagens recrutáveis, cada um contendo uma personalidade diferente. O gerenciamento de cargos dentro da nave funciona de maneira similar a jogos como RimWorld, onde cada atividade tem um grau de prioridade e os tripulantes as realizam automaticamente.

O diálogo é a chave de qualquer relacionamento.

A parte social de Ostranauts inda está em construção, mas é possível notar como ela irá se desenvolver daqui pra frente. Os personagens poderão interagir entre si, onde a maneira com que eles tratam uns aos outros reflete no seu comportamento geral. Entre um tripulante que xingou o personagem e outro que demonstrou afeto, caso ocorra algum problema esse personagem buscará a ajuda do último.

Manter o mínimo de conforto também é primordial em Ostranauts. Assim como em The Sims, todos os tripulantes possuem necessidades que precisam ser saciadas, impactando diretamente em seu estado mental. Desde as condições que envolvem os sistemas da nave até as necessidades fisiológicas, tudo entra na balança da saúde mental.

É claro que, por estar em acesso antecipado, o jogo ainda possui muitos bugs. Olhando para além do que já está feito, há um grande potencial em Ostranauts. A proposta de utilizar a liberdade e a exploração de NEO Scavanger, deixando uma história interessante e complexa que mistura esses dois universos implícita e disponível para ser descoberta, e as mecânicas de engenharia social e gerenciamento de RimWorld são promissoras. Se todo esse potencial se concretizar, esse poderá se tornar um jogo de nicho bastante aclamado entre os fãs do gênero em pouco tempo, mas, devido à sua curva de aprendizagem e a interface não muito amigável, dificilmente atingirá o mainstream.