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Gyo, Uzumaki, Tomie, o moço bonito da encruzilhada, janela da vizinha, ancestrais honrados e até mesmo uma releitura de Frankenstein. Assim que são citados, um nome vem a cabeça: Junji Ito. O autor iniciou sua carreira como mangaka em 1987, inicialmente um hobby, durante as horas vagas na consultoria de dentista na qual trabalhava. Logo, o hobby se tornou paixão e, porventura, sua arte e trabalho. Trabalhos que daria origem ao World of Horror.

Produzido pelo estúdio independente Pantasz e distribuído pela Ysbryd Games, World of Horror une os mundos de Ito e Lovecraft e o jogo todo é uma viagem para os fãs de tais escritores. Além disso, presta tributo aos títulos nostálgicos japoneses precedentes ao PC-98. O título que está para ser lançado em breve irá infestar seu computador com a chegada dos Antigos Deuses, e talvez você jamais possa impedi-los!

古き神々.exe

Uma cidade sem nome está prestes a conhecer o seu fim por meio de acontecimentos fora da razão humana. Bem como em muitas mídias de horror atuais, World of Horror busca suas inspirações no passado. Imediatamente, o que mais se destaca no RPG de horror é seu visual, todo inspirado nos antigos jogos antigo 1-bit style.

Referências? Está tendo!

Com certeza, o mais chamativo em World of Horror é sem duvida alguma seu estranho gráfico pixelado, remanescente dos antigos jogos do “falecido” PC-98, que viriam a se tornar imagens icônicas na internet. Há muito estilo e um foco grande em trazer uma sensação de insegurança e desconforto com as criaturas aqui apresentadas neste mundo.

World of Horror traz uma história que envolve tanto as criações de Lovecraft, quanto Ito para criar seu próprio universo. O jogo segue uma temática muito semelhante a uma fusão de todas as grandes obras deste, com Hellstar Remina e Uzumaki sendo as mais notoriamente distinguíveis.

Ao mesmo tempo em que parece se utilizar de suas inspirações para se promover, os produtores inseriram seu próprio “tempero” no jogo e criaram algo digno de se experimentar. Dessa forma, capturando toda a essência de um jogo que pode se tornar memorável, tanto para hoje, quanto se tivesse sido lançado durante os anos 80, algo que não é difícil de se imaginar.

Faz tempo que o Sr. Ito não lança nada novo, não aguento mais ler Black paradox e Tomie!

Vida de colegial nada fácil

O que diferencia World of Horror do que temos de comum no mercado de jogos de horror é a maneira com a qual ele mistura RPG com exploração. Aqui não movemos livremente nossa personagem em momento algum e todas as interações são feitas por menus e escolhas. Assim, o jogador tem um tempo a mais para apreciar cada cenário, cada novo inimigo e cada novo evento que ocorre durante a jogatina. Em World of Horror, caso escolhamos o modo normal de jogo, iremos seguir sempre com a mesma personagem, no entanto os mistérios que resolvemos sempre  mudam.

Além disto, é possível escolher o modo de Custom Gameplay, em que podemos gerar uma seed aleatória, que irá escolher um deus antigo, cenário e caso aleatório para que possamos resolver. Ainda há muito a ser trabalhado e descoberto durante o gameplay de World of Horror e acredito que sequer comecei a arranhar a superfície deste incrível projeto. cada sessão é diferente da anterior e cada caso, mesmo que já solucionado, pode ter diferentes finais.

Claro que o maior ponto de marketing do jogo foi o tributo a Ito e Lovecraft, mas ainda existem muitas outras grandes referências no mundo de World of Horror. Assim como nas obras de Ito, muito do folclore segue os jogadores, tanto no quesito místico quanto real. O jogo se passa em uma cidade semelhante de Uzumaki, com um grande farol brilhando de maneira tenebrosa ao fundo da cidade. Entretanto, ainda assim é possível se encontrar com Stalkers assassinos, maniacos e cultistas. Sabe como é, para dar uma quebrada na luta contra espíritos e deuses antigos.

Imagem do preview de World of Horror
Imagens que vão virar uma camiseta N°01.

Yoterashai Miterashai, Yami Shibai ni Jikan Dayo

O jogo também me recorda um tanto de histórias escritas em mangas como Fuan No Tane, que traz curtas histórias de horror. Além de Kouishou Radio, que foca também em curtas histórias de fantasmas, mas geralmente as vítimas são ligadas pelos cabelos. Outra grande fonte de estudos é a série de curtas que passa na TV Tokyo, chamada de Yami Shibai ( Top 5 animes indicados por aquele que vos escreve!).

World of Horror ainda está em fase de acesso antecipado e pode receber algumas adições interessantes, como novos casos e personagens para os outros modos. Até o momento, o jogo tem sido ótimo e tenho jogado sem parar, tanto para ver os outros finais dos casos, tanto para ver de quantas formas novas posso morrer, enlouquecer ou desaparecer. No entanto o jogo já “crashou” duas vezes durante minhas jogatinas, o que acaba tirando um pouco da imersão.

O interessante é que World of Horror mantem um log, mostrando quais criaturas você já enfrentou e quais eventos já vivenciou, além de conquistas, que liberam novas experiências tanto na história básica quanto nas geradas de maneira aleatória. World of Horror é uma daquelas obras que podem acabar afastando alguns devido a sua bizarrice extrema mas, para aqueles que como eu amam um horror/mistério totalmente sem pé nem cabeça, recomendo demais que marquem a data de lançamento do jogo.

Morri mais do que em Dark Souls.

Enquanto ele não sai, vocês podem ir se preparando, assistindo e lendo Junji Ito Collection, lendo os mangás que citei acima junto de Yami Shibai. Logo também não podemos esquecer das obras de H.P Lovecraft. Assim, vai se criando um casamento criado nas montanhas da loucura, celebrado em um altar feito dos ossos de colegiais que desafiam a vontade dos antigos deuses.