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Na terceira idade, tudo que você quer é curtir sua aposentadoria (se possível), jogar um dominó na praça, mimar os netinhos, terminar aquele livro ou aquele quadro que você nunca teve tempo, dar milho para os pombos, certo? Errado. Em Infected Shelter, você pode ser um idoso em cadeira de rodas, com direito a enfermeira decotada e tudo mais, e ainda assim detonar zumbis, monstros e agentes do governo com o máximo de violência possível.

O título em Acesso Antecipado vindo da Hungria vê o limite passando no retrovisor do carro e pisa fundo no acelerador. A definição oficial do jogo é que ele seria uma mistura de Mortal Kombat, Dead Cells e Castle Crashers, o que já seria uma mistura indigesta se o jogo na verdade não adicionasse muito mais elementos na sua birutice. Aqui você poderá encontrar também roguelite, beat ‘em up, humor negro, hiperviolência, nojeiras juvenis aos borbotões, conspirações governamentais, mortos-vivos de todas as espécies animais e um clima punk de tosqueira em todos os sentidos.

É o gorila do Ape Out! Foge, cambada!

Essa bizarrice é fruto da mente de apenas dois sujeitos: Lajos Nádasi, que assina a programação, e Zoltán Ruzsányi, que cuida das ilustrações. Para um título ainda em desenvolvimento, é impressionante como um time de apenas dois profissionais conseguiu gerar um produto tão polido. Não há bugs perceptíveis em Infected Shelter, e os gráficos cartunescos são carismáticos, caindo como uma luva na proposta anárquica do jogo.

Aparentemente há um enredo em andamento, mas tudo que há para se entender é que o apocalipse zumbi aconteceu e você precisa escolher entre quatro personagens para sair pelo mundo afora descendo o cacete em monstros, lunáticos e operativos corruptos do governo, etc. Tudo isso com a companhia de um ou mais amigos localmente.

TÁ PEGANDO FOGO, BICHO!

O jogo traz requintes de brutalidade. Sabe o velhinho da cadeira de rodas? Ele pode arrancar a cabeça de um inimigo atordoado ou sua enfermeira pode literalmente dar uma cadeirada em cima dos oponentes, com velhinho e tudo. Vi coisas nesse jogo que fariam Ed Boon dar gostosas risadas.

Sendo um roguelite, o mapa e os perigos são randômicos a cada rodada, assim como as recompensas obtidas. Felizmente, parte do seu progresso é salvo e itens desbloqueados podem permanentemente aparecer no caminho outra vez. Existem cerca de 150 artefatos, itens, bichinhos de estimação, roupas, armas, bebidas misteriosas e outros detalhes que o jogador desbloqueia ao longo da sua aventura, e a impressão é a de que realmente há um excesso de atividades simultâneas dentro de Infected Shelter. Uma jornada nunca será igual a outra, e o segredo aqui é matar tudo que se move e não se ligar muito em obter o equipamento perfeito. Ou não, depende de seu estilo.

Saiu da jaula o monstro!

Cada chefe derrotado libera a chance de enfrentar o próximo, e o jogo, ao contrário do que parece, tem um final. Chegar lá irá envolver empalamentos, explosões, decapitações e outras 50 finalizações diferentes onde o sangue jorra. Como eu disse, o limite foi ultrapassado com folga em Infected Shelter.

Infelizmente, o jogo ainda está inacabado. O final é abrupto e pode ser alcançado rapidamente por alguém veterano em títulos beat ‘em up. Dos quatro personagens que deveriam ser selecionáveis, apenas dois estão disponíveis: o infame velhinho e uma garota guitarrista. Considerando que quatro personagens já são um catálogo limitado, metade disso é ainda mais frustrante. Veremos DLCs depois do lançamento? Espero que sim.

Infected Shelter diverte na medida certa com sua escolha por “tudo ao mesmo tempo agora”, sem sutilezas e com um humor juvenil que lembra os velhos tempos do fliperama.