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Os anos 1990 moldaram muitos fãs de RTS, pois também foram os anos de Warcraft, Starcraft, Age of Empires e Command & Conquer. Hoje em dia, acabou que este se tornou um gênero bem cult e de nicho e, salvo alguns títulos de peso que o mantém vivo, como Halo Wars, é difícil ver uma nova IP se arriscando no mundo da estratégia em tempo real.

Foi aí que o estúdio norte-americano Petroglyph Games resolveu criar a sua própria franquia de RTS: a 8-Bit RTS Series, composta pela trilogia 8-Bit Armies, 8-Bit Hordes e 8-Bit Invaders. Todos os três jogos foram lançados para PC em 2016 e só no final de 2018 que os consoles foram receber a sua versão do primeiro título, 8-Bit Armies. Agora chegou a vez do segundo, 8-Bit Hordes, dar as caras no PS4 e Xbox One.

They’re taking the hobbits to Isengard!

8-Bit Hordes foi o primeiro spin-off da série 8-Bit RTS, inicialmente planejado apenas como um DLC de 8-Bit Armies, mas no processo de produção, os desenvolvedores acabaram optando por fazer um jogo à parte com outra temática. Mudando os ares das guerras modernas para uma ambientação medieval e fantasiosa, 8-Bit Hordes troca as cidades pelos vilarejos, os atiradores por arqueiros, os tanques por cavalos e tudo que já estamos cansados de ver em filmes e livros como O Senhor dos Anéis e As Crônicas de Gelo e Fogo – mas em 8-bit, é claro.

O game não possui um enredo, mas possui duas campanhas diferentes. Em uma você controla os humanos mocinhos, chamados de Iluminadores, enquanto na outra você comanda os orcs malvados, os Condenados. Cada campanha possui 12 fases diferentes, mas elas são basicamente idênticas. Tudo o que difere (além da facção que controlamos) são os cenários em que se passam cada fase e os objetivos propostos em cada uma.

Imagem do jogo 8-bit hordes
“Nóis” é pobre mas é limpinho.

As missões possuem três níveis de dificuldade diferentes e cada um acrescenta mais um objetivo adicional na lista, então seguindo a lógica, se jogarmos no fácil só poderemos obter uma medalha de bronze, enquanto no difícil já é desbloqueado a medalha de ouro caso sejam cumpridos os três objetivos. Não há muito incentivo do jogo para buscarmos jogar sempre na maior dificuldade, pois essas medalhas não servem para absolutamente nada – só para mostrar que você fez tudo na campanha.

Esses objetivos se repetem demais ao longo das fases – que já são poucas – além da grande maioria não ser difícil e propor pouco desafio, então a campanha acaba por ser bem chata e desanimadora de se jogar. Ainda existe a opção de jogarmos a campanha em co-op de 2 jogadores, o que pode deixar as coisas um pouco mais interessantes, mas a graça do multiplayer está basicamente nos modos competitivos.

Honrando as raízes e criando míopes

Como o nome já entrega, a identidade de 8-Bit Hordes e seus irmãozinhos está em seu visual. Todos os cenários são consideravelmente grandes e cuidadosamente modelados em um 8-Bit 3D que é visto em uma visão isométrica. O visual lembra vagamente Minecraft, mas bem mais caprichado.

Um ponto bem negativo dessa versão de consoles é o tamanho das letras na tela. O jogo está localizado em português, o que é ótimo, mas é quase impossível conseguirmos enxergar as letrinhas – isso em um televisor de 40 polegadas! Os textos do tutorial aparecem sempre em parágrafos completos de letras microscópicas e indecifráveis, enquanto as frases dos objetivos das missões se comprimem em um retângulo no canto superior esquerdo da tela e você que se vire para descobrir quais são suas metas naquela missão.

Imagem do jogo 8-bit hordes
Vandalismo é com a gente mesmo!

Se não fosse o bastante, o jogo ainda possui um bug inexplicável que inverte os objetivos da fase, mostrando os números de um objetivo em outro – por exemplo: se a missão pede para você matar 5 tipos de inimigos e destruir 10 casas, o número 10 será  erroneamente mostrado em frente ao objetivo dos inimigos, enquanto o 5 ficará no objetivo das casas. Isso confunde completamente o jogador e fará com que você se atrapalhe inteiro durante a jogatina, sendo que provavelmente estava fazendo tudo certinho.

Salvo esses detalhes, a jogabilidade é idêntica aos RTS das antigas. Você terá que administrar sua base enquanto cria um exército e os comanda em batalha. Tudo isso é feito colhendo recursos e os administrando entre base e exército, então é um sistema bem intuitivo e nem um pouco novo. O cursor foi adaptado para ser controlado pelo analógico e, assim como na versão de PC, vamos designando um botão para cada tipo de guerreiro no nosso batalhão. É tudo muito rápido de se pegar o jeito, o que acaba salvando a vida de quem não está familiarizado com o gênero, já que é bem difícil ler os textos do tutorial.

Imagem do jogo 8-bit hordes
O jogo possui uma boa variedade de mapas.

Multiplayer mais deserto que o Saara

Fora a campanha, ainda temos disponível um multiplayer local e online, assim como batalhas casuais contra a máquina, onde você escolhe a facção e o mapa onde quer lutar. Como todo bom RTS, a diversão está quase que totalmente concentrada em seu modo competitivo, mas infelizmente o online de 8-Bit Hordes nos consoles está deserto. O único meio mais imediato de se usufruir desse modo seria arranjando um amigo pra jogar localmente ou esperando que um amigo compre para jogar online com você.

8-Bit Hordes é um RTS aceitável, mas nada além disso. Com uma campanha pobre e um online morto, acaba não sendo uma boa opção experimentar o jogo nos consoles, a não ser que esteja sendo vendido a um preço muito baixo. Suas poucas possibilidades tornam o jogo monótono muito rápido e com pouco incentivo para ser jogado novamente. Mas é claro que ainda não acabou e podemos esperar que 8-Bit Invaders também chegue aos consoles para fechar a trilogia… Com três anos de atraso.

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