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Vivendo em tempos em que jogos cooperativos são completa exceção à regra, A Way Out é um refresco para a vida do jogador que quer relaxar e curtir uma boa jogatina com o(a) melhor amigo(a) no final de semana. Desenvolvido pelo Hazelight Studio (o mesmo de Brothers: A Tale of Two Sons), A Way Out é um jogo cooperativo onde dois jogadores assumem os papéis de Leo e Vincent, dois presidiários com personalidades completamente diferentes mas com um inimigo em comum: Harvey, um poderoso traficante responsável pela prisão de ambos.  

Jogabilidade simples, mas encantadora 

A Way Out não permite que você jogue sozinho. O jogador deve sempre contar com a presença de um player 2 em sua sala de estar ou online, mas o mesmo é agraciado por uma jogabilidade que recompensa a presença de ambos. Todos os puzzles envolvem os dois personagens, seja para passar ferramentas escondido pela prisão ou para que um seja o chamariz de um lado para que o outro faça uma traquinagem do outro. O core do game é fazer com que ambos tenham que interagir sempre e tenham que pensar juntos na solução ideal.  

Embora interessante, a mecânica é trabalhada de forma que os puzzles são muitas vezes simples ou fáceis demais, demonstrando que o diretor (e cineasta) libanês Josef Fares quis dar muito mais ênfase ao enredo, de modo que os puzzles não atrapalham o bom andamento da história.

 

Imagem do jogo A Way Out
Cada um no seu quadrado…

Uma aventura linear 

Falando em história, ela é boa, muito boa. Você vai notar que o tempo na prisão está longe de ser a maior parte do jogo e a história se desenvolve muito bem fora dela. Ponto positivo para o diretor que executou bem seus conhecimentos de cinema, criando pequenos clímax que levam ao grande clímax de forma eficaz. O ponto negativo – ou positivo, dependendo do ponto de vista – disso, é que o mesmo preferiu apostar numa grande boa história no lugar de uma história cheia de possibilidades. O máximo que temos de quebra de linearidade é a possibilidade de escolha em certos momentos de como iremos agir: do modo calmo e sorrateiro de Vincent ou do modo bruto e agressivo de Leo. É até bonito ver o trabalho de Rarif para que o background de cada personagem seja respeitado e demonstrado em sua forma de agir durante o jogo. 

Para quebrar um pouco o marasmo da linearidade, o jogo inclui diversos mini games no cenário, lembrando um pouco o cuidado que os produtores de Yakuza tem em botar divertidos joguinhos no cenário para descontrair o jogador. Junto aos mini games, temos diversos objetos com que o jogador pode interagir, mesmo que não mude em nada o andamento do jogo, dando um pouco mais de imersão àquela aventura.  

Pelo menos com a boa linearidade vieram bons trabalhos por parte do áudio e das cutscenes que acabam por criar momentos épicos, dignos de filmes, durante o jogo. Claro que o estúdio acabou exagerando um pouco na dose de cutscenes, transformando momentos que poderiam ser facilmente jogáveis em pequenos filmes. Mas não vamos cuspir nisso, não é mesmo? Comparado a jogos que tentam trabalhar pesado em narrativa como Heavy Rain, A Way Out consegue equilibrar com muito mais maestria os momentos de jogabilidade e de “assistir” o jogo. 

Imagem do jogo A Way Out
Cenas típicas de Hollywood

Coop é ótimo, mas também não é 

O que me deixou mais satisfeito em A Way Out, é que eu sempre tive alguém comigo na hora da jogatina e nós sabemos que uma boa história, jogada à dois, pode ser muito mais gostosa. O problema é justamente que eu precisava sempre estar à dois e, sinceramente? Nem sempre a pessoa que começou a jogar comigo estava disposta a jogar as variadas horas para terminarmos o jogo. Nesse momento, eu teria a facilidade de recorrer aos amigos online para completar os episódios faltantes e, nisso, o produtor até ajuda, uma vez que você pode convidar qualquer amigo que não possua o jogo e ele pode jogar com você, gratuitamente. Mas quem irá querer começar um jogo do capítulo 5 com você? Talvez uma pessoa que não ligue muito, mas a maioria vai achar chato.  

Caberá ao jogador então convidar um amigo e estar disposto a jogar o começo inteiro do jogo com ele ou aguardar a boa vontade da pessoa que havia jogado os episódios anteriores contigo. O que é para ser o ponto alto do jogo, se torna aqui, também, seu maior problema. Acredite, pode não parecer um problema, mas quando você estiver ansioso para descobrir o desfecho e der de frente com essa situação, você vai entender o que vos digo. 

Imagem do jogo A Way Out
“Vai ter que jogar comigo até o final, sim senhor!”

O crime compensa 

De modo geral, A Way Out traz muito mais pontos positivos do que negativos e, para aqueles que buscam uma boa história, é uma compra certa. Talvez não pelo valor inicial, mas certamente é um título a se ter na biblioteca em algum ponto da vida. Quer economizar? Divide o custo com aquele velho amigo do colégio e um convida o outro para a partida! Josef Rarif acertou a medida nesse jogo e isso só me faz pensar que temos que ficar de olho no que vem mais por aí! 

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