Skip to main content

Quando somos novos, sempre pensamos em como seria viver uma grande aventura. Afinal quem não gostaria de ser um herói que entrará para a história de muitas pessoas e será lembrado? Adventures of Chris traz o homônimo Chris em sua própria aventura. Assim, Chris poderá mostrar ao mundo que não é apenas alguém fraco e alvo dos bullies de sua escola. Com seus poderes de inflar e desinflar como um balão ele irá viajar pelo mundo lutando contra uma organização de vilões.

Sejam pinguins com implantes robóticos, nuvens de gás, gatos ninjas e um jovem vampiro mimado, Adventures of Chris tenta trazer um humor simples e inocente para o jogo, com seu gráfico básico e clichês. Para jogadores que não estão acostumados com o gênero de plataforma ou a cultura gamer em si, é uma ótima pedida. No entanto, para jogadores mais assíduos, Adventures of Chris acaba sendo um tanto quanto maçante.

Voar, voar, subir, subir

Chris é apenas um garoto comum com sobrepeso. Ele vive uma vida de adolescente comum, vai a uma escola comum e tem dias comuns. No entanto, durante uma noite em que voltava para sua casa, Chris foi misteriosamente transportado para um local bizarro. Assim que seus olhos se ajustaram à escuridão, Chris viu que estava na Transilvânia, o país do temível Conde. Rumando em direção a um castelo no horizonte, a fim de usar um telefone, o jovem segue pela tortuosa estrada.

Imagem do review de Adventure of Chris
Memórias da “motinha” de Megaman X5 voltando em 3, 2, 1.

Porém,  ajuda é tudo o que Chris não encontra aqui. Este é o castelo de Conde Junior, um jovem vampiro que, mesmo em suas centenas de anos, continua a agir como uma criança mimada. Desta forma, em busca de aceitação na Sociedade dos Demônios,  resolve usar Chris e outras crianças em sua festa. Chris então é transformado em balão e as outras crianças em diferentes brinquedos, que são então espalhados mundo afora.

Chris, por sua vez foi, lançado aos céus, subindo tanto que chega ao reino dos balões. Aqui, Chris aprende a técnica de se desinflar, podendo assim descer novamente à terra e até andar normalmente. Usando seu novo poder, Chris parte em busca dos ensinamentos perdidos do povo balão, aprendendo técnicas de luta e se tornando, enfim, o herói da lenda. Podendo desta vez dissolver a Sociedade de Demônios e salvar as crianças transformadas em brinquedos.

Inflando até estourar

Adventures of Chris tem um sistema de progressão semelhante ao da série Megaman, em que usamos um mapa para escolher o vilão que queremos enfrentar. Cada vilão habita um país diferente, possui suas particularidades e fraquezas, adquiridas muitas vezes no próprio nível. Além disto, existem outros níveis que permitem o jogador adquirir outros dois poderes adicionais, um referente a fogo, e o outro de gelo. Mecanicamente e falando da parte de desenvolvimento dos mapas, o jogo é  bem divertido.

Boss Fight fácil demais para um nível extra.

Afinal, o jogo sabe fazer bom uso desta mecânica de Chris se inflar. Além de aumentar os desafios presentes nos níveis, isso faz com que tanto jogadores mais experientes quanto novos tenham um pensamento espacial maior, evitando obstáculos de uma maneira mais interessante e elaborada. Entretanto, a história e narrativa de Adventures of Chris é pedante e cansativa. Chris e os personagens no reino dos balões estão sempre fazendo piadinhas fora de hora e previsíveis.

Além disto, o Conde Junior é de longe o mais irritante e inconveniente inimigo dos jogos.  Isso vindo de alguém que zera M.G.S 2 constantemente e sempre tem que encarar os monólogos de Fatman. Os outros inimigos são bem clichês e previsíveis, mas o Conde ganha de lavada de todos. O jogo segue usando estes elementos que logo se tornam enjoativos, com um combate pouco interessante, diferente de jogos como Megaman, Castlevania ou Castle of Illusion.

Imagem do review de Adventure of Chris
Ainda bem que os espinhos não são insta-kill.

Magrelo contra gordinho?

A maior referência que estava constantemente buzinando em meu ouvido enquanto jogava Adventures of Chris foi Super Daryl Deluxe, que, diferentemente, está mais para um Metroidvania do que um plataforma. No entanto, o jogo usa essa mesma temática, de que tem noção do que é, mas em Super Daryl Deluxe o absurdo é abraçado e explorado até o fim,  enquanto em Adventures of Chris, tudo parece superficial e pouco inovador.

Essas escolhas de design fazem com que o jogo perca toda seu apelo e charme logo na primeira hora. Ele apresenta um combate pouco interessante, em que muitas vezes o inimigo morre com um hit ou precisa de uma estratégia X para ser derrotado para se progredir.

Para servir o Conde Junior, esta morte ai está bem fraquinha.

As lutas de chefes também são repetitivas e pouco envolventes para o jogador, algo que, para um jogo do gênero, é um tiro no pé, uma vez que muitas vezes jogos deste tipo contam com modos de Boss Rush.

Adventures of Chris é um jogo que apresenta ideias criativas e uma exploração espacial de nível muito boa. Porém, a execução de combate, desenvolvimento de personagens e narrativa é lento, arrastado e pouco criativo. O jogo é uma boa porta de entrada para jogadores mais casuais e mais novos, mas dificilmente pode agradar jogadores mais assíduos de plataformas como Megaman. Com seus gráficos um tanto quanto infantis e trilha sonora pouco marcante, o jogo acaba murchando logo na subida.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024