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Anodyne é um daqueles jogos que você muito provavelmente nunca ouviu falar. Mas, após ter o seu primeiro contato com o game, parece até que já são amigos de longa data, assim como foi comigo e outro indie chamado Reverie, um título mais fresco que é muito semelhante a este. Sendo lançado inicialmente em 2013 para PC e mobile, só agora em 2018 que os consoles estão recebendo um port – muito provavelmente por conta da sequência que foi anunciada também este ano, prometida para 2019.

Apenas duas mentes estão por trás do projeto: a dupla Sean Han Tani e Marina Kittaka, que juntos produziram tudo presente no game, desde roteiro até trilha sonora. Um fato curioso sobre Anodyne é que, na época de seu lançamento inicial, o que garantiu o seu sinal verde na Steam foi o fato dele ter atingido um grande destaque no Pirate Bay – então sim, a pirataria foi o principal elemento que fez deste jogo um cult no meio indie.

Sonhando acordado

A história de Anodyne é extremamente abstrata e até difícil de se fazer uma sinopse, justamente por ela fugir tanto do convencional. No jogo você controla Young, um menino que está vivendo uma jornada em um mundo ilusório criado pelo seu subconsciente, ou seja: essa aventura é ambientada no imaginário do nosso protagonista.

A pixel art do jogo é bem charmosa.

Pouco nos é explicado, tudo que vemos é Young acordando em um local chamado de Nexus (uma espécie de dimensão que liga todas as coisas) e encontrando o Sábio, nosso guia nessa jornada. Ele explica que o mundo está sendo consumido pela escuridão e que, sem nenhuma razão aparente, Young é o único que pode detê-la. A escuridão está à procura de algo (ou alguém) chamado de Briar, para que assim possa usar seus poderes e concluir seu objetivo de mergulhar o mundo em trevas. Nossa missão é alcançar o Briar antes da escuridão e impedir que o mundo afunde em calamidade.

Como dito antes, após essa breve introdução composta por apenas um curto diálogo, tudo é abstrato e interpretativo, onde o maior mistério é se tudo isso que está acontecendo realmente tem um impacto na realidade ou se não passa de um sonho de Young. Sendo curto e grosso, a história é um dos pontos mais fracos do jogo, pois todo esse mistério envolto à trama não consegue prender a atenção do jogador, muito menos deixá-lo interessado em querer saber mais. Os poucos eventos que ocorrem conforme progredimos, assim como os diálogos que temos com os NPCs ao nosso redor, mais parecem uma espécie de homenagem à Earthbound do que algo original, com mais identidade. Nada faz muito sentido aqui, na maior parte do tempo parecendo que somos apenas um menino andando sem rumo em lugares estranhos.

O game possui um humor bem sutil, presente em diversos diálogos opcionais que temos ao interagir com os raros NPCs presentes no jogo – inclusive com pedras, afinal estamos em um mundo de sonhos, então conversar com pedras não é a coisa mais estranha que podemos testemunhar por aqui. Quando não somos agraciados por uma piadinha infame, teremos diálogos bem místicos e pouco compreensíveis, todos voltados para os mistérios da trama e daquele mundo que parecem nunca se encaixar.

Acho que já te vi em algum lugar…

Como a história não é grande coisa, felizmente posso afirmar que o foco não está em sua narrativa e sim na jornada. Existem muitos jogos com enredos cheios de potencial que nem sempre tem o melhor desfecho, mas o caminho que trilhamos até ali e toda a nossa experiência ao longo da aventura é o que os torna tão bons de se jogar. Anodyne é um desses casos.

Zelda wanna be

Assim como em Reverie, o modo como Anodyne funciona é totalmente inspirado em Zelda, mas nesse caso ele tende mais para A Link to the Past. A simplicidade do game dispensa até mesmo uma tela com as dimensões convencionais, onde nos consoles você joga com uma telinha reduzida e com bordas laterais gigantescas, como se estivesse jogando em um celular ou console portátil. Isso não vai te atrapalhar em nada, mas é realmente estranho todo aquele espaço não aproveitado ao redor.

Como o game carece de explicações, nós simplesmente somos soltos pelo mundo e devemos sair explorando como der na telha, sem se prender a objetivos pré-definidos ou caminhos determinados. O mundo dos sonhos está repleto de regiões, caminhos, portas trancadas, dungeons e tudo que temos direito em um bom adventure, mas o jogo não te dá nem dica do que fazer e para onde ir – seu guia será a sua curiosidade e paciência de ir e voltar nos mesmos lugares quantas vezes for necessário.

E agora? Quem poderá me defender?

Armados apenas com uma vassoura (sim, essa é sua arma no jogo), teremos uma certa variedade de inimigos que ocupam suas determinadas regiões, mas todos são muito fáceis de serem derrotados e não oferecem grandes desafios. Até mesmo os chefes acabam não se tornando ameaça, pois além de morrerem muito rápido ainda possuem padrões de ataques muito previsíveis e simples de se esquivar.

Nosso objetivo primordial é encontrar e explorar diversas dungeons, para que assim encontremos três chaves que possam abrir novos caminhos. As dungeons são curtíssimas e como de costume são compostas por várias salas com puzzles e inimigos, mas os puzzles também não oferecem desafio algum, sendo facilmente solucionados uma vez que você já esteja bem entrosado com as mecânicas do jogo.

Seu objetivo secundário, que também pode ser considerado primordial, é encontrar diversos cards escondidos pelo mundo. Esses cards, além de servirem de colecionável, também podem abrir portões que te garantem caminhos exclusivos com diversas recompensas, então é importante procurar por todos os 48 e decorar onde está cada portão que só pode ser aberto por meio de cards.

Os chefes são brincadeira de criança.

De longe, o que mais se destaca em Anodyne é a trilha sonora. As músicas são fantásticas, todas possuindo um tom místico incrível que casa muito bem com o universo do jogo e aquele mundo ilusório. É o tipo de jogo que com certeza vai te fazer procurar a trilha sonora para ficar ouvindo nas horas vagas. Já os gráficos não fogem muito do padrão, mas o pixel art do game é bem charmoso e não chega a “enjoar” como acontece com muitos jogos que usam o mesmo estilo visual.

O maior problema desse port são os bugs, que além de comprometerem seu jogo podem acabar com a jogatina de quem gosta de caçar conquistas. Um dos bugs mais irritantes acontece quando morremos afogados: é bem comum reaparecermos dentro de paredes e elementos do cenário, te prendendo e impossibilitando de andar para qualquer lado, assim te obrigando a retornar para o Nexus e refazer todo o caminho para o local em questão. Já com respeito aos troféus, muitos deles não são desbloqueados mesmo cumprindo os requisitos, como matar os chefes, por exemplo. É bem capaz que, mesmo cumprindo todos os requisitos das conquistas, você não consiga desbloquear todas, o que é muito frustrante.

Anodyne é um daqueles jogos que carregam nostalgia apenas no seu jeito de ser. Por ser muito fácil, ele é bem acessível para todos e acaba se tornando perfeito para jogatinas casuais em que não queremos pensar muito, apenas jogar. Seu charme e simplicidade vão te garantir algumas horas de entretenimento sem você nem perceber, então se você é um daqueles jogadores que estão órfãos de jogos como Zelda das antigas e Earthbound, tá esperando o quê?

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