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Desde o surgimento de Final Fantasy em 1987, os JRPGs seguem um progresso em comum. Certo que nas atuais gerações isso desandou um pouco, mas se formos analisar, tivemos excelentes títulos como Persona 5, Dragon Quest XI: Echoes of an Elusive Age e Kingdom Hearts III, que nos fazem lembrar que o gênero continua vivo e bem. Até mesmo Ni no Kuni e a série Tales of mantiveram a chama acesa.

Arc of Alchemist pega tudo que foi construído pela Square Enix, Atlus, Level5, Game Freak e afins, joga fora e traz um JRPG que peca em quase todos os atributos. Seja na história ou na mecânica, o título consegue a proeza de ignorar anos de tradição. O que de um lado surpreende pela audácia de mudar as estruturas, por outro assusta por não sair nada coeso dessa ideia.

O apocalipse ainda seria melhor

No cenário pós-apocalíptico de Arc of Alchemist, você controla a equipe de Quinn Bravesford que está em busca do que chamam de Grande Poder. Explorando alguns lugares como o grande deserto, que é a primeira área que visita, você segue enfrentando criaturas e chefões em busca de entender o que aconteceu com a humanidade e buscando o desejo de sua ambição. E é neste ponto que começará o seu estranhamento no game.

Imagem do review de Arc of Alchemist
Os diálogos são fracos e não mostram nada produtivo.

Você já começa controlando um esquadrão do qual mal sabe nada sobre, seja sua forças, fraquezas ou motivação. O pouco que é mostrado de Quinn intriga, mas não sustenta a frieza da personagem. Conforme segue nas áreas, existem ícones de eventos que contam um pouco sobre o passado deles, e cada vez que você vai à base da equipe, os personagens conversam e interagem, mas sempre são diálogos rasos e sem nenhum fundamento.

Na exploração, também há falhas imensas. Além da repetição excessiva do mesmo cenário, inimigos e até mesmo itens encontrados, você às vezes se sentirá num loop e te fará questionar se já não esteve ali antes. A quantidade de mistérios também é excessiva. Por exemplo, você encontra terminais de PC que supostamente deviam contar a história da humanidade, mas nenhum deles te diz nada de útil. Há vários outros puzzles cujas resoluções são tão simples que nem deviam estar ali. Parecem ter sido colocados à força para preencher espaço, sabe?

Nivelamento desequilibrado

Já nos combates, assim como a aparição dos mesmos inimigos a todo momento, também há o fator da animação não estar nada agradável e da ausência de recursos te chamar mais atenção do que o próprio jogo. Com o elemento action, nem auto-mira existe e muitas vezes você é obrigado a ficar girando câmera pra acertar oponentes que não param um instante sequer.

Em Arc of Alchemist, outro fator que marca é o desequilíbrio de sua mecânica. Em 3 horas de jogo, meus personagens já estavam no lv.30. Sim, 10 níveis por hora. Com o crescimento desigual, é de se imaginar que terão vários itens e equipamentos que acompanhem seu crescimento também, certo? Errado. E fechando esse trecho de desigualdade, também há monstros de poder absurdo nas primeiras áreas do jogo, sem sinalização nem nada que identifique sua força extrema, e que derrubam seu time de forma abrupta.

Os cenários e inimigos são repetitivos.

Até mesmo visitar a base se torna um evento enfadonho e sem graça. No meio dos mapas, há um cristal que permite a criação de acampamentos e seu transporte para o QG dos integrantes da exploração. Ali há apenas itens para comprar, pequenos trechos que acrescentam à história dos personagens e suas personalidades, e apenas neste local você pode salvar o jogo. Desculpem a sinceridade, mas é tudo tão raso que frustra e não abre espaço para ter vontade de continuar a aventura.

O que complica ainda mais a experiência de Arc of Alchemist são as inúmeras telas de loading. Estamos em pleno Século XXI, numa geração que nos traz jogos grandiosos como The Witcher 3, Marvel’s Spider-Man entre outros. É inadmissível que um jogo que não seja tão grande, que graficamente remeta à capacidade de um Nintendo 3DS e que contenha tão pouco conteúdo precise de tanto carregamento num PS4. E a Nintendo que me perdoe, pois nem jogos do 3DS dão uma dessas – está aí de exemplo o Xenoblade Chronicles 3D, Kingdom Hearts Dream Drop Distance e qualquer Monster Hunter.

Imagem do review de Arc of Alchemist
A qualidade visual é bem inferior a jogos do 3DS, por exemplo.

Corram para as colinas

Obviamente a Compile Heart e a Idea Factory decidiram seguir o caminho contrário que rendeu sucessos como Death end re;Quest e seu último título, Dragon Star VARNIR. Apesar de não serem exemplos de clássicos, foram excelentes games que tinham uma base sólida e que mantinha um certo nível. Arriscar em novidades e outros modos não é errado, mas ignorar o que torna determinados gêneros no que alcançaram até aqui é um tiro no pé.

Sem um ponto forte identificável, desde a trama, mecânica ou qualquer outro fator, esse foi um enorme passo para trás da desenvolvedora. Para não dizer que nada se salva, a trilha-sonora é aceitável, apesar das vozes não serem nada agradáveis com a equipe de dublagem. Fora isso, não é identificável nenhuma outra boa razão para jogar.

Arc of Alchemist até dá esperanças de que algo bom está para acontecer, mas com ideias tão rasas e um gameplay que fica abaixo até de vários jogos portáteis, você pode se cansar e pula a experiência com aquela triste sensação de que podia ter gasto seu tempo em games melhores.

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