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Desde o seu lançamento para PC e posteriormente para PS4, o trabalho da desenvolvedora League of Geeks sempre foi muito elogiado por unir o storytelling ao estilo dos board games e adaptar tudo isso em um jogo extremamente cativante. Sempre elogiado e comparado à narrativa de Game of Thrones, meu histórico com os jogos de tabuleiro (de mesa mesmo) me fizeram vibrar com essa aventura repleta de beleza e mecânicas, que surpreenderam com uma ótima experiência de jogo. Convido vocês para embarcar na história que definirá o futuro de Armello, um reino ameaçado pela Podridão, que com certeza vai conquistá-lo!

O zoológico está em guerra

Essa simples narrativa traz um Rei corrompido que precisa ser destronado por quatro clãs e seus respectivos heróis, que agem de acordo com seus princípios e crenças. Uma premissa básica e que já foi explorada de maneira exacerbada nos games, livros, cinema e séries. Porém, em Armello, acaba ganhando uma roupagem diferente. Quase como se Game of Thrones fosse feito pela Disney (se é que isso fosse possível em alguma linha temporal bizarra), mas esqueça a fantasia bonitinha pois aqui temos um universo que consegue ter sua beleza ao mesmo tempo em que oculta seu pior lado.

Com uma pegada estilo Blacksad, do autor Juan Diáz Canales e o ilustrador Juanjo Guarnido, os personagens são animais antropomorfizados e carregam o estereótipo de suas raças. O clã dos lobos representa a bravura e lealdade; o clã dos ratos abusa da espionagem e suas habilidades sorrateiras; o clã dos coelhos mostra o lado aventureiro e sua busca por prestígio; por fim o clã dos ursos usa a força para reunir os artefatos que podem purificar o imenso e dourado Rei Leão.

Imagem do jogo Armello
Não é o Simba, mas também é um Rei Leão.

Você terá diversos turnos pelo tabuleiro modular, com regiões representadas por hexágonos, passando por dia e noite, além de sol, chuva e neve. A movimentação ortogonal dos personagens faz com que a história seja preenchida pouco a pouco, após uma abertura muito bem animada e ao som de uma excelente trilha sonora.

Assim como em Hand of Fate 2, só conhecemos mais sobre a história por meio do uso das cartas e tabuleiro, sem a existência de uma narração ou sequências animadas. No entanto, um dos problemas desse jogo é não explorar a motivação de cada clã ou até mesmo a história desse monarca tirano. Sabemos como os clãs e seus heróis podem chegar ao trono, porém pouco sabemos mais sobre cada personagem e o motivo de seu envolvimento, que vá além de ser apenas pelo bem do reino.

Imagem do jogo Armello
Seus movimentos podem levá-lo até batalhas inevitáveis.

Um ameritrash digital

Entre os entusiastas de board games, o termo Ameritrash define um estilo de jogos de tabuleiro: conflito entre jogadores, eliminação de personagens, decks e sorte são mecânicas presentes em títulos desse gênero. Por esse motivo, Armello pode ser perfeitamente enquadrado nesse estilo devido a diversidade de gameplay, inclusive sendo possível ser adaptado perfeitamente para um game offline, de mesa. Para Switch tivemos uma adaptação muito bem trabalhada por conta da tela de toque, porém você terá cartas e dados como base para a jogabilidade. Isso sem contar a presença forte do gênero RPG devido às habilidades e atributos que farão toda diferença durante a jogatina.

Essas várias maneiras de controlar seus personagens e enfrentar seus inimigos ou conquistar as localidades do tabuleiro justificam as várias maneiras de vencer uma partida. Você poderá vencer conquistando influência, prestígio, batalhando ou reunindo as pedras de espírito. Cada grupo de heróis em Armello possui facilidades para cada uma dessas condições de vitória possíveis.

Imagem do jogo Armello
Uma pitada de RPG dentro desse universo de board games.

Por conta dessa variedade, inclusive das condições que apresentam conteúdo relacionado à história, o fator replay tanto no modo single player ou multiplayer online acaba sendo altíssimo. Dificilmente uma partida será igual ao que você conseguiu realizar anteriormente.

Após um prólogo que também funciona como um bom e completo tutorial, você terá diversas missões e personagens para encontrar até que alguém complete uma das condições de vitória. Após uma partida completa, itens serão desbloqueados, favorecendo uma nova run. Novamente como Hand of Fate e diversos board games, o tabuleiro dificulta o gameplay contrapondo a diversidade à favor dos jogadores.

Imagem do jogo Armello
Jogue os dados e o fator sorte definirá seu destino.

Assim como Catan e diversos outros títulos, o tabuleiro modular causa condições especiais de movimentação como, por exemplo, as montanhas aumentam sua defesa e o pântano causa dano extra. As cartas são equipadas em seus personagens, assim como em Mice and Mystics e o combate lembra muito Elder Sign e Star Wars: X-Wing. Ou seja, tem muita coisa boa e ótimas referências para quem acompanha o cenário digital e offline dos joguinhos, que com certeza vai conquistar espaço na sua jogatina.

Muitas regras e condições

Num primeiro momento, Armello pode parecer confuso demais. Há muitas regras, condições e possibilidades (sem contar os personagens), tudo disponível para você montar sua própria maneira de jogar. Se o background dos personagens é um ponto negativo, para quem não está acostumado com esse estilo de jogo, a demora dos outros jogadores (no modo online) para decidirem suas ações pode quebrar o ritmo da partida e entediar os menos experientes.

Imagem do jogo Armello
Meu clã preferido em Armello: os ursos.

A temática medieval, o belo visual e o cuidado em levar para os consoles a experiência de um board game fazem desse um excelente jogo indie. Talvez o Nintendo Switch seja a melhor opção para Armello. Porém, falta um modo competitivo local, o que aproveitaria a mobilidade do console.

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