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Ah, o Japão. Onde mais você veria uma ideia de criar um anime de gigantes pelados que devoram pessoas? O anime que abalou as estruturas do mundo nipônico pode parecer esquisito a princípio, mas atingiu milhares de fãs pelo mundo. Shingeki no Kyojin, aqui conhecido como Attack on Titan, tinha uma proposta simples: essa gente que vive sendo caçada pelas aberrações, pra não ser devorada, começou a se defender. Criaram muralhas, armas e um esquadrão de elite para protegerem o que sobrou da humanidade. Mas não estariam salvos por muito tempo…

Ótimo conceito que criaram, diga-se de passagem. Marcante, violento e expressivo, o anime fez um sucesso instantâneo. Reacendeu o desejo de voltar a ver o estilo até de quem tinha parado. Me incluindo nessa, detalhe. As pessoas corriam para ler o mangá que estava mais do que avançado. Não ia demorar muito para toda essa desventura parar no mundo dos games, não é mesmo? O primeiro título, que chegou em 2016 para a nova geração logo deu lugar ao segundo, de 2018. A versão definitiva, Final Battle, chegou e será que faz jus aos colossos?

Juntando a galera para matar gigantes

Attack on Titan 2: Final Battle é, basicamente, uma junção de conceitos. Reunindo a primeira temporada que é abordada no jogo anterior, eles chegam até a utilizar algumas cutscenes iguais e a jogabilidade não foi tão modificada. As mudanças começam na inclusão dos enredos da segunda e terceira temporada. O jogo cobre todos os arcos conhecidos até o momento, trazendo uma fidelidade absurda aos eventos da animação.

Porém, ao contrário do título anterior, a história sofre pequenas alterações para incluir o personagem criado pelo jogador. No papel de um recruta do 104º esquadrão, você passa a conviver com todos os personagens conhecidos como Eren, Mikasa, Armin, Levi e vários outros que enfrentam os poderosos titãs em suas jornadas. O processo de criação é bem amplo, considerando os sprites já criados dos personagens existentes.

Imagem do jogo Attack on Titan 2
Você faz parte do 104º Esquadrão, com toda a turma do anime.

Outro ponto interessante é a possibilidade de se caminhar nos arredores da muralha para se relacionar com os personagens que conhece. Fazendo amizade e criando vínculos, você pode adquirir novas técnicas ou aumento de status que poderão ser úteis no jogo. Com determinadas amizades, rola até mudança de cenário, cutscene e você consegue ter ainda mais informações deles do que aquelas que o anime fornece. É ótimo para aprofundar no background desse gigantesco universo.

Emoção no ar e na ponta da espada

Mas, vamos ser sinceros, não foi por isso que você parou para ler até aqui. Você quer saber como é matar os titãs, não é? A sensação de voar pela cidade e cortar a nuca dos monstrengos, se banhando no sangue inimigo e derrubando a ameaça da humanidade. Afinal, é essa a sua missão. Você vai pegar seus equipamentos e, quando os alarmes soarem, a fumaça subir e os gritos começarem, o coração vai acelerar e pulará em direção ao perigo.

Imagem do jogo Attack on Titan 2
Matar titãs te dá toda a emoção vista na animação.

No momento que pular, a primeira virada de olho vai acontecer. Se já jogou Spider-Man, lembra de como é fácil e intuitivo se pendurar por Nova York? Gostaria de dizer o mesmo de Attack on Titan 2. A corda se pendura no que vier na frente e você vai cansar de raspar a bunda no chão. Com o tempo e com equipamentos melhores, isso até se torna menos sofrido, mas até chegar lá você estará todo ralado dos chãos de Muralha Rose. Ou do matagal que eles percorrem para exterminar os titãs ao redor das barreiras.

Aí você finalmente encontra um titã e mal pode se conter. Essa, sem sombra de dúvidas, é a melhor parte de todo o jogo. Não há sensação melhor do que voar na direção deles, pensar rápido onde quer atingir, ativar os parceiros de esquadrão para te auxiliar no mutilamento e, no fim, cortar o pescoço do bicho enquanto se banha no seu sangue, caindo do céu como chuva. É um sentimento sem igual e é ali que Attack on Titan 2: Final Battle brilha de verdade.

Você pode escolher atingir pernas, braços e a nuca do colosso. Cortando as pernas, ele cai automaticamente e começa a se arrastar. Os braços impedem que ele te segure, mas não se espante se no meio da brincadeira ele te agarrar com os dentes. Isso rolou comigo e, meus amigos, foi tenso. Já a nuca significa a morte.

Imagem do jogo Attack on Titan 2
Atingir a nuca do titã significa a morte para ele.

Cada parte possui pontos de HP, então variando do seu equipamento isso pode ser cortado de imediato ou pode durar uma eternidade. Também há bastante variedade de titãs, desde os anões, anormais até os que apareceram de distintos no anime, há opções demais para se enfrentar. Mas não apenas deles. Attack on Titan 2 é um compilado gigantesco de escolhas referentes ao universo da animação.

Escolha sua arma, caia matando

Há uma absurda variedade de armas em Attack on Titan 2: Final Battle, que alternam da lâmina às armas de fogo da terceira temporada, técnicas diferentes, carretéis, distintas formações de torres que podem colocar pra te auxiliar e até mesmo um modo em primeira pessoa se você criar uma com canhões de controle manual. Se não faltam gigantes, também não te faltam formas de matá-los e ajudar a humanidade a se reerguer.

Imagem do jogo Attack on Titan 2
Há uma grande variedade de titãs para se enfrentar.

Entretanto, se deve prestar muita atenção nos detalhes se quiser sobreviver para ver isso rolar. Você tem uma quantidade limitada de lâminas e gás para utilizar de seu estoque. As torres são importantes também por isso: elas podem te suprir quando o seu gás esgota. Conforme mata os titãs e corre pelas muralhas, isso vai desgastando e, conforme o seu limite, causa menos danos ou perda significativa na velocidade.

Muito legal, agora você está habilitado para matar os titãs e se consagrar um jogador bom, certo? Errado! Quando aparecem os titãs anormais, o bicho pega em outro nível. Primeiro que eles não vêm sozinhos e matar dois deles normais já é um trabalho mais pesado. Os anormais possuem duas barras, enquanto a energia que percorre o corpo deles não reduzir é impossível causar danos expressivos em qualquer parte do corpo dele.

O cenário é completamente destrutivo, então não adianta nada subir no prédio mais alto para descansar ou recarregar. Se o titã foca em você, nada o impede de chegar em ti. Como disse anteriormente, sem braços eles te seguram com a boca. Se está usando a corda pra se jogar para o alto, eles pulam. É uma eterna brincadeira de caça e caçador entre o jogador e as criaturas. Se uma hora você está dominando o jogo, na outra a mesa pode virar.

Imagem do jogo Attack on Titan 2
Além do cenário destrutivo, há muito a se explorar.

Quanto maior o Attack on Titan, maior a queda

Quando Attack on Titan 2: Final Battle sai deste âmbito de matar os titãs, você percebe que ele tem um enorme potencial que foi gasto em ações monótonas. Toda missão, seja na muralha ou nas paralelas ao redor dela, terá o mesmo ponto principal. Construa torres, mate titãs, salve os companheiros de esquadrão, encontre o anormal, mate ele, cutscene, praça do game. Apesar de ser ótima para construção de laços com os personagens, ela não traz atrativo maior algum que te faça sentir vontade de explorar e ver tudo.

Nas sidequests você ainda tem o diferencial de andar a cavalo, mas isso também não salva a repetição de padrões. Apesar de ter outros modos, como o Another Mode que poderá jogar missões online com qualquer personagem ou Character Episode Mode, que permite ver os pontos da história de vários lados diferentes, são apenas formas diferentes de se jogar a mesma coisa. Nem Territory Recovery Mode se salva, oferecendo mais do mesmo.

Apesar das referências e detalhes inclusos, a segunda e terceira temporada representam muito pouco do título, que está muito focado nos eventos da primeira temporada. Você só vê ambas no fim do Modo História e estando melhores representadas pelos equipamentos do que pela sua presença in-game.

Imagem do jogo Attack on Titan 2
Há diferenças na história, mas ainda é uma bela homenagem.

Se você já tem o título Attack on Titan 2 sem a expansão Final Battle, a única coisa que ela inclui são os personagens Nifa, Zeke, Kenny, Caven e Floch de forma jogável, novos equipamentos e o modo Territory Recovery. Além disso oferece os eventos da terceira saga de Eren, mas nada que diferencie tanto da animação que já assistiu.

Ao que o game propõe, de matar titãs, é uma pérola que vai fazer seus olhos brilharem e a mão de cortar nuca tremer. Attack on Titan 2: Final Battle é uma verdadeira homenagem ao anime e ao que conhecemos do universo. Todo o restante, como os debates políticos, a tensão, a união de alguns personagens e tudo que é envolvido se perdem em algum lugar da repetição e da monotonia que o jogo te oferece. É uma ótima representação de Shingeki no Kyojin, mas não de todas as suas facetas.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024