Hoje em dia o mundo dos animes é cada vez mais abrangente, sendo fácil de encontrar os mais diversos gêneros de histórias – sejam shounens, yaois, ecchis, tem de tudo para todo mundo! Logo, é de se esperar que cada vez mais a criatividade dos escritores entre em cena, criando novas situações e universos. O mesmo é dito no mundo dos games e um universo em comum de ambas as formas de mídia é o dos JRPGs.
Dessa forma, Banner of the Maid foi concebido. Trazendo um universo onde a guerra Franco-Prussiana ainda se encontra em andamento, o mundo está preste a conhecer novas faces e heroínas. Definitivamente muito do que é apresentado em Banner of the Maid me pegou de surpresa, mas isso nem sempre é algo bom.
Guerra Kawaii Desu
Voltemos a 1800, um século que viria a acompanhar a ascensão de um dos maiores líderes bélicos que o mundo já viu: Napoleão Bonaparte, o homem que tomou a França por completo devido a suas incríveis façanhas militares. Por outro lado, desta vez ele pouco nos interessa, afinal a protagonista de Banner of the Maid é sua irmã, Pauline Bonaparte, uma jovem que acaba de ser convocada da École Militaire para ajudar seu irmão nas campanhas militares francesas.
Pauline é uma jovem sonhadora que deseja se mostrar tão boa comandante quanto seu irmão e seus adversários, mas não se sente confiante o suficiente para isso. Imediatamente ao chegar em Paris para se encontrar com as tropas de seu irmão, Pauline já se vê em meio à guerra e descobre que, nessa guerra contra praticamente toda a Europa, ela não terá mais tempo para “brincar”. Agora ela comanda tropas reais, com homens de verdade e baixas que podem mudar o rumo do conflito.
Agora em meio à guerra, Pauline irá se reencontrar com antigos conhecidos, como os membros da família real, e conhecer novas personalidades como Robespierre (além de encontrar outras Maids). No universo de Banner of the Maid, existem poderosas jovens que possuem dons militares únicos e Pauline foi treinada a fim de se tornar uma. Com o dom da sua voz inspiradora, ela consegue levantar a moral das tropas e guiar seus companheiros para a vitória. Talvez seja por isso que ela carregue consigo a bandeira da dama de Paris, Joana d’Arc.
Tatics revival?
O gameplay de Banner of the Maid é algo que de longe parece assustadoramente complexo, mas de perto pode-se ver que não é nenhum bicho de sete cabeças. Afinal, ele segue o modelo de combate de jogos como Final Fantasy Tactics, que divide as tropas pelo mapa em terrenos diversos. Muitas vezes a movimentação da tropa pode ser “cortada” para subir ou descer uma elevação, desviar de obstáculos ou até mesmo se esconder nas moitas para aumentar a probabilidade de se evadir de um ataque.
O jogador pode equipar determinados itens nas tropas que acompanham Pauline e na própria personagem. Estes itens podem aumentar o ataque da unidade, sua defesa, capacidade de evasão a ataques e até mesmo o poder de liderança de general. A roda de vantagens em Banner of the Maid vai evoluindo com o tempo; sempre que você passa a classe de determinado personagem, uma nova roda de fraquezas/vantagens é desbloqueada. É sempre importante prestar atenção na hora de se montar um plano de ataque.
Diferente de outros RPGs táticos que joguei, em Banner of the Maid o jogador controla o general de uma determinada tropa. No entanto, no momento do ataque, é possível ativar uma animação, mostrando que na realidade quem ataca são soldados do pelotão. Estes soldados representam o HP da unidade/general. Uma vez que o HP se esgote, aquela unidade está sem soldados, o que fará com que o personagem recue ao invés de morrer. Mas isso não quer dizer que você possa se dar ao luxo de perder tropas à vontade, pois cada batalha possui condições que podem ser relacionadas a um número “X” de tropas perdidas.
Suas joias são uma maravilha
Mas nem só de batalhas são feitas a guerra. Durante o gameplay de Banner of the Maid, uma outra parte importante do mundo bélico entra em cena. Assim se dá a parte visual novel do jogo, onde devemos buscar o apoio de outras pessoas influentes por Paris. Pauline vive com Joséphine, uma amiga e interesse amoroso de Napoleão, e as duas fundam o Malmaison, uma facção ideológica que visa melhorar a qualidade de vida do povo francês.
Através de muita conversa e negociações, o jogador deve se aliar ou se voltar contra outras instituições como os monarquistas, os Jacobinos e Girondinos. No salão de Joséphine, o jogador pode escolher completar essas sidequests, o que pode resultar em fundos que podem comprar novos itens para as tropas, incluindo itens poderosos que podem ajudar muito na hora do combate. A única falta aqui é a de experiência, que é ganha exclusivamente através de batalhas.
Quando subimos de nível, além de aumentar os status, podemos ir estudando a próxima classe que iremos escolher para nossos personagens principais. Dessa forma, podemos diversificar cada vez mais o campo de batalha e cobrir cada brecha para explorar a fraqueza dos inimigos. É sempre bom parar antes de cada batalha e analisar a situação: devo colocar esse personagem porque é mais forte? Ele tem fraquezas contra o inimigo? Ou este que se juntou a pouco ao meu grupo é um pouco mais fraco, mas possui determinada vantagem e mais munição? Somente assim se vence a guerra!
As cinzas estão frias
A parte artística de Banner of the Maid é bem fraquinha. Cada personagem possui suas particularidades em torno de seu design, mas não é algo que chegue a saltar os olhos. Muitos que viram screens do jogo enquanto eu jogava chegaram a me perguntar se era algum arco do anime Fate, que traz antigos nomes da história de volta à vida. No entanto, acho o design dos personagens de Fate mais bem trabalhados, estudados e característicos. Tanto que, em cada novo arco, os personagens passam por uma remodelagem única.
A parte da trilha sonora é bem estéril também, com muitas músicas da época, violinos e tudo mais, mas nada extraordinário ou fora do comum. Sei que é pedir demais nesse caso, mas ouvir personagens icônicos da história francesa darem ordens em chinês é muito estranho. É algo que tira a imersão do jogador, estar em um universo totalmente “francês” e de repente Napoleão começar a dar ordens em chinês.
Banner of the Maid é uma experiência interessante por pegar grandes nomes da história em um dos momentos mais conturbados politicamente, economicamente e socialmente da França. Mas no fim do dia acaba sendo um tanto quanto genérico, sem medo de arriscar com algo mais profundo e personagens mais carismáticos. Contando muito com personagens femininas super exageradas, é interessante, é bonito, mas nada que me faça ver como um ponto a favor da compra do produto.
No entanto, a parte tática do jogo se mostra divertida e até mesmo bem profunda, sendo necessário planejamento real para que as batalhas possam ser vencidas de maneira completa. As partes de visual novel também podem acabar alterando o resultado no campo de batalha, afinal, fundos são necessários para a expansão do poderio militar e para a compra de itens. Banner of the Maid é um bom jogo estratégia a lá Final Fantasy Tactics, mas não tem muito a oferecer em relação ao conteúdo de história, personagens ou mundo.