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Blair Witch chegou para assombrar os jogadores do Nintendo Switch. A busca por um garoto de nove anos na enigmática floresta de Black Hills agora pode ser realizada em qualquer lugar, mas o suspense, os mistérios e muitos sustos estão garantidos independente de onde for sua jogatina. Além disso, essa busca está cheia de puzzles que podem fazer você quebrar a cabeça enquanto mira a lanterna ao seu redor para garantir que não há nada espreitando entre as árvores.

Carinhosamente apelidado de Blair Switch, esse survival horror traz o mesmo conteúdo existente nas versões já lançadas em outras plataformas. Infelizmente, as reduções gráficas são nítidas, tornando a interpretação de algumas cenas um pouco mais difíceis, mas ela mantém a experiência fluida e ainda muito perturbadora, daquele modo que a Bloober Team sabe bem como fazer. Então coloque bons fones de ouvido e prepare-se para uma investigação repleta de terror.

Um novo caso na floresta de Black Hills

Estamos em 1996, dois anos após os eventos de A Bruxa de Blair, o primeiro filme. Você controla Ellis Lynch, um ex-policial que decide juntar-se à equipe de buscas para encontrar Peter Shannon, um garoto de 9 anos que sumiu deixando pistas na temida floresta. O problema é que Ellis sofre de paranoias com seu passado (o qual você vai presenciar com frequência através de visões durante a trama) e pode não estar apto para este trabalho.

Imagem do jogo Blair Witch
Esse carro não estava assim quando passei por aqui.

A soma de um personagem mentalmente problemático e uma criança desaparecida em uma floresta como a Black Hills dá a Blair Witch os elementos necessários para um bom jogo de terror. E a Bloober Team conseguiu unir tudo isso em uma atmosfera que deixa o jogador ainda mais apreensivo graças à narrativa cheia de mistérios, mecânicas interessantes e até alguns elementos conhecidos da desenvolvedora, como aquela mudança abrupta de cenário que ocorre em Layers of Fear.

Ellis não está na floresta de forma totalmente oficial. Os demais não apoiam sua decisão, nem botam fé na sua capacidade de resolver este caso justamente por saberem de seus problemas. Isso é curioso e vai te instigar a entender os traumas que ele carrega enquanto progride para mostrar que todos podem estar errados.

Blair Witch é um jogo assustador, ainda mais com o uso de fones de ouvido (que é a forma recomendada de jogar). Os cenários desolados com árvores que possuem formações estranhas criam um clima de perigo constante, até mesmo durante o dia. Vez ou outra, você ouvirá sons estranhos que podem ser um simples pássaro longe dali ou algum tipo de ameaça – nunca se sabe. Mas é durante a noite que o cenário ficará aterrorizante, onde você verá apenas o que a pouca luz da lanterna consegue alcançar.

Imagem do jogo Blair Witch
Bullet, vai na frente que eu te acompanho.

Sempre ao seu lado

Felizmente você não está sozinho nesta empreitada, pois Bullet, seu cachorro de estimação, o acompanhará a todo momento trazendo consigo uma das mecânicas interessantes e indispensáveis para sua investigação em Blair Witch.

Bullet foi treinado para ajudar os investigadores, e você pode e vai utilizar constantemente a roda de ações do cachorro. As opções incluem: Procurar, onde ele vai farejar o ambiente em busca de pistas ou trajetos; Ficar Junto, que fará ele acompanhar seus passos; escolha Esperar e ele não se moverá. Também é possível Repreendê-lo caso ele faça algo errado (embora eu não consiga me imaginar brigando com um cão que está me acompanhando neste lugar). Por fim, você pode agradecê-lo por algum feito usando a opção Afagar, o que também ajuda a aliviar tensão.

Imagem do jogo Blair Witch
Bom garoto.

Algumas vezes o cão pode se empolgar e correr para longe, rosnar, chorar e parar de andar por medo do que vê a frente. Você até pode seguir sozinho, mas ficar longe de Bullet a ponto de não ouvir seus latidos poderá dar início a uma espécie de sufocamento, e se isso ocorrer você pode gritar ou assobiar para chamá-lo e felizmente ele virá o mais depressa possível. Esses momentos causam uma angústia inevitável, fazendo você procurar os motivos que abalaram Bullet. Às vezes a IA do cachorro também pode falhar, fazendo ele correr para um local sem saída ou até atravessar paredes invisíveis. Não é com tanta frequência, mas pode deixar a exploração um pouco confusa.

Dito isso, você precisa ficar atento ao comportamento do animal, que será o primeiro a encontrar pistas, objetos e até sentir a aproximação dos inimigos. Muitas vezes ele também deixará você decidir por qual lado a dupla deve ir e, que a verdade seja dita, isso dá medo, pois Bullet passa segurança quando segue à sua frente, mas quando ele para, surge uma sensação de que você está exposto aos perigos.

Imagem do jogo Blair Witch
Para qual lado devemos ir?

De forma proposital, será difícil se localizar nesta escuridão, sendo comum se perder entre árvores ou esquecer o caminho que realizou. Nem mesmo a vegetação reduzida desta versão ajudará a entender essas trilhas. No Switch, essa floresta pode ser ainda mais confusa, já que a resolução é baixa e o desfoque muitas vezes deixa as coisas mais borradas do que deveriam. O filtro ajuda a esconder os serrilhados, mas geralmente dificulta o entendimento das cenas, até mesmo na hora de encontrar o cão.

No Switch, as cores de Blair Witch estão esbranquiçadas mesmo com o brilho no nível mais baixo. Com isso, os cenários parecem perder sua profundidade e isso quebra parte do clima sombrio, como nos locais que deveriam ser mais obscuros e acabam ficando um tanto acinzentados. A iluminação também é diferente, não sendo tão boa e contribuindo para o visual branqueado. A diferença é nítida se comparada com as outras versões, sendo pior quando você optar por jogar na TV. Felizmente não é algo que impeça a jogatina, mas deixará ela um pouco mais confusa na hora de entender os elementos na tela.

Um patch para o visual de Blair Witch será muito bem-vindo.

Modificando a realidade

Entre as diversas pistas que você vai encontrar, uma delas traz outra mecânica intrigante para Blair Witch. Trata-se das fitas de vídeo. As azuis mostram memórias do personagem, já as vermelhas chamam a atenção, pois com elas você poderá alterar o cenário numa espécie de viagem no tempo, fazendo surgir itens, abrir portas, liberar passagens, entre outras funções. Elas recheiam os puzzles agindo de uma forma semelhante àquelas mudanças inesperadas de cenário em Layers of Fear. Além disso, elas também têm um papel contextual, mostrando pistas que aos poucos desvendam os mistérios da narrativa.

Felizmente a versão de Switch conta com legendas em português, assim é possível ler todos os documentos e compreender os diálogos. Elas também ajudam a entender as ligações recebidas por telefone ou rádio comunicador, inclusive essas chamadas fazem parte dos requisitos para a formação de possibilidades narrativas, já que o jogo possui vários finais que mudam conforme suas ações durante essa investigação.

Imagem do jogo Blair Witch
Esses vídeos são muito sinistros.

É possível utilizar o celular de Ellis como uma forma de ganhar fôlego ou apenas se distrair enquanto não acha a solução para um puzzle. O legal é que você pode modificar as configurações como brilho, toque e papel de parede. Além disso, também é possível ver o histórico de chamadas, ler mensagens e por fim experimentar os três joguinhos do aparelho como o clássico da cobrinha, um Shooter a la Space Invaders e um Runner 2D estrelado por um cãozinho pixelado. São funções bobas, mas divertidas.

Uma das coisas que surpreendem são as poucas telas de carregamento. Há uma no início da sessão e, a partir daí, dificilmente surge outra, deixando a experiência bem fluida. Só falta mesmo um patch para melhorar o visual. Esta versão também poderia fazer uso das funções de movimentos dos Joy-cons na hora de mirar com a lanterna, isso traria uma camada interessante de interação.

Imagem do jogo Blair Witch
Calma aí Bullet, vou tentar superar minha pontuação.

Essa investigação pode não durar tanto e os sustos se tornam previsíveis quando você se acostuma com as mecânicas de Bullet, mas não há como negar: a atmosfera criada em Blair Witch é sem dúvidas muito sinistra e envolvente. No fim, a versão do Nintendo Switch garante uma experiência bastante competente, mesmo com as reduções ou problemas aqui e ali. Com medo ou não, vale a pena chegar ao final desta loucura e saber o resultado do paradeiro da criança ou até que ponto Ellis (ou você) vai aguentar toda essa tensão.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024