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O clássico dos arcades Gauntlet já está bem próximo de completar 40 anos de vida e até hoje é difícil achar um sucessor à altura (não, o remake não vale). Esse jogo provavelmente foi o dungeon crawler mais importante da história dos games e definiu muitos conceitos essenciais não só do gênero, mas também de jogos cooperativos no geral. Blightbound, novo jogo da Ronimo Games que está se juntando à família Devolver Digital, claramente bebeu muito dessa fonte e, ao seu próprio modo, tenta ser um Gauntlet moderno.

Assim como sua maior inspiração, aqui temos um dungeon crawler com elementos de RPG e foco em multiplayer. Podemos resumir este título como um Gauntlet que mistura beat ‘em up com um combate à la Diablo e o resultado é um tanto impressionante, apesar de estar longe de ser perfeito. Após um longo período em acesso antecipado, chegou a hora da verdade!

Aquela velha história de sempre

Apesar de parecer um RPG super complexo e bem construído, Blightbound não segue os passos dos seus priminhos do gênero e isso já começa pela história. Temos aqui uma trama que se besunta nos maiores clichês da fantasia medieval, com mais uma calamidade caindo sobre a Terra, monstros sanguinários à espreita e um grupo de seletos guerreiros encarregados de dar cabo dessa grande ameaça.

Quem não adora uma pancadaria generalizada, não é mesmo?

Nesse universo, o sol desapareceu e a humanidade foi chacinada por um exército de criaturas sombrias. Apenas aqueles fortes o bastante para enfrentá-los ainda estão vivos para contar história – e é aqui que entramos. Nossos heróis são disponibilizados em três classes: um guerreiro tank, uma gatuna especialista em dano e um mago suporte. Existe uma boa variedade de personagens diferentes, mas todos são distribuídos dentro dessas três opções e, no geral, se diferenciam apenas no visual.

O objetivo do jogo é tão simples quanto sua história: entrar em uma dungeon, derrotar todos os monstros que encontrar, resolver alguns puzzles e coletar muito loot. No começo temos apenas um personagem de cada classe para escolher, mas conforme jogamos e encontramos outros, podemos adicioná-los ao nosso esquadrão. Cada um oferece uma pequena variedade de skills próprias e personalização, mas essas diferenças são mínimas e no geral parece que você está jogando sempre com o mesmo, o que acabou sendo um potencial desperdiçado.

Como já enfatizado, o foco aqui é jogar com amigos, mas nada nos impede de aproveitar Blightbound ao lado de BOTs. A inteligência artificial deles é razoável, nos surpreendendo em alguns momentos e nos tirando do sério em tantos outros. No combate eles costumam mandar bem, especialmente se você estiver controlando o mago. Como tudo que eles fazem é partir para cima dos inimigos sem dó nem piedade, deixá-los a cargo das classes focadas em dano é uma boa estratégia. Porém, é claro que nem sempre funciona e as chances de acabar todo mundo morto em segundos são altas.

Um simples puzzle de empurrar caixas vira um pesadelo com esses BOTs…

A parte mais frustrante de jogar com BOTs fica com os puzzles. A variedade não é muito grande e quase sempre se limita a empurrar caixas em cima de botões no chão, mas é praticamente inevitável que essa simples tarefa vire uma catástrofe. Os BOTs insistem em ficar parados exatamente onde você precisa colocar as caixas e, pelo menos no meu caso, eles conseguiram ir além: prenderam meu personagem em um ponto muito específico entre o cenário e a caixa, me forçando a sair da fase e perder todo o progresso.

Dito isso, fica óbvio que o jogo foi feito para ser jogado com outras pessoas. Pode ser que elas não sejam tão eficazes em combate quanto os BOTs, mas quando os três jogadores estão em sintonia, explorando juntos e fazendo bom uso das habilidades de seus personagens, Blightbound ganha um dinamismo completamente novo.

Loop da destruição

Esse é um daqueles jogos que funcionam a base de um loop eterno, então se você tiver paciência e força de vontade o bastante, pode jogá-lo para sempre! Você termina uma fase, libera uma nova com inimigos mais fortes e assim o ciclo de replay permanece vivo e forte. Toda vez que falhar em uma dungeon, todo o loot coletado é perdido e nesse ponto o jogo é bem cruel, já que até as primeiras fases apresentam um desafio mais elevado do que esperamos. Jogar com amigos é a solução para tornar essa jornada menos árdua, mas ainda assim vai ser osso duro de roer.

Quanto ao combate, tudo é tão simples que até dispensa explicação. Seguindo um padrão beat ‘em up, é só apontar a direção que deseja atacar e metralhar o botão de ataques simples ou das habilidades. Cada skill possui um tempo de cooldown, então não dá para ficar spammando ataques fortes o tempo todo, sendo necessário o mínimo de estratégia. Até a esquiva tem uns segundos de cooldown sabe-se lá porquê, um detalhezinho bobo que dificulta consideravelmente as coisas.

Vai mexer com alguém do seu tamanho!

No geral, todas as batalhas são tranquilas, com exceção daquelas que incluem algum miniboss ou chefe de dungeon, porque daí é impossível não perder o controle das coisas. São tantos inimigos e elementos andando para todo lado no cenário que você não encontra seu personagem, não vê seus aliados caindo e, quando menos perceber, já está todo mundo morto. É uma loucura, mas não deixa de ser divertido.

O visual do jogo é muito cativante e eu diria que é até melhor que o da animação apresentada no início. Os personagens e inimigos são desenhados a mão com um traço bem caricato, mas que ainda casa bem com a atmosfera sombria do jogo. A trilha musical segue o padrão de títulos do gênero, mas não chega a ser marcante em nada. Nas várias horas que joguei, nenhuma música foi memorável para mim.

No geral, Blightbound é um jogo legal que fica ainda melhor se jogado com mais dois amigos, mas que perde rapidamente o brilho após algumas horas de jogatina. Ele é bem feito, mas certamente poderia ter mais conteúdo e ser ainda melhor, além do fato de contar com várias falhas bobas que já deveriam ter sido corrigidas no período de acesso antecipado. A parte boa é que o preço está muito justo, então nada impede todos de darem uma chance!

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