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Primeira coisa que me veio à cabeça foi como fazer uma análise de um jogo tão grande. Não me refiro à mais de 30h de jogatina, mas sim à uma infinidade de elementos e modos de jogar. Como já diziam os sábios do além, “vamos do começo”. Block’hood é um construtor de bairros em que o objetivo é construir um ambiente auto sustentável e com responsabilidade. A ideia veio da desenvolvedora indie Plethora Project e foi distribuído pela nossa queridinha Devolver Digital.

Pegue sua ganância e dê meia volta

Diferente dos outros jogos de gerenciamento de recursos que liberam a ganância na minha alma e fazem com que eu queira acumular mais dinheiro e empresas que o Elon Musk, Block’hood te insere no jogo com uma história de tocar o coração.

O game tem diversos tipos de biomas e sofre influências climáticas. Passamos pela história do personagem principal, de sua infância até sua velhice, dos seus sonhos iniciais até uma vida adulta turbulenta que nos distancia de quem somos no fundo. A história dá uma ótima introdução à Block’hood: nela aprendemos a manejar os recursos, entender nossos moradores e a administrar o dinheiro com responsabilidade, pensando no bem estar de todos.

Vish, a treta já começou

Em nenhum momento a história, focada em sustentabilidade, parece chata ou algo como um jogo criado pelo governo para te educar. Longe disso, o jogo é grande e maduro e sua cara de bom moço não o infantiliza. Aliás, recomendo aos pais: anos de palestras sobre água no colégio não batem o que Block’hood lhe ensina em apenas 4 horas.

Equilíbrio é tudo

Após a história e o prazer de cumprir os desafios e ver o bairro funcionar e prosperar, o jogo não para por aí. O carisma não se restringe aos protagonistas das histórias, e é sempre bom ver que diferentes animais se mudaram para o seu bioma. Em Block’hood você não obriga ninguém a estar em seu bairro. Você cria um ambiente propício e certas pessoas e animais se mudarão de acordo com as lojas, apartamentos, diversões, frutas e árvores que criou. Faça tudo errado e alguns manifestantes vão aparecer bem infelizes na sua porta.

As mecânicas são ótimas, sendo um prazer criar, recriar, destruir e mudar os blocos. Há vários tipos de edifícios, biomas, áreas de lazer e comércios. Em essência você seleciona um apartamento, clica no ambiente e pronto, ele já está finalizado. Se você criar um caminho como grama ou calçada alguém chegará até ele, e se ainda criar uma padaria por perto e plantar umas árvores, talvez alguém se mude.

A natureza está de olho

Block’hood não é sobre os altos números de recursos, não terminamos um bairro como finalizamos uma batalha em Age of Empires, com orgulho que quanto ouro extraímos e qual nossa pontuação geral, nem é como outros gerenciadores de cidades. Eu diria que é um jogo mais estético, pelo prazer de criar uma vizinhança bonita, organizada e equilibrada.

Em outros jogos do gênero, a localização dos bares, lojas, apartamentos e postos de saúde é super importantes. Já em Block’hood, seu espaço deve ser ainda mais bem planejado. Os edifícios, árvores e qualquer tipo de bloco em geral passam por um processo de sinestesia próximo a blocos que os “melhoram”. Ou seja, aumentam sua capacidade de produção. Cada bloquinho deve ser cuidadosamente planejado para que, inclusive, você utilize menos recursos para produzir.

Nem tudo são flores

A localização de Block’hood deixa muito a desejar. No começo do jogo cheguei a me perguntar se o jogo estava em Português de Portugal, pois várias frases pareciam cortadas, com uma leve perda de sentido ou erros de ortografia mesmo. Como essa:

Nós ainda vai jogar mais apesar dos erros

No modo história, o fato de não poder salvar enquanto jogava um dos cinco capítulos também me incomodou. Muitas vezes concluir um desafio exigia voltar atrás e demorava mais do que deveria. Se eu precisasse fazer depois, tinha a opção de deixar o computador ligado ou recomeçar. Nada que incomode profundamente, mas vale a menção.

Por fim a trilha sonora é outro detalhe que pode incomodar alguns jogadores. Não foi o meu caso, mas reconheço que a tranquilidade das músicas enjoam depois de um tempo. Ainda mais pelo fato das suas ações no game não impactarem no tom da trilha.

O mundo é seu, para o bem ou para o mal

Em Block’hood temos uma infinidade de desafios bem divertidos para concluir, mas o melhor fica por conta do sandbox. É onde tudo começa pra mim nesses jogos, sendo até mais importante que o modo história. Mesmo os capítulos sendo prazerosos, aguardei ansiosamente o momento de apertar neste botão mágico e começar a criar livremente meus bairros.

O sandbox de Block’hood oferece dois modos: Bairro e Mundo. Em ambos você pode configurar algumas opções, como tamanho do bairro e quantidade dos blocos, além de escolher se quer jogar no modo Livre ou Ecológico. No modo Ecológico o jogo te desafia com o bem-estar dos habitantes e acontecimentos diversos. No Livre, o mundo é seu para prosperar no seu tempo ou levá-lo à destruição se quiser.

Foi só chegar a indústria que o mundo escureceu

No modo Mundo o diferencial é poder construir um, adivinha, mundo! Poder escolher seu tamanho e editar o bioma geral. Após isso, você constrói os bairros dentro dele e desenvolve normalmente um por um. Com o tempo o jogo permite que você envie recursos de um bairro ao outro, uma das caraterísticas que mais me chamou atenção. Mas construir coisas muito grandes dá leves travadas no jogo, mas não é nada que tire alguém do sério.

Block’hood foi uma grata surpresa, oferecendo uma abordagem diferente do gênero e simplicidade em suas mecânicas. É um game viciante, em que o tempo voa e dá prazer em realizar as necessidades básicas dos moradores (como ter um bar) ou dos porcos selvagens (como comer mais nozes). Afinal de contas este é o seu bairro, a sua vizinhança formada por blocos.

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