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Vou deixar claro que sou bem inexperiente no gênero de horror, e raramente aparece algo que me anima nessa categoria. O pouco que conheço se deve aos desbravamentos que fiz junto com Marco Antônio no passado, em jogos renomados que conseguiam criar uma atmosfera de medo e ansiedade de forma caprichosa e bem feita. Infelizmente Blood Breed, jogo do qual nós falaremos hoje, não é um deles.

Desenvolvido pela Cool Small Games, Blood Breed é um jogo indie que no início me chamou a atenção pela sua estética. A modelagem dos personagens lembra um pouco dos jogos de horror da era do PS1, com seu 3D poligonal a la Silent Hill.

O primeiro sinal de perigo

Começamos o jogo vendo a nossa protagonista sem nome, que após sobreviver a um acidente de carro, procura por ajuda e acaba entrando no primeiro edifício que encontra no meio da noite. É uma premissa bem básica e o jogo não evolui sua história muito além disso.

Não é difícil evitá-lo nesses cenários mais abertos, já que ele não tem quase nenhuma percepção espacial.

O gameplay se resume a procurar uma chave e abrir a porta para a próxima área. Temos também a clássica barra de stamina que usamos para correr de nosso perseguidor: um homem sem nome, mascarado, com uma roupa azul e um facão. Eu estava tenso no início do jogo, planejei mal minha rota de fuga para a porta e ele me avistou, e é a partir daqui, caros leitores, que o jogo começa a tropeçar escada a baixo pra cada coisa que ele tenta fazer.

Expectativa soterrada

No momento em que o Perseguidor te avista, uma música de rock pesado começa a tocar enquanto ele te persegue, destruindo rapidamente qualquer tensão que a música de ambientação havia construído. No momento em que você é atacado, você morre e rapidamente pode reiniciar a sala atual para tentar de novo, fazendo com que suas mortes sejam inconsequentes. Sendo esse o caso, me senti à vontade para experimentar com o que eu conseguia me safar.

O estado mal acabado de Blood Breed ficou cada vez mais evidente, já que o perseguidor só te segue se você entrar na linha de visão dele. Ele não reagirá caso a iluminação da sua lanterna entrar na vista dele, e corra à vontade, pois ele também não reage ao som. Mas se ele te ver, mesmo que através de uma parede, ele começará a ir atrás de você. Às vezes, quando você se agacha, ele erra o golpe do facão, mas isso só adia o inevitável e te faz perceber como o som de corte do facão está dessincronizado da ação. Ainda assim, você pode ir andando e apertar o botão de correr só quando ele parar no lugar para te atacar, o que é uma maneira viável de evitá-lo por um tempo.

Imagem do jogo Blood Breed
Essas serras são tão grandes que parecem ter saído de Super Meat Boy.

Variações frustantes

Blood Breed até tenta variar um pouco. Há partes do jogo em que você está em um corredor e tem que fugir, correndo em direção à câmera com o seu nêmesis na sua cola. É uma ótima ideia para dar tensão e medo, só é uma pena que foi mal executada: você tem que também desviar dos obstáculos à frente da personagem e mal terá tempo de reagir, pois no momento que eles aparecem na tela, já estarão perto demais, fazendo com que a alternativa seja memorizar o percurso para prosseguir. Nisso acaba morrendo incontáveis vezes no processo, seja porque não conseguiu se esquivar a tempo de um obstáculo ou porque mais uma vez seu perseguidor o abateu.

Há outros momentos em que você terá que se equilibrar por várias passagens estreitas, e apesar de ser um pouco frustrante quando você está em cima da tábua e lentamente desliza para fora dela mesmo parado, esse acabou sendo um dos defeitos menos agressivos do jogo.

Imagem do jogo Blood Breed
O monstro repete toda hora o mesmo ataque, mas simplesmente me agachar é o suficiente para que ele não me acerte.

A parte mais agravante de Blood Breed é quando você começa a enfrentar os “minotauros”, a criatura que aparece na tela de título do jogo e no trailer. Eles também te matam em um golpe, mas a esse ponto do jogo, você poderá fazer o mesmo com um machado. É difícil de acertar o tempo para atacar, pois não é imediato, e se você errar o golpe em um minotauro, será tarde demais para tentar um segundo ataque.

Mas quer saber porque isso é agravante? Porque logo você descobre que, ao se agachar, esses novos inimigos não poderão acertá-lo, deixando você livre para meter a lâmina neles à vontade e quebrando qualquer sensação de ameaça que eles poderiam transmitir. Não faço ideia se isso foi de propósito ou passou despercebido no desenvolvimento do jogo, mas foi útil para evitar de lidar com o combate tedioso.

Imagem do jogo Blood Breed
Ser perseguido por um bando de minotauros nus que te matam em um único pescotapa é o ponto mais bizarro do jogo.

Falhas técnicas e direção questionável

Se não bastasse a lista de problemas em Blood Breed até agora, o jogo deu “crash” duas vezes enquanto eu jogava. Na primeira vez, perdi meu save e tive que recomeçar do zero, e como o jogo não tem nenhum ícone de autosave, é difícil dizer até que ponto seu progresso está salvo.

Tem algumas escolhas interessantes no menu inicial, como o filtro VHS e um filtro para pixelar as partes íntimas presentes e dos vários corpos despedaçados na ambientação. Infelizmente, não há opções mais práticas como remapeamento de botões ou legendas, que fizeram muita falta para entender o roteiro no jogo.

Imagem do jogo Blood Breed
Seções de plataforma tentam ajudar na variação do jogo, mas são pouco polidas.

Não há muito mais o que falar sobre o jogo. É bem curto, e mesmo tomando meu tempo tentando encontrar coisas novas na fase ou morrendo várias vezes para o mesmo obstáculo, eu acabei terminando o título em mais ou menos 40 minutos. Além disso, para minha decepção, não há nada para desbloquear pós-jogo, nem mesmo uma pequena galeria com as poucas cutscenes.

Blood Breed acaba sendo um jogo cru, com ideias mal implementadas, pouco testado e com um gameplay simplório. É uma história que só está lá para justificar a estrutura do jogo. Como é um jogo indie feito por poucas pessoas, não espero o mesmo polimento que encontraria em um AAA, mas mesmo levando isso em consideração, eu não consigo pensar em um bom motivo para recomendá-lo. Talvez para dar algumas risadas junto com os amigos, mas seria só isso.

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