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Imagine o quão maluco seria se os principais personagens da literatura clássica unissem forças com figuras históricas para salvar o destino do universo? É, falando assim parece um pouco clichê (e é mesmo), mas é disso que se trata Bookbound Brigade, um novo metroidvania que funciona como uma sátira de tudo aquilo que lemos e aprendemos na escola.

Apostando em um visual cartunesco e sem ousar demais em mecânicas novas, o jogo tenta se sustentar sob a ideia de que a união faz a força. Aqui não controlamos nenhum personagem individualmente, mas sim vários simultaneamente, e assim devemos sair explorando diversos cenários famosos da literatura, enfrentando inimigos e superando desafios de plataforma.

Se juntas já causam…

Em Bookbound Brigade, o conteúdo de todos os livros existentes no universo se junta em uma infinita biblioteca, que serve como lar para os personagens e pessoas citadas nesses livros. O Livro dos Livros, que é a obra mais importante dessa biblioteca e detentor de toda a sabedoria desse mundo, acaba sendo roubado por pessoas muito malvadas e agora cabe à Brigada Encadernada – um grupo formado por Rei Arthur, Conde Drácula, Robin Hood, Dorothy (O Mágico de Oz) e Rei Macaco (Jornada ao Oeste) – recuperar esse livro.

Exploramos vários locais inspirados em obras literárias.

O enredo gira em torno desse acontecimento, mas não tem muita profundidade. Ao longo das fases vamos nos deparando com outras figuras icônicas como Joana d’Arc, Dom Quixote, Cristóvão Colombo e outros, mas infelizmente eles são apenas NPCs em apuros e não podem se juntar à equipe. Eu particularmente achei isso bem decepcionante, pois o jogo seria consideravelmente mais interessante se tivéssemos acesso a mais personagens e pudéssemos editar a brigada com aqueles que preferimos jogar.

Mas nosso grupo não se limita a apenas esses cinco integrantes e conforme avançamos podemos desbloquear mais três. Quando controlados, todos eles fazem as mesmas coisas, mas alguns possuem habilidades únicas que vamos desbloqueando conforme jogamos, como o Drácula, que pode dar um pulo duplo, por exemplo. Na verdade, pouco importa quem faz o quê nesse jogo, pois a partir do momento que o Drácula aprende o pulo duplo, todos também conseguem fazer o mesmo, e isso vale para qualquer habilidade, então não faz diferença.

No início o caminho será quase todo linear, pois a maioria dos caminhos opcionais contendo tesouros estarão inacessíveis e só poderemos acessá-los após desbloquear certas habilidades e personagens, o que é algo característico de um metroidvania. Ao menos o jogo dá bastante incentivo de voltarmos nos locais já explorados para coletar o que ficou para trás, mesmo que no final não seja tão recompensador quanto parece.

Vocês não têm noção de como é difícil acertar esses pulos!

Confusão em dobro 

Primeiramente, o jogo conta com alguns problemas de performance notáveis (isso tratando-se da versão de PS4, onde foi testado para esta análise), o que pode prejudicar a experiência de alguns. Isso já começa na cutscene inicial, que é travada do início ao fim e roda a menos de 10 frames por segundo, o que é um total absurdo. Felizmente, o gameplay é bem mais liso, mas ainda pode acontecer de dar algumas engasgadas vez ou outra.

Os controles não são nada complexos, mas ainda assim conseguem pecar em alguns aspectos. Tudo em Bookbound Brigade gira em torno de exploração e plataformas, então obviamente você terá que pular o tempo inteiro e eventualmente lidar com alguns inimigos. O primeiro grande problema está nos pulos.

Não foram poucas as vezes que morri em trechos de plataformas simples porque é quase impossível definir até onde vai os limites das plataformas. Nos momentos em que devemos controlar os personagens em formação de coluna e desviar de obstáculos como espinhos e bolas de fogo enquanto pulamos por plataformas minúsculas, é basicamente um teste de paciência! Não é incomum que você toque na beirada da plataforma e o jogo já considere como queda, te respawnando no início e forçando a começar tudo de novo. A maioria dos trechos de plataforma são bem frustrantes.

Chefes mitológicos? Por essa eu não esperava!

Um problema semelhante acontece no combate, pois parece que a hitbox do jogo tem vida própria e atua de acordo com sua vontade. Hora você consegue atingir um inimigo estando do lado dele, hora precisa “engoli-lo” – é muito difícil definir qual a posição certa para atacar e é claro que isso pode custar sua vitória. Para piorar, cada inimigo deve ser derrotado de um modo específico, então tem momentos em que as coisas simplesmente não funcionam com a facilidade que deveriam funcionar.

Fora todos esses problemas, o jogo ainda consegue ser um bom metroidvania. A exploração é divertida e é sempre instigante procurar por novos personagens e aprender habilidades novas. Os cenários também são muito bem feitos, o estilo de desenho animado caiu bem (apesar de eu achar que a câmera poderia ficar um pouco mais próxima dos personagens, mas tudo bem). Além disso, os diálogos entre os personagens são bem engraçados, abarrotados de piadas referenciando a vida e os feitos de cada um, então é importante se inteirar para entender toda a tiração de sarro presente aqui.

Bookbound Brigade não é um jogo ruim, mas poderia ser muito melhor. Tirando todos os seus problemas técnicos e de performance, ele é uma boa contribuição ao seu gênero. Ainda assim, sinto que faltou alguma coisa que poderia deixar o jogo mais atrativo e imersivo, mas não sei dizer ao certo o que seria. Com alguns (ou vários) patches de correção e uma boa promoção (principalmente nos consoles, que estão cobrando o olho da cara), com certeza vale a pena dar uma chance!

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