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Quando Crysis foi lançado em 2007, exclusivamente para PC, a produtora Crytek nos trouxe um game com gráficos surpreendentemente poderosos. Tão poderosos que não rodava em nenhum computador em sua configuração máxima. Naquela época não havia placas de vídeo potentes o suficiente para ver tal qualidade gráfica rodando suavemente. O game logo se tornou base para benchmarks e apimentou a corrida das fabricantes ATI e nVidia pela melhor placa de vídeo do mercado.

Crysis conquistou fãs não apenas com seu visual, mas também pelo seu enorme mundo aberto para explorar, física realista e, principalmente, pela Nanosuit – uma armadura que concede ao jogador habilidades especiais. Com ela você pode correr mais rápido, ficar mais forte, aumentar sua defesa ou ficar invisível. Sem a Nanosuit você não é páreo para os alienígenas e o exército norte-coreano que habitam a ilha de Lingshan, onde a aventura acontece. E por falar em ação, Crysis oferece muitos combates e situações de estratégia, as quais o jogador pode decidir como encarar. A ilha é tão grande que as possibilidades são praticamente infinitas: usar um barco para invadir outros cantos da ilha, passar pelos inimigos furtivamente, estourar as rodas de um jipe para impedir que você seja perseguido, esgueirar-se pela floresta sem ser visto, criar distrações com explosões, e etc.

Com a expansão Crysis Warhead, de 2008, a diversão se repete do outro lado da ilha. Enquanto Nomad enfrenta o General Kyong e os alienígenas em Crysis, em Warhead o protagonista Psycho tem como objetivo evitar que os norte-coreanos utilizem armas nucleares. No mesmo ano, Crysis Wars foi lançado gratuitamente trazendo o modo multiplayer. Visualmente mais simples, o game apresentava vastos cenários para batalhar e veículos.

Quando Crysis 2 foi anunciado, a expectativa voltou com força total. Seria este o game mais belo de todos? A revolução dos videogames? Um game para testar nas placas de vídeo mais potentes? Bem, quase isso. Por se tratar do primeiro game da Crytek para consoles, uma otimização na CryEngine 2 era necessária. E assim nasceu a CryEngine 3, utilizada em Crysis 2. O resultado é um game ainda mais bonito, capaz de processar inúmeros efeitos visuais sem perda de qualidade ou frames. Para a alegria de muitos, no PC o game ficou mais leve e roda na qualidade máxima em placas de vídeo mais antigas. Em nosso teste foi utilizado uma ATI Radeon Powercolor HD 4870 512MB, para efeito de comparação gráfica.

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A continuação coloca o jogador na pele de Alcatraz, um soldado da marinha norte-americana que faz parte de uma equipe de suporte convocada por Prophet (presente nos games anteriores). A caminho de Nova Iorque, o navio da equipe é atacado por uma nave alienígena e você é fatalmente atingido. Prophet o salva e transfere a Nanosuit 2.0 para o seu corpo. Infectado pelo mesmo vírus alienígena que se alastra pela cidade, Prophet diz suas últimas palavras, pede para que Alcatraz continue sua missão e acaba com sua dor cometendo suicídio.

O game introduz aos poucos as habilidades da tal Nanosuit 2.0, uma versão atualizada da armadura que faz leitura do DNA de seu hospedeiro. O tutorial acontece de forma natural e bem vinda, especialmente para quem não jogou o game original. A diferença aqui é que, para correr, você não precisa ativar nada. Basta correr e ficar de olho na barra de energia da armadura. A Nanosuit agora ativa apenas o Cloak (invisibilidade) e o Strength (aumentar o ataque e defesa), que esgotam a mesma energia. Você ainda pode usar a visão térmica e o visor tático, utilizado para marcar inimigos, pontos de interesse e caminhos alternativos.

Nos primeiros minutos de jogo você será caçado pelos soldados da CELL, a campanhia militar privada da Crynet, para qual Prophet trabalhava. Mas por que diabos ele estava sendo perseguido? Porque o chefão da companhia, Jacob Hargreave, quer a Nanosuit de volta a todo custo. Logo você vira o alvo, uma vez que eles acreditam que você seja o Prophet. Então, para onde fugir? É aí que entra um dos personagens da trama, o cientista Nathan Gould. É ele quem dá as coordenadas para você sobreviver ao caos e conter o ataque alienígena.

Crysis não seria empolgante sem os alienígenas. Porém, sua aparição causa pouco impacto neste segundo game. Primeiro que todos os alienígenas do game original foram deixados de lado. Segundo que você passará boa parte do game enfrentando mais soldados da CELL do que alienígenas. E quando eles aparecem pra valer e em grande número, não empolgam tanto. Eu nunca me esqueço do momento que a ilha de Lingshan é congelada, no game original… Esse tipo de clímax não acontece em Crysis 2.

Outra observação é que a nova Nanosuit ficou mais fraca. A original te dá mais confiança e sensação de poder, enquanto que a “2.0” só é mais bonita. Felizmente esta diferença não interfere no desafio e jogabilidade. Basta usar as habilidades da armadura na hora certa, além de coletar Nano-Catalyst (tecidos alienígenas) para abrir upgrades como detector de inimigos, pular e causar impacto na queda, ver o rastro da bala disparada pelo inimigo, entre outras opções. Mas, sinceramente, são poucos os upgrades que prestam.

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Curiosamente, as armas do game são todas baseadas em modelos reais com pequenas alterações em seu design. Infelizmente há apenas uma única arma que foge do padrão, que emite radiação e faz os monstrengos explodirem. Interessante no conceito, mas sem impacto na execução – enquanto você “atira”, a arma parece nunca funcionar. E assim como no game original, você pode alterar os componentes de cada arma que encontrar (silenciador, tipo de mira, e etc).

Agora o que realmente empolga em Crysis 2 é a fantástica trilha sonora (composta por Hans Zimmer) e os belíssimos cenários. Apesar dos produtores terem abandonado o conceito de mundo aberto, os cenários permitem mais de um caminho para completar os objetivos. Para quem estava acostumado com o mundo aberto de Crysis, vai se sentir confinado em caminhos lineares. Tal limitação implicou na má utilização dos veículos, por exemplo. São raros os momentos que você controlará um jipe ou um tanque de guerra.

O game oferece sim bons momentos de ação e até alguns eventos inesperados, mas não deixa de cair no erro da repetição e clichês de enredo. São cerca de 10 horas de campanha, a qual você passará pelas mesmas situações várias vezes: eliminar 10 inimigos, prosseguir, enfrentar mais 20 inimigos, ver uma explosão grande, cair, levantar, e repetir tudo de novo em um cenário diferente. Além do mais, o game é muito fácil se comparado com o primeiro game e a expansão.

Já o multiplayer oferece uma dúzia de mapas e seis modos diferentes de jogo: Instant Action (Deathmatch), Team Instant Action (Team Deathmatch), Assault (uma equipe ataca realizando objetivos, enquanto a outra defende), Capture The Relay (uma variante do Capture The Flag), Crash Site (uma equipe deverá roubar artefatos e escoltá-los a um local designado) e Extraction (uma equipe escolta um VIP para uma área de resgate, enquanto a equipe adversária deve impedir). Entre os modos, Crash Site é o mais divertido. Para aqueles que jogaram Crysis Wars, não há novidades aqui exceto os mapas (baseados na campanha singleplayer). Vale lembrar que o multiplayer não possui cenários amplos e muito menos veículos, o que contribui positivamente para a jogatina mais rápida.

Crysis 2 poderia ser muito melhor. Faltou uma boa história, faltou variedade de alienígenas, e faltou clímax. Mesmo assim o game não deixa de divertir e encher os olhos de quem joga, seja no PC ou nos consoles.

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