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Em janeiro de 1998, foi lançado aquele que para muitos pode ser considerado o melhor jogo de survival horror. Resident Evil 2 trazia heróis marcantes, uma história inesquecível e criaturas que marcariam nossos pesadelos. Definitivamente uma experiência marcante para os fãs do gênero e um dos pontos altos na narrativa da série. Daymare 1998 chegou misturando inspirações em uma verdadeira experiência de terror a la Resident Evil 2 Remake.

Criado pelo italiano Invader Studios, Daymare 1998 traz o melhor de jogos como Resident Evil 2 Remake e até uma pegada de Alan Wake. A princípio, o estúdio era responsável pelo famoso projeto “Resident Evil 2 Reborn”, que foi interrompido em 2015. Dessa forma, Daymare 1998 é uma versão alternativa do clássico, porém com o toque e dedicação de um time em busca de uma experiência legítima de survival horror.

Cinzas às cinzas, pó ao pó

A princípio, Daymare de longe pode parecer apenas mais um survival horror de zumbi genérico. Afinal de contas, zumbis infestaram o mercado anos atrás como um verdadeiro vírus – 2013 mandou abraços -, dando origem a ótimos títulos e outros nem tão memoráveis. Posteriormente, o gênero acabou perdendo um pouco as forças, devido ao grande número de títulos trazendo os monstros famintos por massa cinzenta. Com intuito de reviver o gênero com um ar familiar e ao mesmo tempo trazendo algo novo, Daymare 1998 foi criado.

Imagem do preview de Daymare 1998
Vem de garfo que hoje é sopa!

À primeira vista, há quem diga que o jogo é um cash-grab inspirado na franquia da Capcom. No entanto, Daymare 1998 traz seu próprio diferencial ao já saturado gênero. Seguindo uma temática semelhante à de Resident Evil, temos uma grande empresa que acaba pisando feio na bola e isso resulta em caos. Juntamente dos membros da equipe tática H.A.D.E.S  e do guarda florestal Sam, devemos sobreviver a horas incansáveis de mortos vivos.

Logo de início, controlamos o agente Liev da equipe H.A.D.E.S (Hexacore Advanced Division for Extraction and Search).  O agente deve se infiltrar em um complexo da Hexacore e extrair uma carga que contém um vírus altamente mutável e infeccioso do local. Após a extração dos contêiners, um acidente ocorre e os mesmos caem na pequena cidade de Keen Sight, que por acaso sedia uma base da Hexacore também.

Desde já, a cidade sofre com os efeitos das experiências da empresa. Sam, um dos três protagonistas da história, sofre de uma doença chamada de “Daymare Sindrome”, que pode ou não estar ligada à presença da empresa na cidade. Posterior ao acidente, Liev, o piloto de helicóptero Raven e Sam devem sobreviver as hordas de mortos vivos que rondam a cidade, ao mesmo tempo que evitam inalar o venenoso gás experimental.

Imagem do preview de Daymare 1998
O jogo inteiro conta com pôsteres assim, com piadas e referências muito bem vindas.

G vírus? Aqui não

A trama revolve em torno destes três personagens e últimos sobreviventes nesta cidade, ou é o que pensamos. Simultaneamente aos eventos que vemos, um dos membros da equipe H.A.D.E.S chamado Sandman, que pensávamos já ter morrido, está à solta na cidade. Contaminado pela toxina, Sandman não sofreu as terríveis mutações consequentes do vírus, mas se tornou uma verdadeira máquina mortífera, que jurou matar Liev e qualquer um que esteja a seu lado.

A história de Daymare 1998 é um tanto quanto menos misteriosa que a da série Resident Evil, mas tão boa quanto, mais voltada para a ação e direcionamento do jogador aos objetivos. Um exemplo disto é quando devemos recuperar uma amostra do vírus enquanto ainda na base. A princípio, tendo Resident Evil como parâmetro, pode-se imaginar um complicado puzzle à frente, com medalhões, diamantes ou algo assim. Mas em Daymare 1998 o foco é a progressão do jogador.

Imagem do review de Daymare 1998
Além de zumbis, Sam tem que se preocupar com suas alucinações.

Para ajudar a sobrevivência do jogador neste cenário apocalíptico, o jogador possui uma espécie de tablet que fica preso ao pulso do personagem, simultaneamente medindo nossa saúde e a quantidade de itens no inventário do personagem. Ao apertar Tab, temos acesso a esse aparelho, que nos mostra também a nossa localização atual no mapa, arquivos e gravações encontradas e também se estamos sofrendo de overdose de algum item de cura.

Juntamente com a cura, ainda existem outros tipos de fluídos que o jogador pode utilizar para aumentar suas chances de sobrevivência, como um fluído mental que aumenta a velocidade de ação do personagem, tornando-o mais difícil de ser machucado pelos zumbis. A outra é uma substância que aumenta a resistência física do personagem contra os vômitos ácidos dos mortos vivos. Dessa forma, é possível estar sempre um passo à frente dos inimigos.

Zumbis especiais? Aqui tem também!

Os comandos de Daymare 1998 são simples. Assemelhando-se a grande parte dos shooters em terceira pessoa, o diferencial aqui fica na questão da recarga de armas que utilizam pentes. Utilizando a tecla E, é possível navegar entre dois pentes de munição da dita arma. Logo após a escolha do pente, utilizamos a tecla R para realizar a recarga, como é de se esperar, mas a diferença entra na parte de como apertar a tecla. Caso o jogador aperte rapidamente, o pente antigo cairá no chão e ficará lá até que você o pegue ou não. A maneira certa de manter ambos os pentes é apertando e segurando R – o que irá limitar suas ações por um tempo – para que assim não haja riscos.

Outro fator interessante de Daymare 1998 é a barra de stamina dos personagens. Ao segurarmos Shift, nosso personagem começa a dar um pequeno trote, mas ao apertarmos espaço, o mesmo irá começar a correr e gastar a barra de estamina. Frequentemente, quando se corre, é fácil perder a atenção da barra, deixando-nos em uma situação bem complicada. Afinal de contas, não seria nada bom ficar sem fôlego enquanto se corre de uma multidão de zumbis.

Cérebros e sangue, uma combinação perfeita para a madrugada.

Verdadeira madrugada dos mortos

Os gráficos de Daymare 1998 não ficam para trás em relação ao seus concorrentes de mercado. O jogo traz uma versão clássica de uma cidade infestada pelas hordas de zumbis, pequena e cheia de becos escuros e apertados. Trazendo reflexos bonitos e gráficos bem polidos, o visual de Daymare consegue retratar fielmente uma experiência de horror vinda diretamente da década de 90, ainda que haja pequenas discrepâncias no cenário. Um porém aqui são as cutscenes, já que grande parte delas são pouco fluidas em relação ao gameplay e o movimento das bocas dos personagens é extremamente travado.

A trilha sonora é muito envolvente e bem feita, algo que é de se esperar em bons jogos do gênero.  Não é necessário uma trilha sonora contínua por toda a experiência do jogo em si, porém uma sonoplastia bem feita é a diferença entre um jogo tenebroso e um apenas assustador. O jogo tenebroso irá manter você sempre na ponta dos pés, até mesmo quando terminar de jogar, enquanto no assustador, após 2 minutos, você está pronto para outra.

Nos encontramos novamente, porta assustadora.

Antes de mais nada, Daymare tem um universo próprio, mesmo trazendo inspirações de fora. Após anos jogando e estudando o gênero, é fácil identificar de onde suas inspirações vem. Do mesmo modo que o jogo traz consigo um ar de Resident Evil, ele foge completamente com uma estética divergente. Frequentemente em Raccoon City, podemos ver quebra-cabeças que remetem a uma grande instalação ou área ligada à Umbrella. Já em Daymare 1998, a cidade apenas teve o azar de ser situada próxima a empresa, dando uma liberdade maior ao universo.

Ainda mais pelo fato de que o jogo possui muito pouco backtracking, algo que mais irrita o jogador do que o impele a seguir em frente. Posteriormente o jogo se torna cada vez mais semelhante a uma experiência total de survival horror do que apenas um jogo de zumbis. Em suma, Daymare 1998 é uma experiência marcante e de alta qualidade no gênero do survival horror, batendo ombros com grandes clássicos, como Resident Evil e até mesmo com Silent Hill, trazendo uma prazerosa sensação de insegurança e de morte certa a cada esquina virada e a cada bala disparada.

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