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Demorou, mas a Capcom percebeu que Frank West é o protagonista favorito e definitivo da franquia Dead Rising. Enquanto que o primeiro game se consagrou pelo humor, inovações na jogabilidade e pela engine MT Framework – responsável pela grande quantidade de zumbis na tela sem perda de desempenho no Xbox 360 – as duas sequências adicionaram apenas algumas atualizações à fórmula original. Até aí, algo normal em franquias de sucesso. O problema é que nunca achei graça no Chuck Greene (Dead Rising 2) e no Nick Ramos (Dead Rising 3). Porém entendo perfeitamente que a decisão de ter outros protagonistas, em situações e locais diferentes, foi justamente para não saturar a experiência. Dead Rising 4 é mais do mesmo, com algumas atualizações? Sim. Mas com Frank West de volta, tudo ficou melhor.

Recapitulando as inovações

O primeiro Dead Rising é uma verdadeira corrida contra o tempo: você precisa sobreviver por 72 horas (em velocidade acelerada no jogo) em um shopping infestado por zumbis e psicopatas, salvando o máximo possível de sobreviventes e tentando descobrir a verdade por trás do incidente. A Capcom acertou em cheio ao entregar um jogo de mundo aberto que permite usar qualquer item do cenário como arma, fora a dificuldade elevada e os finais diferentes. Um jogão!

Churrasquinho de zumbis no shopping
Churrasquinho de zumbis no shopping.

Dead Rising 2 introduziu os “combos”, que permitem combinar objetos para transformá-los em armas malucas, e o multiplayer, para até quatro jogadores se enfrentarem em uma competição de reality show. Há outras novidades menos importantes, como novas armas, veículos e uma gama maior de roupas e colecionáveis. Os psicopatas ficaram ainda melhores e a história tomou um rumo interessante envolvendo uma droga chamada Zombrex, que impede a pessoa infectada de se transformar em zumbi. Empolgaria ainda mais se Chuck Greene fosse carismático e melhor explorado no game. Posteriormente, Dead Rising 2 ganhou dois DLCs sendo o segundo chamado “Case West” – trazendo de volta adivinha quem?

Dead Rising 3 saiu junto do lançamento do Xbox One, introduzindo Nick Ramos ao universo da franquia. É um game mais bonito, com mapa maior, mais zumbis por área e destruição em larga escala. Entre as novidades está o multiplayer co-op para dois jogadores em qualquer modo, a possibilidade de criar combos de veículos e uma integração com o Kinect. A trama, que acontece em Los Perdidos (inspirada em Los Angeles), é bem fraca. Personagens sem graça, missões repetitivas e, de novo, um protagonista sem carisma, fazem com que Dead Rising 3 seja o menos atraente dos três games. E também o mais fácil.

Bem vindo de volta, Frank West

Dead Rising 4 não escapa da mesmice dos games anteriores, mas acerta em cheio em três pontos cruciais: o retorno de Frank West, a boa história e a inclusão do exoesqueleto. Frank faz uma diferença brutal na campanha, fazendo você sorrir e se importar com ele a todo momento. A história me surpreendeu em vários aspectos, não só por usar a Black Friday e o Natal como palco para um novo surto de zumbis. As personagens secundárias, como a jornalista aprendiz Vicky, são muito bem exploradas em torno da investigação da Obscuris, uma organização que está criando armas usando os zumbis como cobaias.

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Selfie de Natal com o Blanka.

Em termos de estrutura, o jogo sofreu algumas boas melhorias. O controle D-Pad é usado para alternar entre armas de arremesso, fogo e combate, como também para recuperar a saúde. Frank pode andar agachado e matar os inimigos furtivamente, embora isso seja desnecessário. A câmera de fotografia recebeu duas funções extras, uma de visão noturna e outra de análise de espectro. Estas funções são utilizadas em investigações para encontrar provas e fotografá-las. Infelizmente há muitas investigações para completar, quebrando o ritmo do game. Pelo menos dá pra tirar selfies e dar aquela zoada com os zumbis.

Os combos foram ampliados também para armas de arremesso e ganharam efeitos de elementos: fogo, gelo e ácido. Se você acha que já viu de tudo nos games anteriores, não faz ideia da criatividade presente em Dead Rising 4. É um combo mais doido que a outro, como combinar uma máscara do Blanka com uma peça de computador para vesti-la e disparar golpes de eletricidade. Aliás, as homenagens aos games da Capcom estão presentes em todas as cinco regiões do mapa.

Assim como no game anterior, você precisa encontrar os guias de combo para aprender a montá-los. Já o exoesqueleto é adquirido em maletas especiais. Ao vestir a armadura, você pode carregar armas pesadas e até chutar carros. Dura pouco, mas o estrago que você pode causar com o exoesqueleto é bastante grande, principalmente se você combiná-lo com uma máquina de fazer gelo. Não vou contar o que acontece pra manter a surpresa.

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Início de batalha contra um chefe que também usa exoesqueleto.

As habilidades, os sobreviventes e a exploração

O esquema de progressão agora está dividido em quatro tipos, com habilidades desbloqueadas conforme o seu nível (que vai até 100). Basta ir completando as missões e matando zumbis para ganhar pontos e gastá-los à vontade. Esta progressão acontece de forma muito rápida e, por um lado, deixa Frank poderoso demais. Aliás, em nenhum momento da campanha eu morri. Consegue imaginar isso em Dead Rising? Há comida e kits de primeiros socorros pra todos os lados, ficando impossível de morrer. Some isso à progressão rápida, o exoesqueleto e a facilidade de encontrar itens pra combo e você tem um game com o mínimo de desafio. Nem os chefes, incluindo os maníacos, são páreos pra você. Ok, isso não diminui a diversão, mas encurta drasticamente a vida útil do game. E por falar nos maníacos, eles não chegam aos pés dos psicopatas (dos dois primeiros games) em termos de criatividade.

Quanto aos sobreviventes, eles aparecem em eventos temporários pelo mapa. Porém há dois problemas: eles se repetem, mesmo após salvá-lo uma vez num mesmo local, e eles são totalmente genéricos. Não tem mais aquela característica única, mesmo que estereotipada, dos dois primeiros games. Tudo bem que era um saco acompanhar um por um até a área segura, mas vê-lo apenar agradecer, derrubar uns itens e sair correndo de boa como se não houvesse mais perigo é uma decisão de game design no mínimo estranha.

Os sobreviventes resgatados vão para os abrigos de emergência. Lá você pode comprar roupas, armas, veículos, comida e mapas com sucatas que você recolhe pelo mapa. Citei aí cinco tipo de vendas, correto? Agora imagine uma fila de NPCs no mesmo lugar vendendo praticamente os mesmos itens. Ou melhor, imagine a utilidade disso em um mundo repleto de itens de fácil acesso. Destes cinco, apenas o fornecedor de mapas e veículos são úteis de verdade. Os mapas servem pra você localizar os guias de combos, grafites que você deve fotografar e colecionáveis (jornais, celulares, podcasts e uploads da Vicky).

Você pode trocar de roupa em qualquer lugar com um espelho, mas por que eu tiraria essa roupa MA-RA-VI-LHO-SA?
Você pode trocar de roupa em qualquer lugar com um espelho, mas por que eu trocaria essa roupa MA-RA-VI-LHO-SA da Morrigan?

A parte divertida fica pra utilização dos combos, do exoesqueleto e aquela distração boa com a exploração. Dead Rising 4 oferece 317 itens de vestuário e dificilmente você deixará de entrar numa loja para experimentar as combinações pra lá de ridículas. Eu ri absurdamente quando encontrei a armadura de Dark Souls, o traje da Morrigan e um outro do Hagar (este bem escondido). Melhor que isso só a dublagem, feita com muito capricho pela Maximal Studios. A dublagem do Frank é tão boa e natural que adaptaram algumas de suas piadas para o público brasileiro: ao encontrar um jukebox e ligá-lo, Frank diz “Como assim, não tem Conga, Conga, Conga?”.

Dead Rising 4 não reinventa a roda, mas consegue trazer algumas boas novidades que o deixará bastante ocupado e entretido – principalmente ao ouvir as asneiras do Frank. Correndo com a campanha, dividida em 6 cenas, dá pra terminar o game em menos de 15 horas. Mas se você tiver paciência pra desfrutar deste mundo caótico tomado por zumbis e conspirações, inclusive jogando com amigos no multiplayer – para até quatro jogadores e com missões co-op próprias – irá mais do que ficar satisfeito.

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