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Em Dead Space, Isaac Clarke consegue fugir com vida dos Necromorphs em uma nave, apesar de ter perdido a sua amada Nicole. Antes dos eventos de Dead Space 2, que são contados em Dead Space Ignition, os engenheiros Franco e Sarah são chamados para consertar um elevador em Sprawl, uma metrópole instalada em Titã, uma das luas de Saturno. No game de quebra-cabeças, a dupla descobre evidências de sabotagem ao encontrar um computador de mainframe propositalmente danificado. Enquanto consertam vários sistemas danificados, eles lutam para sobreviver até alcançar o hospital de Sprawl, onde a aventura termina. Isaac acorda neste hospital, na divisão psiquiátrica, sem lembrar o que aconteceu com ele nos últimos três anos. Franco aparece para libertá-lo de um dispositivo que prende seus braços, mas é morto durante a invasão dos Necromorphs no hospital. E assim começa a aventura…

A abertura de Dead Space 2 não poderia ser mais perfeita. Logo nos primeiros minutos você já passa medo, toma sustos, e ainda tem que correr dos Necromorphs sem poder fazer nada. Após os primeiros momentos de ação, você é contactado por Daiana Le Guin, que passa algumas instruções sobre as áreas de perigo e qual caminho você deve tomar para chegar até ela. Daí pra frente, a trama toma rumos inesperados e surpreende o jogador com grandes reviravoltas. A história de Dead Space 2 supera a original em vários aspectos, especialmente pela caracterização do protagonista que, além de dialogar com outros personagens, demonstra seus sentimentos – especialmente ao ser perturbado por visões de sua falecida namorada. No primeiro game, os produtores da Visceral Games não quiseram arriscar dar voz ao personagem com medo de estragar a franquia. Deixar o protagonista mudo é comum nos videogames, justamente para dar ao jogador o controle de tudo, como se encarnasse o herói. Porém, para a trama da continuação ter mais impacto era necessário dar personalidade à Isaac. Felizmente, a mudança funcionou.

Aqueles que jogaram o primeiro game se sentirão em casa com os controles de Dead Space 2, pois nada mudou. A novidade na jogabilidade veio com as novas armas e a possibilidade de voar em locais de gravidade zero. A famosa Plasma Cutter e as armas Line Gun, Pulse Rifle, Flamethrower, Force Gun, Contact Beam e Ripper estão de volta com algumas alterações. Algumas delas possuem um upgrade chamado SPC (Special), que conferem um poder extra à arma. Quanto às novas armas, são elas: Javelin Gun, Detonator e Seeker Gun. A Javelin Gun dispara espetos que podem pregar um Necromorph na parede. Seu botão secundário faz o espeto disparar uma descarga elétrica, enquanto o upgrade especial faz o espeto explodir o Necromorph atingido. A Detonator instala, em paredes e superfícies, uma bomba ativada por linhas de laser. O botão secundário serve para desarmar uma bomba que você instalou, para pegá-la de volta. Por último temos a Seeker Gun, uma espécie de sniper, para atirar a distância. O botão secundário da arma ativa o zoom. Das três novas armas, esta é a mais sem graça e descartável.

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Temos ainda o Stasis, utilizado para desacelerar os monstrengos, e o RIG, dispositivo da sua armadura que determina a energia, ar e dano causado pelos golpes de Isaac. O Kinesis também continua presente, para manipular objetos no ar e até arremessá-los contra os Necromorphs. Diferente do primeiro game, em que havia uma única armadura que mudava de visual conforme você fazia os upgrades (DLCs não contam), Dead Space 2 oferece nove tipos diferentes. Você começa com a Engineering Suit e pega outras quatro armaduras ao longo da aventura, sendo que outras quatro estão escondidas (chamadas de Elite). Como no jogo anterior, o game oferece uma loja (Store) e uma máquina de upgrades (Benq), onde você gasta as Power Nodes. A loja habilita os itens, armas e armaduras conforme você encontra as “Schematics” pelo jogo. Fora isso, você pode adquirir munição e energia matando os Necromorphs. Se os itens não aparecer, basta pisar em seus corpos ou procurar por caixas destrutíveis.

Uma coisa que surpreende em Dead Space 2 é o design das fases. Nenhum ambiente é igual a outro pelo qual você já passou, apesar da maioria ser em ambientes fechados. A igreja, criada por fanáticos do The Marker (o artefato que deu início à invasão alienígena) é um dos cenários que se destacam. Pra acrescentar desafio, há quatro novos Necromorphs para infernizar sua vida: Spitter, que joga ácido à distância e deixa Isaac lento; Pack, que são crianças com garras enormes e atacam sempre em grande número; Stalker, um Necromorph que ataca com rapidez e se esconde; e os Crawlers, bebês cuja barriga está infestado com uma gosma explosiva. Os demais Necromorphs do game anterior estão de volta, inclusive aquele que não morre. No geral, eles estão mais fortes e espertos, portanto use com estratégia as novas armas.

Para a felicidade de muitos, não há mais minigames de tiro. Só há um tipo de quebra-cabeça, bem simples, cujo objetivo é quebrar travas de circuito. Sua mecânica lembra o decodificador de sinal do Batman em Arkham Asylum, sendo que você deve achar a frequência certa com o analógico esquerdo. Fora isso, o jogo é bem linear em sua exploração: ande por uma sala, enfrente vários monstros, colete itens, passe para a próxima sala. De forma alguma isto é ruim, pois mantém o jogador preocupado com os próximos inimigos, uma vez que a munição é escassa. E para entender melhor a trama e o que se passa em cada canto de Sprawl, há arquivos de áudio e texto (logs) para coletar.

Visualmente, o jogo não mudou muito. A real mudança está nos Necromorphs, que parecem ainda mais amedrontadores. Seus movimentos e expressões são mais convincentes, e sua chegada é quase sempre de surpresa. Quando você menos espera, tem um Necromorph em silêncio atrás de você, pronto para te agarrar. Aliás, morrer neste game é tão divertido quanto matar os monstros. Isaac pode morrer de inúmeras formas: empalado por um Necromorph, esmagado por uma porta, cortado por uma hélice, despedaçado por uma explosão, e por aí vai.

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A campanha dura cerca de 12 horas e oferece muita ação e sustos. Apesar de se enquadrar no gênero de horror, esta continuação está mais para um game de ação – o que não é ruim. É interessante ver como a franquia consegue deixar o jogador tenso mesmo ele sabendo como o jogo funciona. Finalizado o singleplayer, entra o inédito modo multiplayer. Nele, os jogadores se enfrentam em dois times, humanos vs Necromorphs, sendo quatro jogadores para cada lado. Os humanos devem realizar alguns objetivos, enquanto os Necromorphs devem detê-los. No lado dos humanos, você joga com a Plasma Cutter, Pulse Rifle e pode utilizar o Stasis. Você ganha novas armas, upgrades e armaduras (14, no total) conforme sobe de level (até 60). Já os Necromorphs ganham força conforme o level. O balanceamento do multiplayer foi feito da seguinte forma: os humanos são mais fortes, mas tem que esperar para renascer no mapa; os Necromorphs podem nascer a toda hora em vários pontos do mapa. São quatro tipos de Necromorphs para escolher: Pack – ataca de perto, dá golpes de garra com força e agarra; Lurker – ataca a distância jogando espinhos, anda pelas paredes; Spitter – ataca a distância com cuspe de ácido, ataca também com fogo; e Puker – vomita nos adversários e ataca com golpes fortes a curta distância. Todos possuem golpe a curta distância.

O interessante de jogar com os Necromorphs é que eles enxergam os humanos a distância através do calor do corpo – você vê as veias e coração pulsando, indicando sua vitalidade (azul ou vermelho). A contagem da pontuação acontece nos moldes de Call of Duty: Black Ops, com pontos de “Assist”, por exemplo. Porém sua fórmula é mais parecida com Left 4 Dead 2. O multiplayer consegue divertir por um tempo, mas deve cair no esquecimento alguns meses depois. Que valeu a pena a Visceral ter criado o modo multiplayer, com certeza valeu. Mas ao meu ver, não precisava.

Dead Space 2 abriu muito bem o ano, oferecendo uma aventura tão empolgante quanto o game original. É prazeroso ver como a história de Isaac Clarke se desenrola diante de um game que poderia facilmente cair em clichês do gênero. Pelo contrário, a trama consegue oferecer reviravoltas inesperadas e apresentar novos e interessantes personagens, como Ellie Langford e Nolan Stross. Se haverá um Dead Space 3, isso vai depender da Visceral e Electronic Arts, pois o jogo encerra sem pontas soltas. Mas nada impede de vermos Isaac lutando mais uma vez contra os Necromorphs. Se isso acontecer, eu estarei esperando pelo game com a mesma ansiedade de antes.

Review – Pepper Grinder

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