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Mirando numa mistura entre visual novel e RPG, o primeiro Death end re;Quest foi um acerto muito bem-inserido no PlayStation 4. A Compile Hearts e a Idea Factory encontraram nisso a fórmula certa para contar uma história forte e não perder o foco do desenvolvimento de sua gameplay. Obviamente, como obteve resultados satisfatórios com o público e com a crítica, correram para produzir uma sequência.

Porém, saindo um pouco mais de um ano depois, será que tinha tanta urgência de se contar uma nova história dentro deste mundo? Ainda mais quando temos tantos jogos que estão seguindo por essa lógica, alguns saindo das próprias empresas que criaram este, como Arc of Alchemist e Super Neptunia RPG. A resposta é um sonoro “não”, mostrando que um raio nem sempre atinge duas vezes o mesmo lugar, mesmo sendo mirado de forma correta.

Duas ideias, um jogo

Death end re;Quest 2 pode ser dividido em dois grandes atos distintos. De um lado, você terá de acompanhar a vivência da jovem Mai dentro do colégio interno de uma cidadezinha do interior. Lá, você terá de enfrentar as durezas do dia-a-dia, lidando com situações com as demais alunas e residentes, formando laços mais fortes com todos ali enquanto busca por pistas de sua irmã perdida.

Porém, quando o relógio bate em meia-noite, não tem segredo. A cidade é encoberta pelas trevas e vários monstros vivem ali espalhados na sociedade. Mesmo sendo proibidas de sair à noite, Mai e suas amigas partem para a ação no clássico RPG que já conhece. Ainda que contenha uma exploração linear e monstros que não saem da mesmice, a fórmula do combate de trazer a arena como um dos principais elementos ainda é muito boa e divertida.

Imagem do review de Death end re;Quest 2
A exploração é linear e não te dá muitas opções no caminho.

Uma das coisas que eu mais achei bacana foi o formato de combos adotado no game. Você pode desferir até três técnicas diferentes no inimigo e, conforme avança de nível, acaba aprendendo novas e mais fortes do que já tinha. Porém, se você consegue fazer uma combinação especial, pode até mesmo aprender outras durante a batalha e já sair usando. Isso me lembrou bastante Legend of Legaia, do primeiro PlayStation, e me chamou bastante atenção.

Já no meio desses caminhos, há escolhas que são feitas e te movem pela narrativa. Ou deviam, para ser mais sincero. Falando a real, elas não abrem nenhuma brecha para ramificações da história de Death end re;Quest 2. O máximo que pode acontecer é você tomar um caminho errado e ele acabar em morte, te forçando a voltar seus dados salvos e escolher o lado certo. E falo com propriedade, ao menos algumas fiz isso de forma proposital e foram exatamente neste rumo.

Imagem do review de Death end re;Quest 2
No título, as escolhas não te deixam muito livre para decidir o futuro.

Em questão de jogabilidade, ele é exatamente a mesma coisa do primeiro game e isso também é um incômodo. Death end re;Quest mudou a cara, o ambiente e a história, mas é como desenvolver o mesmo projeto com uma outra skin. Além de repetitivo, você percebe que não foram criadas mecânicas diferentes para mostrar uma evolução na série, é literalmente os mesmos movimentos, combates e tudo que você já viu na tela. São pouquíssimas novidades que justifiquem a nova saga.

Death end re;Quest sem novidades

O que realmente marca é a diferença gritante de cenários entre ambos os jogos. Enquanto o primeiro marca a aventura de Shina Ninomiya num mundo digital, este traz Mai Toyama, uma garota que apenas anseia em encontrar sua irmã perdida. Após matar o seu próprio pai, ela parte numa jornada para encontrá-la no último lugar que teve indícios de sua estadia, a tal cidade.

Imagem do review de Death end re;Quest 2
A religião é o que prevalece nessa pequena cidade.

Cheio de gore, cenas pesadas são o que não vão faltar na sua experiência. O que o anterior também possuía, foi intensificado com a participação do escritor Makoto Kedouin, da franquia Corpse Party. Não se espante em ver ferimentos graves, sangue e membros cortados em sua frente. Nem com a presença de monstros tão bizarros e gosmentos que incomodarão até quem tem estômago preparado.

A única coisa que causa desconforto é o imenso fanservice que Death end re;Quest 2 carrega. Por Mai viver num dormitório cheio de garotas, não é incomum o roteiro jogar uma para falar dos atributos físicos da outra, ou cenas que valorizem os corpos dessas meninas. Certo que no Japão a cultura é diferente e existe o famoso “não gosta, não compra”, mas, meus amigos, elas são crianças. No máximo com seus 13, 14 anos. Não é legal, de verdade.

Imagem do review de Death end re;Quest 2
A valorização do corpo de crianças não é legal, amigão.

Além disso, toda a parte de exploração dos terrenos da escola e diálogos de Death end re;Quest 2 são completamente arrastados e, muitas vezes, sem sentido algum. Mais para o meio da história que alguns detalhes daquilo vão se tornando em algo relacionado diretamente com a história de Mai, porém até chegar lá foi um sofrimento. Confesso que toda vez que retornava para o colégio era como se eu tivesse jogando um game muito mais chato do que quando estava batalhando contra os monstros. São duas sensações muito distintas.

Mesmo com uma narrativa forte e bem-desenvolvida e personagens muito interessantes e cheios de vida, tudo no jogo soa como o mesmo do anterior. Igualmente o Glitch e a mecânica de KnockBack, tudo está lá da mesma forma, intocável. É impossível não associar um do outro, não por apenas ser uma sequência direta e ter várias referências, incluindo a participação da protagonista do primeiro neste. Mas, depois de um ano do lançamento original, mal tiveram tempo de adicionar algo que realmente fizesse a diferença.

Death end re;Quest 2 tinha tudo para manter o sucesso e alcançar patamares mais altos para a franquia, porém o que parece uma decisão apressada botou tudo em cheque. A fórmula funciona, o jogo é ótimo, mas caso você não tenha jogado o primeiro. Se já se aventurou nessa saga antes, o melhor a se fazer é aguardar por melhorias futuras para os próximos jogos da franquia. Esperar por um terceiro pode ser mais justo.

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