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A Maldição das Cinzas chega àqueles que mais precisam. Quatro desajustados recebem os poderes nos momentos de maior necessidade. Uma força extra se empodera deles no momento de enfrentar aquilo que mais os agride e permite com que sejam a manifestação terrena da Vingança.

Saindo do early access, Deck of Ashes, o mais novo lançamento da AYGames e publicado pela Buka Entertainment, é um jogo adventure misturado com deckbuilding e combate tático. Explorando o mundo, visitando novos locais e destroçando os malditos que cruzem seu caminho, expurgue o mundo da Maldição das Cinzas.

Cheirando as cinzas

Deck of Ashes nos coloca nos sapatos de 1 entre 4 desajustados. Pessoas perdidas em busca de se vingar das injustiças que os cercam. Porém, como Vito Corleone já nos mostrava, a vingança é um ciclo de dor interminável. Onde a dor que se busca devolver, causando aos que lhe agrediram, não sai de você, só se multiplicando e mantendo aumentando a trilha de doces de destruição.

Imagem de Deck of Ashes
Escolha alguém do seu tamanho!

Cada personagem tem uma história prévia intensa, repleta de dor e ressentimentos que permitiu a chegada da Maldição das Cinzas. Por meio dela pode haver uma resposta e uma libertação, contudo, a dor constante após atormentou a todos. A esperança trazida pelo Mestre das Cinzas é de um último trabalho para se ver livre da Maldição.

Munido de um baralho próprio, o personagem tem logo no início a possibilidade de passear pelo seu acampamento, interagindo com o Mestre, a Herbalista, o Armeiro e o Comerciante. Fazer compras de receitas de cartas, forjar cartas, comprar itens. Todos elementos essenciais para aprimorar o personagem para enfrentar cada uma das jogatinas, mas não se engane, todos os seus esforços serão em vão caso morra, já que Deck of Ashes possui permadeath.

Além dos itens, no acampamento podemos utilizar os NPCs para aprimorar características mais contundentes no personagem, como mais pontos de meditação, melhorar as taxas de comércio ou traços de comportamentos permanentes durante os combates.

Imagem de Deck of Ashes
O dia-a-dia da família tradicional brasileira e do cidadão-de-bem.

Saindo do acampamento, é hora de desbravar o mundo. Cada seção é dividida em mapas com pontos que podemos visitar. Os locais são divididos em simples, combates, mistérios, portais e dungeons. Nem todos os trechos possuem caminhos os conectando, portanto é necessário pensar um pouco a frente sobre onde ir em cada momento, pois cada movimentação demora uma hora e pode ativar a caça do chefe da seção – o grande chefe de cada um dos atos de Deck of Ashes.

Os eventos possuem uma leve descrição textual e, na maioria dos casos, duas opções a serem escolhidas. Afetam situações que envolvem o combate, criação de cartas ou a presença de algum dos NPCs do acampamento por algumas horas. Durante os primeiros mapas, acaba que, a não ser por poucos efeitos mais drásticos, não chegam a impactar perceptivelmente a jogabilidade.

O combate é o grande foco do jogo. Separado por turnos, em cada um recebemos uma mão de cartas com variados custos em mana e temos nossa base inicial de mana que se recupera a cada turno. A combinação entre os inimigos e o custo-benefício de cada carta monta a estratégia do jogo de forma divertida e complexa.

Imagem de Deck of Ashes
Sempre importante saber o que enfrentar pelo mundo.

Ao utilizar uma carta, ela é queimada e vai para a pilha de descarte, as não utilizadas tem a opção de serem retornadas ao baralho ou mantê-las nas mão. Escolher quais vão e quais ficam é essencial na construção do fluxo de combate e no alcançar dos objetivos. Conforme as cartas do baralho terminam, começam a aparecer sacrifícios, onde podemos sofrer um dano considerável e recuperar um bom bocado de cartas para nosso baralho novamente, permitindo dar continuidade à batalha.

Vendetta!

Vencendo a luta, a estratégia ainda não pode ser colocada no bolso. Entre os danos sofridos e as cartas queimadas e ainda não recuperadas, precisamos selecionar o que fazer: com um determinado número de pontos de descanso, podemos escolher entre gastar 1 deles para recuperar 10 pontos de vida ou recuperar uma carta. Portanto, caso tenhamos perdido muita vida e o tempo para recuperar as cartas não tenha sido suficiente, adentrar o próximo combate já será muito mais difícil do que o desejado, possivelmente obrigando uma visita ao acampamento.

Adentrar nas dungeons é ver um microverso do mapa padrão, tendo pontos para visitar – porém mais limitados – e sem a possibilidade de escapar antes de encontrar o dono da coisa toda. Ou correr de volta para a porta como um cão com o rabinho entre as pernas. Por ser um grau acima de dificuldade pela intensidade constante e cheia de armadilhas, é necessário que se escolha o melhor momento para visitar estes perigos.

Imagem de Deck of Ashes
Crescimento claro é um fator sempre agradável.

Depois de muito zanzar pelos mapas sem lá muito o que se fazer, o chefe de ato finalmente nos encontra. Essa sim é uma batalha com um salto de dificuldade extremo. Caso não se tenha tido a preparação devida, já pode se chegar na luta de costas para facilitar o caminho de volta – no caso, no caixão. Os chefes possuem características muito específicas e exigem adaptação considerável, além de calma e sangue frio.

A parte gráfica de Deck of Ashes me traz emoções mistas. Ao mesmo tempo que alguns personagens e cartas trazem detalhamento e cuidado na criação, a sensação geral fica de que todos os outros elementos foram deixados de lado ou não tiveram tanto tempo à disposição. Com isso, o sentimento geral é de desapontamento, ainda mais porque um dos pontos de venda fortes do jogo é a parte visual. Bom… Eles vendem como um visual estranho e, de fato, é.

Imagem de Deck of Ashes
Desde o início dos tempos, o preconceito com os místicos.

O que me incomoda bastante em Deck of Ashes é a interface crua e genérica, perdendo muito peso contra os detalhes em outros pontos. Além disso, por mais que seja interessante que o jogo tenha pontos dublados, durante a jogabilidade algumas frases extremamente altas pulam sem necessidade alguma.

A performance do jogo ainda peca frequentemente. Por mais que meu PC tenha capacidade de rodá-lo tranquilamente, ao menos uma vez por luta, o jogo parava por 1 ou 2 segundos entre os turnos, aparentemente, para compreender o que tava acontecendo, o Tico conversar com o Teco, ou sabe-se lá o que.

Imagem de Deck of Ashes
Eu acho que esse jogo se passa na Austrália.

Por fim, Deck of Ashes é uma aventura divertida, porém mescla momentos emocionantes com trechos intermediários – e frequentemente mais longos – tediosos e repetitivos sem muito direcionamento. Contudo, ainda tem pontos divertidos e a sensação de progressão é agradável.

Imagem do review de Dicefolk

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