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2020 é um ano e tanto para se estar vivo. Além de toda a história que estamos vendo sendo escritas diante de nossos olhos, a indústria de games parece fazer questão de acompanhar tudo isso à altura. Tudo bem que a nova geração de consoles é o assunto do momento, mas não podemos esquecer que neste mesmo ano vimos um novo Streets of Rage, um remake de Alex Kidd e agora um novo Desperados. Tem como ficar mais doido que isso?

Desperados é o famoso “Commandos do velho oeste”. O segundo jogo foi lançado há 14 anos e é bem provável que ninguém esperava que um dia o terceiro veria a luz do dia, mas cá estamos nós. Realmente, é um ano de reviver franquias esquecidas e creio não existir nada mais esquecido que uma série de RTS com temática western.

Vivo ou morto

O terceiro título dessa inusitada trilogia é um pre-sequel, então veremos todas as desventuras do infame John Cooper e sua gangue em fatos que antecedem o primeiro jogo, Desperados: Dead or Alive. Digamos que o jogo não possui uma narrativa tão direta, pois cada capítulo conta alguma peripécia de sua vida e vai introduzindo novos personagens para seu bando, dentre eles o Doutor McCoy (não, não é o do Star Trek), a noiva em fuga Kate O’Hara e vários outros personagens únicos e interessantes.

Desperados III é um RTS totalmente das antigas que faz jus aos seus antecessores. Sua ação é rápida, mas extremamente estratégica (como deve ser) e com foco no stealth, então ainda que exista a possibilidade de fazer fama como pistoleiro, você precisa ser furtivo e calcular muito bem cada movimento para não morrer a cada dois minutos.

Só congelando o tempo você pode atirar em mais de um alvo simultaneamente.

Seremos colocados nas mais diversas situações, mas todas que ainda se prendem aos eternos clichês do velho oeste – e é claro, sempre tendo alguma gangue de foras da lei malvados envolvidos na história. Teremos que invadir minas de ouro, arranjar brigas de bar, trocar tiros em uma igreja e tudo que você provavelmente já fez em Red Dead Redemption, só que sob uma ótica mais estratégica.

Cada personagem possui suas próprias habilidades, então você precisa aprender a fazer bom uso de cada um sem muitas cerimônias, apenas explorando o que ele tem a oferecer. Ainda contamos com uma função de congelar o tempo e traçar todo um planejamento: escolher onde cada personagem vai se posicionar, o que ele vai fazer, qual inimigo atacar etc. Esse é um ótimo jeito de administrar as ações de mais de um personagem sem deixar nenhum de fora, explorando ainda melhor as capacidades de cada um.

Felizmente, o jogo é bem intuitivo de jogar até mesmo em um joystick (o que pode parecer um absurdo para os fãs mais hardcore de RTS) e os tutoriais são bem explicativos, então até quem não é familiarizado com o gênero consegue aprender numa boa. A parte ruim é que as letras são minúsculas, então até em uma TV grande é difícil conseguir ler tudo, o que não é nada bom, pois também dificulta a leitura das legendas, podendo interferir no seu entendimento da história.

Ataque sincronizado de respeito.

Que tipo de cowboy é você? 

Desperados III dá bastante margem para tentativa e erro, então você pode fazer quantas burradas desejar – desde que não se esqueça de salvar o jogo! Aqui você pode salvar a hora que quiser e sempre que fizer algum erro ou acabar morrendo, pode retornar do momento exato em que salvou. Isso é essencial para aprender com seus erros, ainda mais se tratando de um jogo de estratégia em tempo real.

Todas as fases possuem mais de uma forma de serem vencidas, então você não está fadado a usar uma abordagem stealth o tempo inteiro. Em diversos momentos, você vai se deparar com situações únicas que vão colocar a sua moral em jogo. Uma gangue de foras da lei está assaltando um trem e, para o seu azar, você precisa passar por eles para chegar até o objetivo. No caminho, você encontrará várias pessoas inocentes que estavam naquele trem sendo usadas de reféns. O que você faz? Se aproveita que os bandidos estão distraídos para seguir em frente ou se arrisca para matar todos e libertar a galera?

Acho que me dei mal…

Todos esses dilemas são ótimos para nos deixar mais imersos naquele mundo e nas atitudes dos nossos personagens, criando um sistema de karma “psicológico”. No final, o que você decide fazer não importa muito, só vai desencadear alguns diálogos opcionais entre os personagens, mas no fundo você vai se sentir culpado ou feliz por ter feito aquelas escolhas.

Cada fase é um verdadeiro puzzle a ser resolvido e o mais legal disso tudo é que, na maioria das vezes, você provavelmente vai conseguir resolvê-los descobrindo novas abordagens por acidente. A variedade de capítulos, assim como da ambientação de cada um, que vai de cidades a pântanos, ajuda o game a se manter interessante do início ao fim. Quem já é acostumado com RTS provavelmente vai tirar o jogo todo de letra, por isso creio que os novatos terão uma campanha mais duradoura devido aos desafios.

Desperados III é um retorno um tanto seguro dessa franquia que aos trancos e barrancos conseguiu formar uma trilogia. Os fãs de jogos de estratégia vão adorar e os que gostam de velho oeste vão gostar mais ainda. Não é todo dia que vemos um novo Desperados sendo lançado, então é melhor aproveitarmos muito bem esse momento.

Review – Pepper Grinder

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